We Don't Talk Anymore [Jelena]

Está Contratada

... Manhattan NY, 2012... 08:20 AM

Pov Selena

- Eu vou conseguir, eu vou conseguir, eu vou conseguir. - Murmuro para mim mesma enquanto encaro meu reflexo no espelho, continuo repetindo como se fosse um mantra.

Saio do banheiro e observo minhas roupas, não é nada deslumbrante, apenas uma calça jeans escura, uma camisa branca com botões e mangas dobradas e uma botinha, agradeço aos céus pelo meu cabelo estar bom e no lugar hoje, porém tenho consciência de que o vento o deixará bagunçado e cheio de friz. Meu rosto contém uma leve maquiagem, pó, gloss, rímel e blush, nada que me faça parecer uma prostituta bêbada no final de um sábado.

Eu não me sinto como as outras garotas, eu não ligo se minhas unhas estão pintadas, não ligo se meu cabelo está bagunçado ao olhar das pessoas ou não, muito menos para todo o reboco que chamam de maquiagem, mas hoje, hoje é excessão, eu preciso desse emprego, eu preciso de dinheiro, não posso morar com a minha mãe o resto da vida, já tenho meus 19 anos, a maioria dos jovens dessa idade já têm um apartamento pequeno em Nova York, tenho que começar minha vida de verdade, mesmo que seja para ser garçonete, eu até que acho um trabalho interessante, garçonetes vêem pessoas novas todos os dias, as vezes até repetidas e eu acho que o tédio nunca domina.

- Você está falando sozinha, Sel? Mamãe falou que não pode falar sozinha.

Olho para a porta do meu quarto, de onde a voz fina e infantil veio, é Gracie, minha irmãzinha de apenas 4 anos de idade. Reviro meus olhos sorrindo enquanto ela se senta na minha cama, em suas mãos há o mesmo urso de pelúcia de sempre, ela o chama de Fuffy, não sei o motivo disso, mas o urso tem esse nome desde antes dela nascer, na verdade ele era meu e tenho certeza que não o chamava assim.

- Não Gracie, não estava falando sozinha.

- Você vai sair? - Ela pergunta me olhando com a carinha de cachorro pidão, eu sei bem o que significa.

Gracie adora minha companhia, sempre que pode estar no meu pé, eu não me importo, eu a amo. Nós duas somos completamente diferentes na aparência, seu cabelo é loiro e levemente encaracolado com os fios fininhos, sua pele é branquinha como a de um bebé, porém algumas coisas de mim, eu posso ver nela, como suas bochechas, elas são iguais as minhas, assim como sua boca e sorriso, apesar que eu sou a cópia fiel da nossa mãe, tudo que tenho do meu pai são os olhos. Enfim, eu amo muito essa garotinha, ela chegou no melhor momento da vida da minha mãe.

- Vou sim, e não, você não pode vir comigo.

- Porquê?

- Porquê eu vou tentar conseguir um emprego, vem, vamos descer.

Seguro sua mão a ajudando a descer da cama, ela ainda está de pijama, é sinal de que não está na hora dela ir para a escola. Desço a escada devagar encontrando meu padrasto sentado no sofá, zapeando os canais da TV, com certeza procurando informações sobre o jogo de basquete da noite passada.

- Papai!! - Gracie grita soltando minha mão, posteriormente correndo para o colo do seu pai.

Me jogo do lado dele deitando minha cabeça em seu ombro, Brian é realmente um pai para mim, não que eu não tenha um, eu tenho é o amo, mas a mágoa de criança deixada talvez nunca suma completamente. Solto um longo e profundo suspiro, eu apenas preciso de todo o momento família para me dar coragem de sair pela porta em poucos minutos.

- Minhas duas garotas preferidas.

O ouço murmurar e sinto seus lábios tocando a minha testa, eu amo o carinho que ele têm por mim, acho incrível a maneira que Brian ama minha mãe e toda a bagagem que veio com ela. Sim, eu estou me referindo a mim mesma.