- Sempre como demais quando venho aqui - confessou. - Eles servem uma porção suficiente para meia dúzia de adolescentes famintos, mas acho que é isso que dá um certo charme ao lugar. Toda essa fartura. Depois, termino sempre levando para casa. o que sobrou e comendo demais também no dia seguinte. Mas dessa vez poderá me salvar levando um pouco para sua casa - acrescentou ela, com um sorriso.
- Negócio fechado - respondeu Christopher, tocando a taça de Chianti na dela.
- Sabe de uma coisa? Aposto que há dezenas de clubes noturnos na cidade que se mostrariam mais do que interessados em contratá-lo.
- Hum?
- Para tocar sax.
Dulce sorriu novamente para ele, que não resistiu ao impulso de observar aqueles lábios polpudos e convidativos.
- Você é muito bom no que faz - continuou ela. - Aposto que conseguirá arranjar um bom emprego logo, logo.
Divertindo-se com o comentário, Christopher levantou a taça novamente, sugerindo outro brinde. Então a srta. Dulce Saviñon pensava que ele era um músico desempregado? Bem, melhor assim.
- As oportunidades vêm e vão - foi tudo que Christopher falou.
- Você toca em festas particulares? - Subitamente animada, ela se inclinou sobre a mesa. - Conheço uma porção de pessoas, e há sempre alguém oferecendo uma festa.
- Imagino que isso seja mesmo muito comum no seu círculo social - ironizou Christopher.
- Posso divulgar seu nome, se quiser. Importa-se de viajar?
- E para onde eu iria?
- Alguns dos meus parentes são donos de hotéis - explicou Dulce. - Atlantic City não fica muito longe daqui. Acho que você não tem carro, certo?
Christopher conteve a vontade de rir, lembrando-se de seu Porsche "novinho em folha" guardado em uma garagem da cidade.
- Não aqui comigo - foi sua resposta.
Dulce sorriu, mordiscando um pedaço de pão.
- Bem, de qualquer maneira, não é difícil se deslocar de Nova York para Atlantic City.
Por mais divertido que aquilo estivesse sendo, Christopher achou melhor amenizar um pouco as coisas.
- Dulce, não preciso de alguém para administrar minha vida.
Ela fez uma careta.
- Eu sei. Esse é um dos maus hábitos dos quais não consigo me livrar. - Sem parecer ofendida, ela partiu o pedaço de pão em dois e ofereceu um a ele.
- Eu me envolvo demais com as coisas - admitiu.
- Depois fico aborrecida quando as outras pessoas se metem na minha vida. Como a sra. Wolinsky, atual presidente do partido "Vamos Encontrar um Pretendente para Dulce". Isso me deixa furiosa.
- Porque você não quer um pretendente - afirmou Christopher.
- Oh, sei que encontrarei um no devido tempo. Vir de uma família grande meio que nos predispõe... A mim, pelo menos... A querer ter uma também. Mas ainda há muito tempo para isso. Gosto de morar na cidade grande e de fazer aquilo que quero quando eu quero. Detestaria ter de me submeter a horários rígidos, o que, definitivamente, não combina com meu trabalho de criação. Não que o meu trabalho não exija um certo tipo de disciplina, mas sou eu quem a faz, do meu jeito. Como acontece com sua música, imagino eu.
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Um Vizinho Perfeito
RomanceO amor ainda era o maior legado dos Macgregor Fazer parte da família MacGregor era o mesmo que estar destinado a encontrar um grande amor. Sim, porque para os descendentes daquele poderoso clã escocês, não havia como escapar do olhar carinhoso e ma...