Pay Money to My Pain

1.4K 102 93
                                    

[N/A: Olá gente linda!

Então, essa vai ser curtinha, só uma two shot e também uma adaptação de outra fanfic minha. É angst, muito angst, angst mesmo. Já prepararam os lencinhos? Sempre bom saber.

Vou morrer te dando amor por essas capas, sim ou claro? @cutebutlarrie 

Boa leitura!]


O dia estava frio.

A neve havia transformado toda a paisagem em tons de branco e cinza, misturando-se com a fuligem das chaminés para formar uma cena decadente, congelando a pele sensível dos transeuntes lá fora e o coração dos que observavam tudo pela janela.

Tão decadente quanto nossa relação.

Seria mentira dizer que eu não desejava todos os dias que algo realmente desse errado, que um dos dois cometesse algum erro verdadeiramente fatal para que nosso relacionamento pudesse simplesmente deixar de existir com, ao menos, uma justificativa real. Porque machucava mil vezes mais perceber que não havia nada constatadamente quebrado.

Não que eu houvesse percebido, ao menos.

Havia apenas a morte lenta e gradativa de cada uma daquelas borboletas que alçavam voo dentro de nossas barrigas, até que elas deixassem apenas seus pequenos corpos sem vida decompondo-se... Criando uma camada pesada e indigesta de um sentimento que me sufocava aos poucos, como se a qualquer momento fosse me envenenar ao ponto de eu me afogar em minha própria angustia.

Porque nossas borboletas morriam por motivos diferentes.

As de Harry Styles eram mortas aos poucos pela rotina e pela ausência. Pelas mil pequenas discussões que travávamos diariamente. Elas morriam pelo estresse do dia a dia e por meu trabalho que me fazia permanecer trancado dentro de um quarto até que a noite tivesse se tornado madrugada. Suas borboletas morriam pela criança que nenhum órgão de adoção permitia que tivéssemos, devido nossa homossexualidade. Desvaneciam, junto com o brilho de seus olhos e o coração de seu sorriso, pelas decepções que vinham, uma após a outra; não como uma catástrofe natural, mas em ondas quase gentis, mas que repetidamente se chocavam contra seu corpo, destruindo-o aos poucos.

As minhas morriam por vê-lo morrer.

Porque havia algo de destruidor em ver a pessoa que você mais amava na face da terra perceber, em doses homeopáticas, que você não era tão necessário quanto parecia ser alguns meses atrás. Tinha algo de mórbido em amar alguém de uma forma tão sufocante e vê-la notar, eventualmente, que as coisas eram mais fáceis quando você não estava lá. Que ela poderia facilmente viver sem sua presença.

Harry estava passando por cada uma dessas descobertas, enquanto eu permanecia estagnado naquele medo latente de perder o ser que eu considerava mais necessário que o oxigênio que me rodeava.

Mas eu não dizia nada.

Afinal, como tudo em minha vida, eu não sabia implorar.

E era triste ver que eu não tinha nada a oferecer.

Nada além da pequena coleção que eu fazia de seus sorrisos e de um coração cheio de pequenos remendos, que mal tinha valor para mim mesmo, mas que era dele. Completamente dele.

Será que Harry ainda percebia isso?

Será que ele notava o quanto todas as pequenas coisas surradas e maltrapilhas que se juntavam para construir Louis Tomlinson viviam e respiravam por ele? E que mesmo com minha incapacidade de me sentir no direito de implorar por uma segunda chance, ainda assim, eu estava paralisado de medo do meu futuro próximo? Um futuro onde a cama estaria meio vazia e só haveria uma caneca de café sobre o balcão da cozinha durante as manhãs?

Numb {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora