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     MANCHESTER, REINO UNIDO. 8H:45 MINS AM.

CLAIRE ADAMS

     A ideia do meu irmão se apegando á alguém que o despreza, como Charlie claramente o faz, me preocupa de um modo tão elevado que não vejo o carro parando aos tropelos no estacionamento coberto do aeroporto.

     Minha cabeça mostra indícios de que vai doer muito em breve, e isso me faz querer revirar os olhos em puro descontentamento.

     — Movam-se! Nosso vôo sai em vinte minutos! — Dylan praticamente grita com toda a sua voz potente, saltando do carro para atacar o porta-malas. Ele tem uma carranca no rosto que poderia pôr medo até em Hitler.

     Eu saio atrapalhada do banco do carona para abrir a porta para meu irmão gentilmente. Lhe lanço um olhar breve, tentando identificar qualquer possível dano.

     Ele parece bem por fora, com uma alegria batucando em seu peito que esteve quase extinta pelos acontecimentos complicados do ano passado. De certa forma, me sinto contente em saber que meu irmão não perdeu as esperanças, mas me sinto triste ao saber que suas esperanças estejam emergindo novamente por causa de Dylan. Quer dizer, nós não sabemos absolutamente nada á seu respeito, o que me assusta de uma forma absurda, porque Deus, eu estou colocando nossas vidas em suas mãos. As mãos de uma pessoa que pode muito bem ser a pessoa má da história.

     Minha cabeça lateja duramente com o pensamento, então eu tento bloqueá-lo observando ao redor. Por agora, eu não quero exatamente me preocupar com esse assunto em questão.

     Nós avançamos pelo estacionamento com rapidez, e levamos apenas dois minutos para pegarmos a fila de embarque, no portão 205, no lado norte do aeroporto cujo nome me é desconhecido. Dylan havia comprado nossas passagens pelo seu notebook, então havíamos economizado tempo.

     — A partir desse momento você me obedece, pelo bem de todos — Dylan diz para mim, quando nós mais uma vez estamos nos acomodando nas poltronas do avião.

     Tento driblar minha vontade de lhe dar uma resposta má educada me virando para Philip, que está logo ao meu lado, na janela. Ele está distraído vendo as pessoas colocarem com rapidez as malas no avião, e resolvo deixá-lo assim, mesmo que queira desesperadamente lhe encher de perguntas sobre como está se sentindo. Não acho que ele tenha achado normal um cara atirar contra nós mais cedo. E também não acho normal que meu irmão não tenha me feito nenhuma pergunta á respeito.

     — O que diabos deu em você para fugir? — Dylan resmunga, prendendo seu cinto com a raiva contida em cada movimento. Eu o encaro como se estivesse disposta a gritar em seu rosto, mas tudo o que digo, sussurrando, é:

     — Você é um desconhecido. Não me interessa se disse que está nos protegendo Olho para o lado para me certificar de que não estou sendo escutada por Philip, e fico aliviada ao saber que não estou, já que ele continua olhando para além da janela,  distraído o suficiente — Você poderia ter um pouco de sensibilidade! Mas tudo o que fez foi bancar o homem das cavernas, nos dando broncas e ordens. Eu tenho uma pequena coisa à dizer: as coisas não funcionam assim!

     Termino minha fala com um cruzar de braços bruscos, deixando de encarar um Dylan surpreso, porém irritado. Bem, se é que seja possível. 

Damaged Soul {t.h} [ PAUSADA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora