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Já era bem tarde e visto que o Zayn não conseguia dormir, ele estava no seu quarto, a pintar novos graffitis nas paredes. Ele não tinha nada de específico na sua cabeça quando pegou na lata de spray mas agora já se encontravam bonecos aleatórios à sua frente.

Retirou as suas luvas de plástico e a sua máscara, e foi até à cozinha para ir buscar um copo de água. Passavam alguns minutos desde as três da manhã e, de repente, os seus olhos ficaram pesados; ele devia mesmo de se ir deitar.

Quando o seu telemóvel começou a tocar com o toque da Elle - que era a Little Bird do Ed Sheeran - ele correu até ao seu quarto, preocupado. Já era bem tarde por isso a sua chamada não devia de ser algo bom. Zayn rezou que não se tivesse passado nada, mesmo que ele estivesse à espera do pior. E o pior era que era uma chamada do telemóvel da mãe dela.

"Sim?" Ele respondeu assim que recuperou o seu fôlego.

"Zayn" Elle chorou e as lágrimas começaram a escorrer também pelos olhos dele.

"O que se passa? Estás bem?" Ele questionou, caminhando pelo quarto.

"Eu estou... Eu preciso de o fazer. Não me consigo impedir" ela murmurou entre soluços.

Zayn respirou fundo. "Não o faças, Elle" ele disse, embora não tendo a certeza se ela o tinha ouvido.

Tentando equilibrar o seu telemóvel entre o seu ombro e a sua orelha, ele calçou os seus sapatos e apressou-se a sair de casa.

"Amo-te" ele disse-lhe assim que saiu de casa. Estava a chover por isso não demorou muito até ele ficar totalmente ensopado.

"Não desligues" ela implorou e Zayn abanou a sua cabeça mesmo que ela não o conseguisse ver. A Elle parecia tão feliz há dois dias atrás quando eles tinham ido ao rio. Pelos vistos não estava, se não, não se estaria a cortar.

Há tanto que um simples sorriso pode esconder. Ele pensou para si assim que começou a acelerar. Ele estava praticamente a correr.

"Não vou, bebé. Eu vou ter contigo. Estou quase a chegar" ele informou-a, deixando escapar uma respiração fraca.

Quando chegou a casa dela, ele usou a chave livre que estava sob o tapete de entrada para abrir a porta. Mesmo sabendo que a família da Elle estava fora da cidade, ele fez o mínimo silêncio possível. Ele apressou-se até à casa de banho, onde sabia que a iria encontrar.

Assim que Zayn a viu, mais lágrimas começaram a cair dos seus olhos. Ele não sabia se era pelo estado da Elle, deitada no chão, com os braços em torno dos seus joelhos e com sangue a cobrir a maior parte do seu corpo, ou talvez porque ele pensava que ela já tinha parado de fazer isto de vez.

"Zayn" ela travou e esticou o seu braço, de modo a pegar na mão dele.

O braço dela estava cheio de cortes frescos e pequenas gotas de sangue estavam a cair no mosaico do chão. As borboletas dele, que foram feitas com caneta há dois dias, tinham desaparecido. A Elle tinha cortado o seu pulso de modo a que elas desaparecessem.

Não. Não era este o objetivo. O projeto da Borboleta era suposto ajudá-la. O seu primeiro instinto foi afastar-se porque estava demasiado assustado e não estava pronto para lidar com isto mas, em vez de fazer isso, ele aproximou-se.

Ele ajoelhou-se e pegou na pequena e frágil rapariga, apertando-a com força.

"Shh, vai ficar tudo bem" ele sussurrou à orelha dela, beijando o topo da sua cabeça. A Elle estava a soluçar, inspirando profundamente, de modo a conseguir recuperar a respiração. "Estou aqui agora" ele tentou confortá-la.

"Beija-me" ela conseguiu dizer, olhando para os olhos de Zayn.

"Elle" Zayn protestou. Ele não a podia beijar agora, mesmo que ele a estivesse a agarrar, algo estava errado.

"Por favor- eu preciso de saber" ela implorou, com as mãos a moverem em direção à camisola de Zayn.

"Eu não consigo" Zayn chorou.

Eles estavam uma porcaria. Zayn questionava-se como eles estariam aos olhos de alguém que não os conheciam. Dois jovens; a rapariga coberta de sangue e a chorar no chão enquanto o rapaz a segurava como se isso fosse o que os deixaria vivos.

"Por favor- Beija-me até que eu me esqueça o quão inútil sou" ela disse e limpou as suas lágrimas. "Mostra-me que me amas"

Zayn olhou-a com um olhar de lamentação antes de pressionar os seus lábios contra os dela.

E foi o necessário para que ambos se conseguissem esquecer de quem eram. Neste momento eles só precisavam um do outro. Eles precisavam desesperadamente de uma ligação de modo a que se tornassem apenas um.

O beijo sabia a salgado devido às lágrimas de ambos mas eles não pareciam reparar nisso enquanto despiam as suas roupas, de modo a diminuir o número de camadas que os separava.

"Amo-te" Zayn murmurou quando se afastavam para respirar. "Quero ter a certeza de que sabes disso"

"Eu sei" Elle respondeu. Ela gemeu porque a boca do Zayn começou a espalhar beijos atrás da sua orelha e pescoço. Ele começou então a espalhá-los pelo resto do corpo dela.

"Eu preciso de te sentir" ela disse após uns segundos, com o desespero claro na sua voz.

O Zayn continuava com as suas calças de ganga. Ele retirou as últimas peças da sua roupa e atirou-as para o lado oposto da casa de banho. A divisão era pequena e fria mas eles não pareciam reparar nisso.

"Amo-te tanto" ela chorou, com as suas mãos a viajarem em direção ao cabelo dele, entrelaçando os dedos no mesmo. Ele grunhiu por prazer mas rapidamente pegou nas mãos dela, beijando os pulsos dela.

Ele começou a espalhar beijos em cada corte enquanto murmurava. Ele lembrou-a o quão bonita ela era, o quão ela merecia todo o amor do mundo e o quanto ela merecia receber toda a felicidade mais do que qualquer outra pessoa que eles conheciam.

Mais algumas lágrimas escorreram pelo rosto dela. Ela não o merecia; ele não podia ser real. O Zayn envolveu as bochechas dela e limpou as suas lágrimas com o seu polegar.

"Eu estou aqui. Nunca te vou deixar, está bem?" Ele prometeu-lhe, olhando para os olhos cinzentos dela.

"Eu sei, obrigada" ela assegurou-lhe, fungando.

Eles voltaram a fazer amor naquela noite e mal falaram um com o outro. Mas eles não precisavam de palavras, os seus olhos falavam por eles e os seus corações já sabiam.



Estava escuro. Elle não conseguia ver nada, à exceção dos olhos dele enquanto falava.

"Não te preocupes, eu não te vou magoar" Zayn disse mas o sorriso estranho a crescer no rosto dele dizia o contrário.

"Não" ela abanou a cabeça dela, tentando aumentar a distância entre ambos - o máximo que ela conseguia.

Mas depois ela viu. O pequeno objeto nas mãos dele reluziam com a luz da lua que se projectava através da janela.

"Não" ela repetiu mas Zayn já se encontrava tão perto dela. Ela não sabia se se conseguia afastar. Ela não achava que conseguia. Depois, com um movimento rápido com a lâmina, ele percorreu a lâmina pela cintura dela.

Ela quase que conseguia ouvir a sua pele a rasgar e o sangue a escorrer para os seus lençóis brancos.

Depois aconteceu tudo muito rápido.

Ele começou a gargalhar e depois ela tapou as suas orelhas, gritando.


Wingless » z.m. [Tradução PT]Where stories live. Discover now