Capítulo 23

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  - Mas que raio é isto, Harry? - questiono, mostrando-lhe a mensagem. Sinto uma pontada mais forte que todas as outras, mas tento ignorar. 

Ele franze o sobrolho e olha para mim com uma cara de surpreendido.

  - Não sei... Quer dizer ela estava mal e eu tentei ajudá-la a ficar bem, mas não mais do que isso! - ele parece estar a ser sincero.

  - Juras? 

  - Juro, Kate. Achas que eu era capaz de te fazer isto? - e quando eu me preparava para negar e para dizer que confiava plenamente nele o telemóvel volta a vibrar nas minhas mãos e eu abro a mensagem. 

De:Bea
"Nunca pensei que fosses tão bom naquilo que fazes... 😏 Foi a melhor da minha vida! "

O meu queixo cai e olho para o Harry com todo o meu corpo a arder de raiva.

  - Como é que tu foste capaz, Harry? Como porra? Eu confiei em ti! Eu entreguei-me a ti como nunca me entreguei a ninguém na minha vida e tu enquanto estás comigo andas a enrolar-te com outras? - lágrimas de raiva e deceção já escorrem pelo meu rosto e ele lê a mensagem. O seu rosto é de completa confusão. Ele levanta-se tenta aproximar-se de mim, mas eu desvio-me. 

As dores de barriga estão cada fez mais fortes e vejo-me obrigada a encostar-me à parede.

  - Eu juro que não aconteceu nada, Kate, eu... 

  - Cala-te! - eu grito, sentindo a minha barriga completamente às voltas. - Tu não passas de um mentiroso! Eu sei bem como tu és! És incapaz de resistir a uma mulher e nem sequer te lembraste que já não éramos simples melhores amigos! Eu nunca mais te quero ver à frente e... 

Tenho que me calar. Uma pontada extremamente forte atinge-me na zona do colo do útero. A dor foi tão forte que tive que me agarrar à barriga com as duas mãos e curvei-me sobre mim mesma como se fosse um bicho da conta.

  - Catherine? Estás bem?- ele pousa a mão no meu ombro. Não tenho forças sequer para lhe responder. Falta-me a voz e quero dizer-lhe para chamar uma ambulância, mas não consigo. 

Começo realmente a entrar em pânico.

  - Queres que chame uma ambulância? - ele questiona e aleluia! Uma vez na vida ele deu uso ao cérebro!

Aceno que sim com a cabeça e enrolo-me sobre mim mesma, enquanto o sinto a afastar-se.

Levanto a cabeça e a última coisa que vejo é o Harry a falar ao telemóvel com uma cara aterrorizada.

E aí tudo ficou preto.

(...)

Abro os olhos com alguma dificuldade e vejo que estou no hospital. A minha ginecologia que me acompanha desde os meus catorze anos encontra-se à minha frente com uma expressão de pena. E ao meu lado está um Harry de olhos vermelhos e olhar preocupado.

  - Pronto, doutora. Agora já pode dizer o que ela tem? - ele questiona, ansioso. 
  - Bom... - ela suspira e olha para mim. -Conheço-te já há alguns anos e nunca pensei ver-te nesta situação... Muito menos assim tão nova...  - a expressão do Harry é ainda mais confusa que a minha. - Tu sofreste um aborto espontâneo, minha querida. Lamento muito. 

Um aborto espontâneo? Eu estava grávida?

E foi aí que se fez luz na minha cabeça.

Os enjoos, o atraso, a má disposição, a fome exagerada, a carência... Eu estava grávida do Harry e sem sequer ter chegado a saber disso perdi o meu bebé, o nosso bebé. Uma criança que eu nem sequer sabia que existia estava a crescer dentro de mim e eu matei-a com a pilha de nervos que apanhei...
Eu ia ser mãe e não tive competência para tal.

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