Capítulo 4

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Julho, 2016 NY

Fiz a triste descoberta de que me divertir não seria tão fácil. Eu tinha sérias dificuldades em me localizar sozinha, em síntese, eu era lerda quando se tratava disso.

Ao sair do meu apartamento, que se localiza no bairro East Village, pude perceber que não seria tão simples chegar ao metrô. Eu simplesmente não entendia o mapa! E nem nada que o explicasse! No auge da minha lerdeza eu consegui chegar a uma avenida grande, que eu não fiz questão de procurar saber o nome. Olhei para os dois lados da avenida e escolhi seguir para o lado direito, à procura de uma padaria ou qualquer lugarzinho que fosse mais quente e tivesse algo que eu pudesse comer.

Vi uma espécie de padaria e entrei, me sentando em uma mesinha de canto e logo peguei o cardápio simples e fofo, escolhendo um croissant de chocolate e um cappuccino do mesmo sabor quando a garçonete veio me perguntar o que eu queria.

Enquanto eu esperava minha comida, peguei meu celular e constatei uma mensagem da minha mãe:

"Ju, falei com aquela minha amiga (aquela que eu te falei antes de você sair daqui), e ela disse que irá ligar para o filho dela e ele poderá te ajudar a se situar nessa cidade. Me liga mais tarde."

Poxa! Minha mãe sabia ser extremamente chata e intrometida quando queria. E agora ela queria. Havia dito a dona Giovana que eu não queria que o filho dessa tal amiga dela me ajudasse, deixei claro que poderia me desenvolver muito bem sozinha, apesar de que se ela me visse agora, perdida, eu não teria argumentos para contradizê-la, mas claro, ela não precisava saber disso.

Eu ainda não tinha comprado um chip americano, então estava vivendo dos créditos e dados móveis que eu havia colocado no aeroporto. Perguntei a garçonete se havia internet disponível e ela prontamente disse que sim e me indicou como conectar e imediatamente mandei uma mensagem para minha mãe reforçando que eu não queria ajuda.

A verdade é que, apesar de ele ser filho de uma amiga da minha mãe, eu não lembrava direito dele! Sabia apenas que ele tinha vindo embora, por motivos que desconheço, e que tinha uma tia com a qual ele morava. Não lembrava seu nome, ou aparência, e podia apostar que se ele tivesse lembranças de mim, com certeza era das raras vezes que eu estivemos em festas, seja infantis ou essas que as famílias fazem para chamar os amigos e conversar, e eu sabia disso pela minha mãe. Mas sabia que suas irmãs eram muito lindas e todas com os olhos azuis, delas eu me lembrava.

Minha comida chegou, varrendo esses pensamentos para longe. Devorei tudo que havia pedido e pedi mais um croissant e outro cappuccino, em minha defesa, minha fome era justificada pelo fato de eu não haver comido nada desde o momento em que chegara e isso fazia algumas horas, eu estava sobrevivendo, até aquele momento, do café da manhã fornecido no avião. Meu segundo pedido não demorou tanto quanto o primeiro e assim que paguei, saí do café, voltando no sentido em que havia vindo, comendo meu croissant e tomando o cappuccino.

Era tudo tão lindo! Aquele toque de inverno, as pessoas naquele típico ritmo nova iorquino, as lojinhas... Eu não via a hora conhecer a Brodway, a Estátua da Liberdade e tantos outros pontos. Percebi que estava sorrindo e abaixei levemente a cabeça para morder um pedaço do croissant. Então senti um impacto contra meu corpo, meus olhos se fecharam por impulso e senti meu corpo ir de encontro ao chão. Droga! Senti o calor do cappuccino nas minhas pernas e cintura. Abri os olhos e vi, embaçado, uma figura masculina. Consegui me sentar e pisquei algumas vezes na tentativa de limpar minha visão.

-Você está bem?

-O que você acha?

-Ei, se fosse qualquer outro teria simplesmente te mandado olhar por onde anda! - disse ele parecendo ofendido.

Queria gritar! Meu primeiro dia ali e eu já havia conseguido me perder e achar um que me deixasse cheirando a café.

-O que eu fiz pra merecer!? Pra piorar vem um trouxa e me suja! - expressei minha raiva em tom normal e em português.

-Você é brasileira?! - afirmou com espanto e em tom de indecisão.

-Ah, e você também! - afirmei ironicamente.

Levantei-me com dificuldade e pude sentir uma dor no fim da coluna. O esbarrão não havia sido tão forte, porém como eu estava distraída, fui parar no chão.

Peguei minha bolsa e abri urgentemente para conferir se algo quebrado, e havia.

-Não! - disse eu com uma voz chorosa -Minha câmera! - a bolsa que eu usava não havia sido grossa o suficiente para absorver o impacto, que havia danificado a câmera já que ela não ligou.

-O que aconteceu? - perguntou ele.

-Nada. - respondi.

Ficar ali não iria fazer diferença, então coloquei a câmera de volta na bolsa e vi que me celular estava intacto, assim como meus documentos estavam ali; fechei a bolsa e saí andando.

-Ei! - chamou o garoto. Continuei andando friamente -Espera aí! - disse ele se colocando a minha frente -Eu posso pagar o conserto da câmera ou comprar outra, sei lá!

-Não. - respondi e desviei dele continuando meu caminho.

-Por que não? - perguntou ele.

-Porque acabei de te ver pela primeira vez, você me deixou suja e eu não confio em você. - levantei e deixei cair os braços. Disse isso a ele virada em sua direção e andando de costas enquanto falava.

Ele me olhava com uma cara curiosa, virei as costas e segui meu caminho. Tinha que dar um jeito de achar o caminho de casa.
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O Wattpad bugou esse capítulo, então uma pequena parte foi reescrita.

Qualquer dificuldade, por favor, avisem nos comentários.
S2

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