Na maior parte do tempo eu era Marylin Hastings, a futura herdeira do trono. Oque restava do tempo livre eu podia fazer uma das minhas coisas favoritas.Ser apenas eu, Mary Hastings, uma garota que fingi ser normal. Não que de muito certo. Sempre desejaram muito de mim. Pessoas normais erram o tempo todo. O fato de eu ser uma princesa não significa que não erre como todo mundo. Mas foi pra isso que eu fui criada. Para justamente não errar. Ser princesa tem os seus momentos fabulosos, como os vestidos, eu amo cada um deles, e a maioria deles foi eu mesma quem desenhei. Graças às aulas de Frederick, um dos melhores estilistas da província, aprendi a desenhar os vestidos que eu quisesse,não que eu fosse obrigada a isso, era apenas um hobbie, um dos hobbies favoritos. Talvez se eu não for uma boa rainha posso ser uma estilista muito famosa lá fora. Sorri pensando na hipótese. Não que eu tivesse essa opção.
Sempre quis ter uma vida normal,nunca deixei de imaginar como seria poder jogar bola na areia, vestir calças jeans para o jantar, ter meus cabelos coloridos, sem ser completamente julgada, ou filmada, por isso. Quando se é criança todas as garotas sonham em ser princesas, como nos contos de fada, mais isso não é nada divertido como nas historinhas.
-Marylin, você está atrasada para sua aula de balé.
A rainha entrou no meu quarto me tirando do único lugar que eu realmente tinha privacidade. Meu pensamento. E olhe la.
-E que roupa é essa, nessa hora do dia?
-É apenas um short mãe, já ia me vestir para aula de balé.
Eu adorava o balé, assim como adorava meus vestidos. Era como praticar ioga, extremamente relaxante, mesmo com todas aquelas dores, por isso pedi para estender os horários, antes eram apenas três vezes na semana, agora eu faço uma hora todos os dias, mas apenas às terças e quintas tenho companhia dos amigos bailarinos.
Todos realmente dançam muito bem. Talvez eu seja um pouco melhor por dançar todos os dias, só talvez, todos são extremamente bons. Eu me esforçava para aquilo, e era bom ver que meu esforço valia a pena.
As coisas no castelo não iam das melhores, o problema desde o começo sempre foram os rebeldes, alguns grupos que passavam a maior parte do tempo arranjando um jeito de destruírem o castelo, de nos destruírem. Pelo que sabemos há três grupos deles, o terceiro é o que mais nos dá medo. Eles são perigosos, o primeiro grupo lutam apenas pelas leis, pelos direitos iguais a todos. Na província pessoas são rotuladas o tempo todo, devido as classes, classe alta, classe média e classe baixa. Existem prioridades para as duas primeiras classes, deixando os de classe baixa totalmente de lado. Não que isso fosse nossa culpa. Tentamos ao máximo acabar com esses rótulos , mas as pessoas não ajudam, elas mesmas se deixam ser rotuladas.
Ao final da aula de balé, pude ouvir o alívio de um dos bailarinos, era Tayler, ele entrou a pouco tempo, mas demonstrou que devia estar ali, Jenna também é muito boa, na verdade não converso muito com nenhum deles, talvez eles tenham um pouco de medo de me dirigir a palavra.
-Olá, você dança muito bem.
Sorri cumprimentando Charlie.
-Obrigada princesa, fico lisonjeado que pense assim. Sorriu.
Fingi não notar seu olhar de surpreso, apenas enxergando a serenidade de um novo garoto.
Sorri.
-Preciso ir. Até a próxima. Como princesa era meu dever cumprimentar todos os novatos, porém ainda não havia falado com Tayler.
***
Depois de quase 1 hora no banho sai da banheira deixando Liza me ajudar com o vestido. Percebi que estava atrasada para o jantar.
-Talvez eu me atrase só mais um pouquinho.
-Como todos os dias senhorita.
Não pude conter a risada. Se tem uma pessoa no mundo que amo é Lisa. Ela trabalha no castelo a mais ou menos cinco anos, ela entrou quando Marisa teve que ir embora.
Me sentei na cadeira de costume ao lado de Charlie, ele só é um ano mais novo que eu, do meu outro lado estava Amélia.
O clima estava pesado, não que ninguém tivesse me dito, pude notar o olhar sério de meu pai,eu o conhecia como ninguém. Não comentei nada, não queria que as crianças Richard e Paige, ouvissem, eles eram os menores. Gêmeos, 8 anos. Eu amava cada pedacinho daqueles dois. Não conseguia ficar brava quando acordava no meio da noite com Richard deitado do meu lado, ou mesmo quando Paige pegava minhas tiaras favoritas.
Sorri ao perceber o olhar de Sr Clarke, às vezes eu deixava meus bons modos de baixo da cama. Sr Wendew Clark já foi um guarda muito importante, então meu pai o reconheceu como seu braço direto, Sra Emily, cozinhava para o castelo, como esposa de Sr Clark se tornou Condessa também. Eles tiveram dois filhos, um garoto, Ian,dois anos mais velho que eu , ele quase nunca estava em casa, e o máximo que já conversamos foram os primeiros modos, e Amélia bom, ela era o contrário de Ian, ela também tinha a minha idade. Quando se é uma princesa, sempre é admirada por todos, ou seja eu cresci rodeada de amigos, por onde eu ia todos queriam ser meus amigos, mas na maior parte do tempo me sentia chateada com isso, nunca tive um amigo de verdade, que realmente se importasse comigo, apenas Amélia, me apaixonei por ela assim que a vi, com meus 6 anos de idade, assim como me apaixonei por Emily quando comi aquele primeiro pedaço de torta de chocolate.
Amélia sorriu pra mim, estava radiante como sempre, infelizmente não pude vê-la na aula de balé, ela não achava tão legal assim como eu, por isso ia apenas nas aulas com todos, e hoje arrumou uma maneira de faltar.
Ao final do jantar, Amélia e eu fomos as últimas a sair da sala de jantar, seguimos rumo à meu quarto quando notei ao subirmos a escada para o terceiro andar que meu pai já se encontrava no escritório.
-Amélia, você pode me dar 5 minutos? Pode me esperar no meu quarto se quiser.
Amélia assentiu sorrindo.
Fechei a porta vagarosamente depois de entrar e me senteia cadeira enfrente a meu pai.
-Oque houve papai? Pude notar que estava sério o jantar inteiro.
- Ah Mery, às coisas andam tão complicadas ultimamente.
Abaixei a cabeça, eu entendia oque ele estava dizendo. As coisas não andavam bem a meses. Meu pai não conversava muito disso com minha mãe, ele a amava tanto a ponto de não gostar de deixa-la preocupada.
-Recebemos uma carta querida.
Morreram duas pessoas da classe média, tudo indica que foram pessoas da classe baixa, ou até mesmo os rebeldes. Atearam fogo em uma casa, e haviam duas pessoas lá dentro.
Abaixei a cabeça cabisbaixa com oque havia acontecido. As coisas só pioravam a cada dia.
-Papai vamos dar um jeito nisso, eu prometo, te ajudarei no que for preciso. E sabe eu estava pensando, poderíamos criar uma nova lei, que diz que todos devemos ser tratados da mesma maneira, que todos somos qualificados para qualquer emprego, não só os classe média podem ser guardas, todas as classe, e quem desobedecer a lei, tratando um classe baixa mal, ou até mesmo um classe baixa tratar um classe alta com desprezo, serão julgados por isso. Só precisamos pensar em como esboçar a lei.
-Talvez isso seja uma ótima ideia querida, mas o processo é longo, e precisamos arranjar um jeito de parar com tudo isso por enquanto.
-Nós vamos dar um jeito nisso papai.
Disse o abraçando.
-Ah, querida você acha que dá conta de abrir com discurso sobre o ocorrido amanhã no JornalReal?
Ele disse quando já estava saindo.
-Claro papai.
Eu não gosto nem um pouco dos discursos, e não tinha a mínima ideia de como começaria, mas eu o faria.
***
Sorri com olhar de Castiel quando me sentei em meu devido lugar ao lado de minha mãe, depois do discurso sobre o ocorrido.
Digamos que eu tenha me saído bem, apesar de estar realmente triste pelo que aconteceu. Anunciei também a festa de comemoração dos 9 anos de meus irmãos, onde todos eram convidados. Ficaram entusiasmados com a noticia.
Este ano quem preparará todas as coisas sou eu, o primeiro ano que me deixam fazer alguma coisa sem que realmente não precise de pessoas conferindo o tempo inteiro.
Minha mãe tentava ao máximo me ensinar tudo oque ela sabia, mas percebeu que eu realmente estava pronta para todas aquelas coisas que ela passou tanto tempo me ensinando.
