descobrindo sentimentos

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Minha roupa estava no chão, assim como a de outras pessoas. Me vesti com o maiô rapidamente, com vergonha de meu corpo e de estar nua na frente de tanta gente.

Alguns dos calouros já estavam na piscina e a loira de mechas, estava com um cronômetro em mãos, marcando o tempo deles.

Peguei espaço e mergulhei. Aprendi a nadar com meus primos, graças aos finais de semana na casa de campo dos nossos avós. Eles venderam a casa, assim que meus pais morreram para pagar algumas dívidas e ter um dinheiro extra para me sustentar.

Eu estava segurando o fôlego o máximo que conseguia, tentava algo para conseguir respirar e não me afogar, mas acabei engolindo água e quase perdi o controle.

A garota baixinha já estava debaixo d'água por muito mais tempo que todos nós.

Vi o instante em que ela perdeu os sentidos e seu corpo foi se afundando aos poucos. Arregalei meus olhos aterrorizada, não sabia o que fazer. Se eu a tirasse da água, poderia perder minha vaga, mas esse pensamento era egoísta demais e eu não costumava agir assim. Cheguei a não me reconhecer por pensar nisso.

Resolvi não mais discutir comigo mesma e ajudá-la.

Passei o braço ao redor de seu corpo e a tirei da piscina.

As pessoas ao redor do palanque nos olharam e os veteranos riam.

_ Me ajudem!
Pedi desorientada.

Alguns rapazes se aproximaram. Um dos calouros que estava na piscina, saiu as pressas e tentou reanimá-la com respiração boca a boca. Ele disse que fez um curso de salva-vidas no verão passado.

A garota voltou aos poucos, abriu os olhos sem entender alguma coisa. Tossiu e cuspiu a água.

_ Obrigada.
Ela disse sem saber ao certo quem agradecer.

A loira parou o cronômetro assim que Steve fez um sinal com a mão.

_ Já chega!- Disse ele aos que ainda estavam na piscina e indicou que alguns rapazes fossem ajudá-los a sair.- Vocês três sabem que com isso estão desclassificados de acordo com o que era necessário que fizessem, não?

Se referiu à mim, a garota baixinha e ao garoto que à ajudou.

Apenas assenti com a cabeça. Os outros dois não disseram nada.

_ Mas como eu faço as regras por aqui- fez uma pausa para pegar algumas toalhas-, a vaga é de vocês. O ato de vocês dois foi de companheirismo, o que nós costumamos transmitir nessa fraternidade. E se não fosse pelo afogamento, você teria com certeza, ficado por mais tempo naquela piscina do que qualquer outro. Bem-vindos!

Ele nos atirou as toalhas.

Me enrolei ainda desacreditada. A baixinha e seu salva-vidas se abraçaram, como amigos íntimos.

Me levantei e caminhei para junto dos outros.

_ O restante, dêem o fora daqui.
Ordenou o garoto de cabelos longos.

Os alunos se retiraram e alguns até choraram. Senti pena deles.

_ Chega de melancolia, quem está afim de curtir? Vamos pro campo que hoje a noite é de vocês!
Um dos veteranos gritou e então os calouros atravessaram a porta que rumava a saída, às pressas.

University-ish| [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora