Daydreaming | Thomas Müller

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Antes

Era um sábado de manhã e um garotinho de 7 anos assistia a televisão. O aparelho exibia um jogo de futebol. Dois times disputavam a taça de um campeonato, o título de ser campeão da copa da Alemanha, a chamada Pokal.

O garotinho torcia para o seu time vestido de vermelho e azul. Ele mantinha os olhos presos na TV, sem desviar nem quando a sua mãe o chamou para lanchar. Agradeceu educadamente no momento seguinte em que escutou o narrador soltando o grito de gol. Seu time tinha marcado.

Ele começou a correr pela sala imitando o som do narrador. Suas mãos estavam calçadas com luvas de goleiro. Aquele garotinho sonhava em jogar no time que havia acabado de conquistar o título. Sonhava em ter uma taça nas mãos, vestir aquele mesmo uniforme de frente a milhares de torcedores.

- Thomas, você não vai jogar hoje?

Seu melhor amigo, Klaus, havia chegado na hora em que o apito final soou. Todo sábado depois do jogo eles iam para o campo improvisado na rua de baixo e tentavam copiar os lances feitos pelos seus ídolos. Thomas se destacava frente aos seus amigos. Brincava com a bola nos pés como se ela fizesse parte do seu corpo.

Ainda vestido a camisa do seu time do coração, ele marcou um gol. Saiu em disparada do meio do campo, sem chance para os "zagueiros" adversários. Quando ele corria com a bola, ninguém conseguia alcançar. Colocou toda a sua força naquele chute, e a bola passou direito pelo goleiro, balançando a rede.

- Goooool – ele gritou, correndo para encontrar os seus amigos. Segurou a sua camisa e ali se prometeu: um dia marcaria pelo Bayern de Munique.

Thomas voltou para casa e, naquela noite, sonhou estar em campo junto com seus ídolos. Correndo pelo gramado com a torcida gritando o seu nome. Sendo o artilheiro do campeonato, conquistando o maior numero de gols possíveis. Mas o que ele não sabia, era que naquele jogo improvisado, um homem de terno o observava de longe. Um homem enxergava todas as suas jogadas e em como Thomas tinha uma característica própria e individual para marcar.

Pouco mais de um mês depois, Thomas jogaria pelo campeonato da sua escola. Os times tinham sido divididos entre azul e verde. Ele defenderia o time azul. Seus pais estavam na arquibancada improvisada. E também, aquele senhor de terno.

Muitos garotos jogaram bem aquela final, mas nenhum deles tinha driblado outros do dobro da sua altura. Nenhum deles tinha marcado um gol de falta enganando o time adversário tropeçando. Nenhum deles tinha a atenção do homem de terno.

O time azul ganhou graças a seu artilheiro, o pequeno Thomas Müller.

O garoto comemorava com seus amigos, quando o homem de terno se aproximou.

- Olá Thomas, parabéns.

- Muito obrigado senhor.

- Pode me chamar de Schlesinger.

- Muito obrigada Mr. Schlesinger.

- Você sabe quem eu sou Thomas? – Ele agachou para ficar da altura do garoto.

- Não...

- Eu sou um olheiro de um time da cidade. Já ouviu falar no Bayern de Munique?

Thomas arregalou os olhos. Estava surpreso com quem era o homem a sua frente. E se ele estava ali, só podia significar uma coisa: seu time do coração tinha interesse em treiná-lo nas categorias de base.

Era seu primeiro dia de treino. Ele apareceu com sua camiseta surrada, mas uma chuteira nova. Mr Schlesinger veio falar com ele, e o entregou um uniforme completo. Thomas sentiu, pela primeira vez, que estava no caminho certo. E ali, no meio de todos aqueles garotos que também entravam nos primeiros treinos da categoria de base, surgia o próximo artilheiro que aquele time veria em muitos anos.

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