capítulo 9

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Dulce inclinou a cabeça. Então lembrou-se da sala vazia no apartamento dele. Nenhum móvel, nenhum membro da família...

- A situação se torna muito inconveniente por que você corre o risco de magoar alguém, e isso não me agrada nem um pouco.

- Como está sua mão? - perguntou Christopher, ao vê-la massagear as juntas.

- Ainda está um pouco dolorida. Provavelmen­te terei dificuldade para trabalhar amanhã. Mas tentarei transformar a experiência em uma boa tira cômica.

- Não consigo imaginar Emily tendo coragem de nocautear um bandido - disse Christopher.

- Ei, você lê minhas tiras! - exclamou Dulce, rindo com satisfação.

- Uma vez ou outra.

Ela era realmente encantadora, pensou Christopher, admirando aquele lindo sorriso e o brilho de di­vertimento nos olhos incrivelmente verdes de Dulce. De súbito, flagrou-se imaginando como seria provar o sabor daqueles lábios rosados.

Era isso que acontecia quando um homem se dava a liberdade de ficar comendo biscoitos de chocolate no meio da noite na casa de uma linda mulher capaz de fazê-lo ver o mundo sob uma nova perspectiva. Uma perspectiva que, para ele, ainda oferecia riscos.

- Não tem o tom irônico de seu pai nem o gênio artístico de sua mãe, mas tem um talento inusitado para o absurdo.

Dulce riu com indignação.

- Ora, muitíssimo obrigada pela crítica construtiva.

- Não há de quê. - Christopher pegou o'prato que ela havia separado para ele levar.

- E obri­gado pelos biscoitos.

Dulce estreitou o olhar enquanto ele se dirigia à porta. Bem, ele iria ver quanto talento ela tinha para o "absurdo" ao longo das próximas tiras.

- Ei!

Ele parou e olhou para trás.

- Ei, o quê?

- Você tem nome, apartamento 3B?

- Sim, eu tenho um nome, apartamento 3A. Uckermann.

Dizendo isso, levantou no ar a latinha de cerveja e o prato, em sinal de agradecimento, e saiu, fe­chando a porta atrás de si.

Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora