Cinquenta e cinco minutos e trinta segundos. Esse era o tempo exato em que eu estava em frente Elizabete Silveira, pós graduada em psicologia social. O tempo excedeu e eu sai da sala assim como entrei e permaneci durante todo o tempo: calada.
Meus pais tinham um grande defeito de achar que eu não me conhecia, mas na verdade eu sabia muito bem quem eu era. Talvez o problema principal seria minha sexualidade, eles colocaram na cabeça que eu precisava de ajuda psicológica. Eu já tinha passado por todas as psicólogas da cidade e nada havia mudado.
Eu namorava com um rapaz da minha escola: Eric. Meus pais o adoravam e ele me pediu em namoro quando eu tinha uns treze anos. Claro que nos próximos anos nosso namoro tinha sido apenas mãos dadas e alguns beijos escondidos quando meus pais saiam da sala. Então para a desgraça dos meus pais nós terminamos na véspera do meu aniversário de dezesseis anos.
Perdi minha virgindade alguns meses depois com um carinha da aula de inglês na casa dele, então as coisas começaram a acontecer: no carro, banheiro da escola de inglês, em uma mata, em cima do capo do carro, em uma fazenda, no banheiro químico de uma festa, no estacionamento, no clube, dentro da piscina.
O sexo era bom, aliás, era perfeito. Ele era a pessoa mais insana que eu já tinha conhecido. Permanecemos juntos durante seis longos meses. Nos separamos quando ele precisou ir embora para algum lugar no interior do Tocantins e eu sofri.
Meu sofrimento não durou nem uma semana, aliás, terminou no sábado seguinte quando conheci a melhor pessoa do mundo: Giovanna. Era festa de aniversario do Caio, meu melhor amigo, e lá estava ela com um vestido azul justo e curto, ela tinha um belo par de seios e uma bunda que não deixava a desejar.
Foi instintivo, me aproximei e começamos a conversar. Ela era a pessoa mais divertida e engraçada que eu já havia conhecido. Parecia que nos conhecíamos a anos e isso fez com que ela passasse a frequentar minha casa.
Era uma bela amizade, andávamos o tempo todo juntas, sempre uma pela outra. Uns três meses depois dessa nossa repentina amizade, ela me convidou para ir a uma festa de aniversário de um amigo e eu fui, claro.
Tudo mudou naquele dia, quando eu beijei um carinha da sala dela e ela fechou a cara pra mim. No começo, eu achei que o problema fosse ela estar apaixonada por ele, mas depois descobri que seus sentimentos eram por mim.
"E-Eu acho que gosto de você" foram as palavras quando saímos da festa e atravessamos o portão da casa dela.
"Eu também gosto de você, somos amigas" respondi.
"Não, eu acho que eu estou apaixonada por você"
Eu não perdi a oportunidade e a beijei ali na garagem mesmo, naquela noite ficamos acordadas até as oito da manhã. Carinho, sexo e muitos beijos gravaram aquela noite maravilhosa.
Nosso relacionamento durou um ano e quatro meses, éramos o melhor casal que eu já tinha visto. Claro que nossa família não sabia de nada, apenas assumimos para os amigos.
Como nada era perfeito, em uma noite de quinta feira, estávamos beijando em cima da cama da Giovanna quando a mãe dela entrou no quarto. Depois daquele dia, as ultimas noticias que eu tive da melhor pessoa que eu já havia conhecido eram de que ela tinha mudado para algum lugar dos Estados Unidos.
Como meu pai não era rico, eu não tive o direito de sumir do Brasil, o que me aconteceu foi um castigo de quase um ano e várias consultas com psicólogas que não iriam mudar em nada.
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Clarice
Romance"Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam." - Carlos Drummond de Andrade