Escuridão. Frieza. Silêncio. Solidão. Sozinha há algum tempo, ela não tinha expectativa de nada. Havia desistido. A única maneira de ter um pouco de luminosidade dentro do cubículo em que ela se encontrava era apenas quando alguém abria uma pequena abertura no meio da porta. Esse era o momento para ela receber comida - uma comida bastante ruim por sinal.
Fazia algumas horas que ninguém aparecia para alimentá-la nem dar um pouco de água. Será que eles haviam desistido dela também, assim como ela havia desistido de si? Será que queriam matá-la de fome e sede? Afinal, quem eram eles? Um sinal soou. A porta destrancou. Alguém entrou. O medo tocou conta dela, ela sentiu um arrepio percorrendo sua espinha.
Quem são eles? Eles nunca entraram aqui. Eles vão me matar. Eles vão me matar.
Usando uma roupa verde e com um capacete, alguém entrou na sala. Parecia uma espécie de traje especial. Portava uma arma na mão. Ela, por instinto, vai apressadamente para o mais longe possível dele. Parecia um animal medroso pronto para ser abatido.
- Calma, mocinha. Você não precisa ter medo - disse o alguém, na posta do cubículo.
Com medo, ela para. Pensa. Ela sabia que essa poderia ser uma das poucas chances da qual ela teria. Quando ele está chegando perto, ela chuta a arma. Ele olha para ela e, em seguida, para a arma. Percebendo o que ela havia feito, ele a chuta algumas vezes. Os chutes do agressor foi como um choque de realidade. Ela não poderia desistir tão facilmente. Ela poderia conseguir. Ela fingiu desmaiar. Era uma chance. O medo e a esperança tomavam conta de seu corpo. Aproveitando que o "alguém" acreditou em seu teatro, ele tentou levantá-la. Ela o mordeu como uma selvagem. Mordeu com toda a força que pôde. Ele a soltou.
- Sua vadia! - gritou.
Ela correu. Ele a agarrou ao perceber o que ela queria fazer. Porém, a mordida no braço ajudou-a. Ela conseguiu se desvencilhar dele, pegou a arma e apontou-lhe. Ela conseguira. Ela teria uma chance. Pensou em seus amigos, pensou em sua família. Era queria poder ter uma chance de voltar para casa.
- Quem é você?! Quem é você?! - disse nervosa. - Me diga ou eu atiro, porra! - ela disse, cheia de raiva e medo.
O seu coração nunca havia batido tão rápido. Ela estava tomada pela adrenalina. Queria fugir, mas para onde? Ela estava no espaço. Perdida. Completamente perdida. Ela ouviu alguém se aproximando, mas, antes que pudesse atirar no agressor, o "alguém" apertou um botão em seu traje. O alerta soou. Ela atirou. Num completo silêncio, ele caiu no chão. Ela correu. Fugiu. O alarme tocou conta de si. Ela estava nervosa, ofegante, assustada.
Havia vários corredores. Várias salas fechadas e, consequentemente, trancadas. Ela poderia ser pega a qualquer momento. Entrou numa sala. Respirou fundo. Ela suava frio. Sabia que não tinha muito tempo. Em sua frente estava a Terra, ela conseguia ver seu planeta através de um enorme vidro. Também havia um painel de controle. Era a sua chance. Ela foi até lá, observou atentamente o painel, mas não demorando muito, pois a qualquer momento ela poderia ser pega.
Pensa, Kim! Pensa, Kim!
Olhando para uma tela que parecia informar a frequência no envio de mensagem, ela resolveu redigitar os números. Ela só teria uma chance. Poderia mandar uma mensagem para a Terra e pedir ajuda, ou informá-los que algo estava errado, mesmo sabendo que eles já deveriam saber disso. O alarme continuava soando, provavelmente ela estava sendo caçada. Ela só tinha alguns minutos.
5 minutos...
Com os olhos atentos, ela conseguiu chegar a frequência certa, mas havia uma interferência. Ela não sabia dizer o que estava acontecendo. Ela não poderia demorar mais, tinha que ser agora.
4 minutos...
- Aqui é a Kim Fidelis. Alguém consegue me ouvir? Aqui é a Kim Fidelis. Preciso de ajuda. Alguém consegue me ouvir? Socorro!
3 minutos...
Ela houve um barulho. Seu coração acelera. Ela, nesse momento, está completamente aterrorizada. O que ela encontrará aqui, nesse lugar. O que eles querem com ela?
2 minutos...
A porta é destrancada. Homens de preto com armas entram na sala. Todos eles apontam a arma para ela.
1 minuto...
Ela havia sido pega. Dessa vez, parecia que não tinha mais volta. Ela solta o comunicador e levanta as mãos.
- Kim, parada ou você morre. Desligue esse comunicador agora.
Ela conhecia aquela voz. Era uma voz conhecida. Será que havia sido salva? A esperança toma conta de si. Seu corpo é tomado por uma alegria instantânea.
- Emily? É você? - Kim pergunta. - O que você está fazendo aqui? Você me prendeu?
Ao terminar de falar isso, o comunicador faz alguns ruídos. E uma mensagem pode ser ouvida por todos.
"Kim, aqui é a Emily. Kim, você me ouve?"
0 minuto...
O tempo havia acabado. Ela havia conseguido enviar uma mensagem. Silenciosamente, Kim cai no chão. Ela tinha feito sua escolha, e Emily também.
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PERDIDOS
Science FictionTerra. Ano de 2020. A NASA envia uma equipe para fazer reparos no software de sua base lunar recentemente instalada. Aparentemente, uma missão que acontece quando tais reparos não conseguem ser feitos direto do computador central. Treinados, eles nã...