Capítulo 2

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JOSH


Me olho pela vigésima vez no espelho do meu pequeno banheiro dentro do escritório, eu acho que foi uma péssima ideia querer sair.

Terminei o trabalho as seis horas, e dispensei todos os funcionários, aproveitei que o lugar estava vazio e levei um litro de Whisky até minha mesa para poder relaxar em paz, combinei com Scott as onze, ele disse que eu não precisaria ir buscar, que ele viria até aqui, então eu teria que arrumar algo para passar o tempo. Whisky sempre foi uma ótima companhia para mim.

E qualquer coisa serve para que minha mente fique ocupada, tenho um costume horroroso de pensar coisas fúteis quando estou no tédio, e uma dessas coisas são as lembranças do passado. E pensar que é por causa dessas lembranças que me afundei, mas não consigo evitar, enquanto eu visto a máscara de CEO indestrutível está tudo certo, mas quando estou só, o verdadeiro Josh aparece.

O Josh quebrado, o Josh arrependido o Josh bastardo que estragou a própria vida pensando que estava fazendo a coisa certa.

Será que seria diferente se eu tivesse impedindo aquele acontecimento? Eu e Emma ficaríamos juntos? Ela magoaria Matt para ficar comigo? Eu nunca saberei, ela deve estar agora na casa dela, suponho que sentada no sofá descansando do dia exaustivo de trabalho. Talvez esteja casada, garotas como Emma são raras e nenhum homem seria idiota a ponto de deixá-la por ai livre.

você Josh — parabéns idiota.

Não acredito que ela tenha filhos, sei que ela sonha em ter, mas não quero imaginar ela olhando para a criança e lembrando de seu marido, que sei que tem muita sorte. Droga Josh, beba e pare de pensar merda.

E faço, pego o copo e viro num só gole, o primeiro gole desce queimando a garganta, mas quando dou o segundo mais parece uma anestesia, o gosto se torna agradável e isso faz com que eu queira mais.

Quando já estou no quinto copo a porta se abre, não ergo a cabeça para descobrir quem é, e nem a pessoa fala nada. Facilite minha vida caralho.

— E não é que aquele puto acertou. Não acredito que perdi cinqüenta pratas, valeu mesmo Josh — ergo a cabeça e vejo um sorriso arrogante brilhar na boca dele.

— Do que caralhos você está falando, William? — ele dá de ombros.

— Apostei com Scott que você não estaria com um litro no meio das pernas chorando a mágoa de novo, você me deve cinqüenta pratas seu alcoólatra.

— Azar o seu... — tento alcançar o litro que inexplicavelmente se afastou de mim, mas William é mais rápido e acaba tirando de minha disposição — O que você está fazendo aqui?

— Scott não quer que você fique sozinho, então estou aqui para cuidar de você, nenhum whisky entra ou sai dessa sua boca.

— Não preciso de babá — ele revira os olhos, mas aquele sorriso filho da puta continua lá.

Esse bastardo só pode ser melhor amigo de Scott, eu mereço mesmo.

— Se preferir, não me chame de babá, me chame de... Observador de cachaceiros, gostei. Você não?

— Que porra eu estou fazendo que continuo dando moral para você e Scott?

No limite do Desejo - Série Mitchell | Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora