Está um dia ensolarado em Doncaster, o que é um pouco estranho, já que nessa época do ano os dias costumam ser frios e chuvosos. Observo a luz do sol pela pequena janela, e penso que talvez seria legal estar lá fora aproveitando o dia.
-Oh Louis, ele me atingiu. - falo enquanto caio naquele chão empoeirado.
-Harry? Meu Deus, olhe para você, está sangrando! - O menino dos olhos azuis grita enquanto se aproxima de mim - Eu vou buscar ajuda, não se preocupe.
Eu poderia rir daquela cena se eu não estivesse "morrendo".
-N-não! Não vá Louis. - o menino aconchegou minha cabeça em seu colo. - Não precisa. Eu... Eu estou partindo. Fique comigo até que essa dor acabe. Por favor.
E antes que eu podesse fechar os olhos, ele se levantou em um só lavanco e cruzou os braços.
-HARRY! Isso não está no texto, você não está seguindo o roteiro. - sua testa franziu. - Eu não quero mais brincar disso.
Louis e eu gostamos de pegar um peça, ler e depois atua-la. Como se fossemos dois grandes atores. Era nossa brincadeira preferida.
A peça da vez era "Se eu podesse voar", uma obra do meu escritor preferido, onde uma moça muito sonhadora acaba sendo morta pelo ex namorado, tendo os últimos minutos de vida ao lado de seu amigo de infância.
- Claro que estava no texto - disse me sentando no chão.
- Não, não estava.
- Estava sim! - me levantei alterando pouco a voz - Essa é minha obra favorita do meu escritor favorito, eu sei tudo o que está ou não nela!
- Não é o que parece.- o menino des cruzou o braço, revelando a estampa de alguns desenhos que estavam em sua camisa. - Você disse: "Ele me atingiu Louis". É claro que ele te atingiu! Ele atirou em você pra matar!
- Ha ha ha - fingi risada - E você que disse "você está sangrando Harry". É óbvio que eu estaria sangrando. Eu fui baleado!
Um silêncio se presenciou naquele porão, e eu tive um pouco de medo pra falar a verdade. Louis nunca gostou que alguém tivesse a última palavra ou a melhor resposta em um discussão. Ele sempre tem uma resposta boa na ponta da lingua. Ele sempre está certo. Bom... É isso o que ele sempre acha.
-Tudo bem Harry. Eu só não quero mais brincar disso. - Louis disse enquanto se sentava em um baú velho que ficava no canto da parede. - Seria mais legal brincar disso se fosse uma menina e um menino, e não dois meninos.
- Por que? - me sentei do lado dele - Você sempre brincou disso comigo e nunca reclamou.
-Sim. Er... Para ser sincero eu também não sei o porquê Harry, quando eu comentei com meus pais sobre isso, eles me disseram que esse não é o tipo de brincadeira que dois meninos devem brincar. Eles também me disseram que não é certo o jeito que nós nos gostamos. - Louis jogou a franja de seu cabelo para lado, permitindo que eu tivesse mais visão do seu rosto - Por que isso é errado Harry?
Quando Louis veio morar no mesmo bairro que o meu, eu nem dei muita importância. No meu pensamento ele só seria mais outra criança que certamente não seria meu amigo. Como todas as outras. Mas na terceira vez que ele me chamou pra brincar e dividiu seu lanche comigo, eu tive a total certeza que Louis Tomlinson era meu único e melhor amigo.
-Eu não sei Lou. Isso não parece errado para mim.
E eu realmente não sabia o motivo. Nao sei porque os pais de Louis acham estranho e errado nossa amizade. Louis gosta e cuida de mim. Me protege de tudo e de todos que tentam me fazer algum mau. Louis só tem dez anos, e eu oito. O que pode haver de errado em duas crianças que se gostam muito?
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Game Over - Larry Stylinson
FanfictionOnde Harry se apaixona por seu melhor amigo de infância Louis, um rapaz cativante mas viciado em apostas.