Ignes e Deimos

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Assim como Etérnia, havia outro reino que também ficava em uma realidade paralela e próximo ao reino da terra, porém era muito maior que Etérnia e um pouco mais distante em relação a esfera celeste. Neste reino, chamado Soláris, havia uma grande cidade capital, chamada Cidade Celestial. Esta era a morada dos anjos.

A Cidade Celestial era muito grande, feita em um formato de uma estrela de seis pontas, com várias torres imponentes que pareciam tocar o céu, todas elas prateadas e feitas de marfim, brilhantes e vistosas. Ao centro no coração da cidade havia uma grande construção circular, cujo andar mais alto não havia cobertura, de forma que os anjos ali presentes poderiam olhar diretamente as constelações e julgar conhecer os desígnios do criador, pois acreditavam que através do alinhamento celeste, o criador manifestava seus desejos para toda a criação. Naquele andar havia a sala de reuniões onde os anjos somente se reuniam em ocasiões muito especiais e apenas alguns deles compareciam para falar em nome de todos os de seu próprio respectivo domínio. Apesar de aquela ser uma reunião extremamente importante, não compareceram anjos representantes de todas as hierarquias, pois muitos se julgavam ocupados demais para fazê-lo. 

Na hora marcada estavam o Serafim Metatron, o príncipe de sua casta, juntamente com a sua aprendiz, Aléphia. Também estavam o príncipe dos querubins, Raziel, o príncipe das Virtudes Raphael, o príncipe e senhor dos Arcanjos, Miguel e o príncipe de todos os anjos Gabriel. Além deles também estava Uriel, cujo manto de mistério não permitia conhecer ao certo a sua casta, alguns o tomavam como um Arcanjo, outros como um Querubim e outros ainda o tomavam como um Serafim, mas o que era certo em sua história era que ele era o anjo que presidia a tempestade e o terror, recebendo assim a alcunha de anjo da morte.

Metatron e Aléphia, como Serafins que eram, possuíam três pares de asas prateadas, dois pares menores ficavam a frente divididos e cobertos por um par de asas imponentes que por seu tamanho cobria facilmente os outros dois, sua pele era um tom de prata e os cabelos também prateados eram lisos e longos, as feições eram duras e firmes e seus olhos uma órbita totalmente preenchida de um verde esmeraldino. Vestiam túnicas, assim como todos os outros no recinto, porém as vestes eram cor de chumbo. Raziel possuía apenas um par de asas douradas, pele rosada, cabelos loiros e encaracolados, a face serena e as vestes azuis, resplandecentes como um céu limpo de verão. Raphael possuía uma expressão compenetrada, um par de asas vistosas, douradas e brancas, a pele negra e seus cabelos castanhos, as vestes eram verdes como a natureza em seu esplendor. Miguel era o primeiro Arcanjo, o líder das falanges dos céus, detentor de uma das espadas de chamas chamadas de "A chave dos Céus", responsável por todas as atividades bélicas do reino celeste de Soláris, ele possuía longas asas em uma tonalidade entre o branco, o dourado e o prateado, a pele era alva e seus cabelos brancos, lisos e longos, era o único presente a não vestir uma túnica e sim uma vistosa, porém sóbria, armadura. As feições dele eram duras, como a de qualquer comandante militar que já lutou em várias guerras, ele sábia exatamente o porquê de estar ali e o que tinha que fazer. Gabriel possuía asas impecavelmente brancas, pele rosada e os cabelos prateados, longos e com cachos abertos, sua face transmitia a sabedoria dos milênios. Por fim Uriel, o anjo de pele escura e asas negras, com cabelos longos e da cor do ébano, possuidor de outra das raras espadas de chamas, em seu poder estava à espada que por muitas eras selou a entrada do Jardim do Éden. Sombrio, Uriel era considerado por muitos, tão desprovido de piedade quanto qualquer Nefilim, os caídos que seguiram Lúcifer em sua rebelião.

Aquela era uma reunião que não acontecia há séculos. Todos ali presentes sabiam do que se tratava e embora tivessem medo de falar abertamente sobre o assunto, sabiam que à hora havia chegado. Alguns Nefilins estavam prestes a se levantar novamente, dependiam apenas de algumas ações mundanas para que o selo das eras fosse quebrado. A decisão não podia mais ser adiada, então todos se sentaram a mesa, onde Gabriel estava sentado em sua posição de destaque, como primeiro anjo, e iniciou a oratória.

Guerra Santa - Livro - 1 - Presságios do ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora