capítulo | 03

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No dia seguinte à sua conversa com George, o diretor do oito, o departamento parecia muito mais movimentado do que de costume. Alex adentrou o local ainda com seus óculos escuros na face, para evitar que as olheiras profundas fossem notadas. Consequência de uma noite sem sono, onde o agente apenas ficou envolvido com o nome do peixe grande que caíra em seu colo como doce: Roger Walsh. Sabia perfeitamente que sua participação no caso se limitava a fazer a guarda da esposa do empresário, mas isso não iria lhe impedir de se aprofundar no assunto; estava mais que disposto a ser o responsável por entender todos os mistérios que estavam por trás da morte do homem. Pelo pouco que havia pesquisado durante a madrugada, ele possuía uma ficha completamente limpa e sempre esteve engajado em projetos envolvendo a melhoria de algumas casas pelo subúrbio de Nova Iorque. Um currículo invejável, numa faculdade de renome e estágios nas melhores empresas, antes de se tornar o responsável por sua própria. Viu alguns links que remetiam a notícia do casamento do senhor, mas evitou contato prévio com a mulher em questão; sempre foi um grande fã de primeiras impressões, mas preferia que isso acontecesse pessoalmente e não através de uma manchete de site de fofoca.

Assim que virou em direção ao corredor que dava acesso aos elevadores, avistou Jane caminhando ao seu encontro. Provavelmente a notícia já havia se espalhado e como sempre, Alex estava sendo motivos de piada por fazer parte de um campo tão insignificante no caso. Que tudo continuasse assim, não estava disposto a explicar seu plano de ascensão no Departamento para os seus companheiros de trabalho.

— Soube que está dentro do caso Walsh — ela sorriu, erguendo a mão direita para um cumprimento cordial — Meus parabéns!

— Por fazer a segurança de uma mulher viúva? Obrigada, Jane — ironizou retribuindo o gesto.

— Vamos, Keller — a loira revirou os olhos, enfiando as mãos no bolso de sua calça jeans escura — Garanto que vai ser melhor do que se trancar na sala de treinamento.

— Sua sinceridade me comove — afrouxou a gravata, liberando espaço para que o oxigênio circulasse — Mas, infelizmente tenho que concordar.

— Soube que ela chega hoje no Departamento.

— Quem? — uniu as sobrancelhas, perdendo a linha de raciocínio um segundo.

— Você costumava ser mais esperto, Alex. O que aconteceu? — Jane deu de ombros, afastando-se alguns passos. — Deve ter algum papel em cima daquela bagunça que você chama de sala. Seu caso começa hoje.

Do mesmo jeito que Jane chegou, desapareceu. No meio de todo aquele alvoroço que estava o Departamento. Já estava acostumado a ser deixado de lado naquele ambiente, mas frustrou-se ao perceber que nem ao menos quando fazia parte (parcialmente) do caso, era o primeiro a saber de suas funções. Inspirou profundamente e entrou no elevador assim que o mesmo emitiu um som agudo avisando sua chegada; trataria de ler tudo a respeito de suas obrigações como guarda-costas e então começaria a colocar em prática o plano B.

Depois de uma hora, já encontrava-se na sala do diretor George, completamente em silêncio. Havia discutido alguns pontos como: era realmente necessário que ele se mudasse para o apartamento em questão, junto com a protegida? Para Alex aquilo não passava de uma estratégia muito bem elaborada para que ele continuasse afastado de todas as possíveis informações. Revirou os olhos incontáveis vezes assim que o diretor iniciou sua conversa fraca, sobre o quão importante seria para o Senhora Walsh ter alguém em quem depositar sua segurança. Um outro ponto a ser discutido era o sigilo. No documento que havia sido entregue em sua sala, havia uma pauta muito bem esclarecida sobre não existir conversa entre a protegida e aquele que manteria sua segurança. Um absurdo extremo. É claro que Alex apenas citou a questão para parecer insatisfeito o bastante na frente de George, o que abaixaria totalmente as suspeitas de que ele faria uma investigação sozinho... Mas, ainda assim, qual o problema de manter um diálogo educado com a mulher? Logo após toda a discussão sentou-se na poltrona confortável da sala e aguardou. Trinta minutos em total silêncio, enquanto observava o mais velho se divertir com algum jogo idiota no smartphone que levava em mãos.

AGENTE 030 (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora