O Destino De Ravena: O Palácio de Cristal

Capítulo 6

Eu saí do chalé e vi Rahel encostado na coluna de madeira, brincando com suas facas. Quando me notou, deixou uma delas cair. Eu achei que estava parecendo uma boba com aquele vestido, mas sabia que não estava diferente dos outros.

— Olha... — Ele engoliu em seco. — Você ficou bem...

— Obrigada. — Sorri.

— Até parece corajosa.

— Estava faltando a ofensa. — Cruzei os braços.

— É, vamos logo, pequena covarde.

— Vai me chamar assim até quando?

— Até eu esquecer que você ia deixar aquele orc me devorar.

Revirei os olhos.

— Onde você mora? — perguntei, na tentativa de mudar o assunto.

— Ali... — Ele apontou para o lado direito, segui com o olhar a direção e vi um chalé prata próximo a um riacho.

— Mora com seus pais?

— Não... Meus pais me largaram assim que nasci. Roxanne me criou.

— Ah... — Foi só o que consegui dizer.

Entramos no chalé dela de novo, e eu já estava constrangida de estar lá, porém ela me olhou e sorriu.

— Você ficou linda.

— Obrigada. — Sorri, tímida.

— Ela tem uma marca no pescoço — Rahel cortou o momento.

— Hã? — Roxanne franziu o cenho.

— Achei que era coisa de elfo. — Dei de ombros.

Ela me virou, e eu afastei meu cabelo.

— Não é uma tatuagem? — ela perguntou.

— Não... — Suspirei. — Só tenho dezesseis anos.

— Sabe... — Rahel se meteu. — Conheço uma garota que tem quinze anos e tem uma tatuagem na bunda.

— E como você sabe disso, Rahel? — Roxanne perguntou.

— Ouvi por aí — respondeu, não me convencendo.

— Já viu essa marca? — retomei ao assunto.

— Não... — Roxanne suspirou.

Ela bateu asas até uma mesa ali perto, e eu me permiti olhar para ela.

— Só Grew pode dizer — ela afirmou.

— Grew? — indaguei.

— Ele é o senhor das marcas — Rahel explicou, pegando um doce na mesa. — Ele sabe tudo, sobre todos os símbolos. Com certeza vai saber sobre esse.

— Podemos ir vê-lo? — perguntei, animada.

— Não... — Roxanne disse.

— Por que não? — Rahel perguntou.

— Ele está no Palácio de Cristal — Ela ganhou um olhar triste.

— Mas você vai lá sempre — ele protestou. — Posso levá-la lá para falar com o senhor das marcas.

— Rahel... — Ela nos olhou. — O Palácio de Cristal sumiu.

— O quê?! — exclamamos em uníssono.

— Como um palácio inteiro pode sumir? — questionei.

— Como ninguém o viu andando por aí? — Rahel fez uma pergunta idiota.