Em lugar estranho, muito belo e primordial, que existia fora do espaço e do tempo e desde o inicio dos tempos, havia um homem que caminhava de forma calma e tranquila, apesar dos seus olhos deixarem claras as suas divagações e o peso de uma responsabilidade que levava consigo desde os tempos de outrora, desde o principio dos tempos.
Aquele lugar era diferente de qualquer outro, parecia uma ilha flutuante no meio do universo. Invisível e oculta atrás do lado escuro da lua. Parecia ser possível até mesmo tocar as estrelas ao caminhar nas pradarias daquele lugar. Os vastos campos verdejantes eram preenchidos por uma grama baixa que dançava ao sabor de uma brisa leve, porém constante. Várias árvores imensas e com marcas por todo o tronco formavam pequenos pomares e algumas nascentes formavam rios e lagoas que pareciam correr em círculos e voltar para o mesmo lugar. Aquele condado não era circular como os planetas e sim formado por um imenso platô de onde, em suas bordas, parecia ser possível tocar o universo com as mãos. As estrelas pareciam estar extremamente próximas e em alguns pontos, nas maiores elevações do platô, parecia ser possível tocá-las e a luz que emitiam era tão intensa que era capaz de cegar. Em vários pontos havia grandes colunas e ruínas, que lembravam os antigos templos Gregos, e uma paz tão grande e profunda que sugeria não existir nada além da natureza naquele lugar.
Um homem caminhava calmamente naquela ilha misterioso no meio do universo. Seu olhar denunciava que ele havia tomado uma decisão e que procurava uma forma de comunicá-la. Ele tinha cerca de um metro e setenta de altura, sua pele tinha uma tonalidade morena avermelhada e longos cabelos lisos e negros, suas feições eram serenas e os seus olhos de um ébano penetrante, onde apesar da ausência das pupilas, demonstrava muita expressão. Seu nome era Saviel e aquele lugar era o seu reino particular, criado por ele para que dali pudesse ver e orientar a vida humana. Havia sido dada a ele uma missão sagrada no princípio dos tempos, logo após a criação do mundo. Ele tinha que cumprir essa missão, era a sua responsabilidade.
Saviel conhecia muito bem o coração e o pensamento dos anjos, pois havia sido criado em um tempo anterior a eles e julgava ser sua responsabilidade protegê-los, mesmo que não soubessem da sua existência. Por tal conhecimento, Saviel já sabia que a hora estava bem adiantada, logo os anjos tomariam uma decisão que mudaria o rumo da história humana, sendo assim, ele também teria que agir. Os anjos, Saviel era de uma raça anterior ha criação dos anjos, anterior a criação do próprio mundo. Saviel era um Primore. De sua raça só existiam ele e seu irmão, alguém que ele não via há muitos milênios.
Os Primores eram a primeira criação de Deus e uma casta superior aos anjos, foram destinados a orientar a humanidade desde antes de sua criação. No início dos tempos, quando a humanidade cresceu em numero e o homem começou a se distanciar do criador, os Primores decidiram se sacrificar para voltar a aproximar a criação do criador. Todos os seres daquela espécie fragmentaram suas próprias essências se transformando em inúmeros pontos luminosos destinados a habitar a alma humana. Uma centelha divina cujo todas as almas humanas seriam presenteadas. Aquela única centelha daria as pessoas uma maior proximidade com o criador, a capacidade de realizar milagres através da fé, da força do próprio espírito e permitiria uma conexão tão direta com o criador que para as pessoas de maior fé seria como conversar com ele, ouvir a sua voz em seu interior e mesmo com a ausência de palavras, saber exatamente qual era a sua vontade. Com o passar dos séculos e com o crescimento da população humana, a centelha Primore na alma de todos os humanos sofreu novas divisões, mas mesmo assim continuou sendo poderosa o suficiente para iluminar a humanidade.
Ficou decidido que apenas os dois mais poderosos e sábios não iriam se sacrificar pela iluminação humana, eles eram os irmãos Saviel e Samiel. Eles continuariam responsáveis por observar e inspirar a humanidade. A princípio os dois discordaram da decisão, pois queriam partilhar do destino do restante de sua estirpe, mas foram dissuadidos a aceitarem. Por muitos séculos eles seguiram os desígnios do criador, até que Samiel caiu para as sombras. Algo mudou dentro dele, ou algo de sombrio sempre existiu de forma oculta, não importa, o que de fato importa era que Samiel havia caído e abandonado a missão sagrada, deixado a morada dos Primores para estar diretamente ao lado dos humanos.
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Guerra Santa - Livro - 1 - Presságios do Apocalipse
General FictionPresságios do Apocalipse é um livro que narra a derradeira Guerra Santa, a batalha que pode culminar no apocalipse. Os fatos narrados mostram a intervenção de anjos e Nefilins nascendo como híbridos entre os humanos afim de inspirá-los para o bem ou...