Ela é uma ótima mãe, não posso culpa-la por não ter passado mais de seu tempo comigo, digo, seu tempo livre, haviam muitas coisas importantes que precisavam dela, como as visitas nos hospitais da província, nos orfanatos, nas escolas, como naquela vez que ela realizou o sonho de um garotinho de 11 anos que sempre quis ter uma festa de aniversário, ou da outra vez que saiu pra comprar máquinas novas para as unidades de saúde, eu me orgulho dela, assim como quero que ela se orgulhe de mim algum dia. Emily sempre foi como nossa segunda mãe, sempre esteve em todos os momentos, ela foi e continua sendo a melhor amiga de minha mãe. Esteve comigo e me ensinou junto de minha mãe a fechar o meu primeiro espartilho, logo me orgulhei de poder ensinar Amélia.
Tínha 11 anos, era nosso primeiro baile, Amélia era apenas 2 meses mais nova, lembro me bem de que ela escolheu a tiara que eu usaria, e emprestei a minha melhor tiara a ela. Confesso que nem parecia eu a princesa. Ela ficou tão feliz, eu sabia que aquele momento era tão importante pra ela quanto pra mim.
Amélia e eu éramos muito parecidas. Apesar do muito que me ofereciam eu sempre gostava do que era mais simples.
***
Uma semana se passou, e quase não ouvimos falatório dos rebeldes, os andamentos para o aniversário de Paige e Richard estavam indo muito bem e eu estava feliz por isso, por outro lado estava preocupada com o silêncio perturbador que os rebeldes faziam, estava com medo de estarem tramando alguma coisa para o grande dia, afinal seria fácil a entrada deles, qualquer um entraria no castelo, por outro lado isso é tolisse, teriam vários guardas e estaríamos a salvos. Me via repensar nessas coisas a semana toda, e com a viagem de meus pais para convocação dos governos para a nova lei me via sosinha e ainda mais preocupada com tudo aquilo.
Tinha outra coisa que me afetava também. O meu aniversário de 18 anos, eu ainda me achava nova para me casar, mas essa tradição vinha de geração a geração e todos pareciam mais empolgados do que eu, eu estava com medo, seria otimo me casar com um príncipe se eu realmente estivesse apaixonada por ele, mas e se eu não me apaixonasse por nem um deles a tempo, seria horrível me casar com um estranho. O caso era que toda princesa, futura herdeira do trono ao completar 18 anos passa por uma seleção, que inclui 5 príncipes de províncias diferentes e 15 rapazes de sua província. Esses príncipes e esses rapazes são selecionados, devem ter entre 18 a 22 anos, se hospedam em seu castelo e convive com a princesa por 5 meses para no final ela escolher apenas um. Eu não me imaginava nem saindo na rua sosinha, quem diria me imaginar casando.
-Mary?
Paige e Richard me chamaram me tirando do transe.
-Procuramos você por toda parte.
Eu quase nunca ficava sosinha, naquele dia estava em uma das salas de estar do terceiro andar, deitada em uma das poltronas cor champanhe.
-Podemos ter pula pula e um palhaço que faz malabarismo, e aquela coisa com fogo? Disse Paige.
-E também queria aqueles carrinhos com algodão doce. Richard falou mais alto.
-Claro crianças, amanhã chamarei vocês bem cedo para me ajudarem com os preparativos tudo bem?
Sorriam, os sorrisos pelo qual eu faria tudo.
Logo, Amélia se aproximou.
Eu havia me esquecido completamente de que havia me oferecido pra ajuda-la a se arrumar para seu primeiro encontro, bom seu primeiro encontro formalmente. É claro que ela já havia tido vários outros encontros, e posso dizer que eu também, mas ninguém nunca ficou sabendo, claro, assim espero. O nosso primeiro encontro foi no natal em que tínhamos 14 anos, tinham dois garotos, eles estavam juntos, estávamos entediadas de ficar olhando todo aquele movimento sem que pudessemos nos divertir também, então dissemos que íamos dar uma volta, e por incrível que pareça encontramos os garotos la fora, no jardin do Castelo. Ficamos juntos a noite toda desde então. Quando nos perguntaram dissemos que eram só novos amigos. E ninguém nunca perguntou mais nada sobre eles. Foram com eles nosso primeiro beijo, éramos tão amigas que o nosso primeiro momento foram juntas.
-Eu estava procurando você, então ouvi Paige e Richard.
-Desculpa Amélia, eu havia me esquecido completamente.
