Daehyun arqueou uma sobrancelha e olhou profundamente para Youngjae. Não sabia o que dizer, mas tinha certeza de que o puxão que sentiu no peito era saudade. O sonho que tivera voltou para sua mente como uma lembrança distante e vergonhosa; tentou não lembrar muito dos detalhes para evitar que falasse ou fizesse algo idiota.
Chegou um momento em que não conseguiu refrear os pensamentos e imaginou estar sozinho com o ex, apenas os dois naquele apartamento, falando tudo o que estivera preso em suas gargantas nos últimos três anos, acertando tudo o que precisam acertar e deixando as mágoas para trás. Ah, em seu âmago ele realmente queria deixar aquela cicatriz se curar; não suportava olhar para Youngjae e lembrar dos meses felizes que compartilharam juntos, para então perceber que haviam terminado de um modo muito doloroso e cruel.
Entretanto era teimoso demais para admitir em voz alta que queria aquilo; tinha que bancar o "durão" para seus pais, amigos e conhecidos. Ninguém podia imaginar que ele estava amolecendo aos poucos, conforme andava pelos parques e ruas de Seul, recordando dos sorrisos e risadas que deixara Yoo arrancar de si.
— Daehyun...? Não vai dizer nada? — Yongguk cutucou o amigo nada discretamente, sorrindo e deixando a gengiva rosada à mostra. Deu um belo tapa na cabeça do cantor quanto este não se moveu e suspirou, se aproximando dos "visitantes". — Ei! Meu nome é Bang Yongguk, sou o melhor amigo daquele bobo ali.
— O-Olá, como vai? Desculpa atrapalhar vocês. — Gaguejou Youngjae, duplamente chocado. Primeiro porque Daehyun nunca havia mencionado nada sobre ter um melhor amigo chamado Yongguk. Segundo porque o modo como Jung estava parado, feito uma estátua, era muito diferente do habitual. — Acho melhor voltarmos outra hora.
— Imagina! Vocês não atrapalharam em nada. Por que não entram? — O homem era simpático e prestativo demais, agindo como se estivesse na própria residência. Aquela situação não poderia ser mais desconcertante.
— Não queremos atrapalhar mais. — Insistiu o economista, já puxando os sobrinhos mais para trás. Encarou o cantor mais uma vez e o mesmo o olhava, com a mesma face petrificada. — Nós podemos conversar depois, Daehyun. Desculpa. Até mais Yongguk, foi um prazer.
Os três viraram as costas para o apartamento de número 869, constrangidos.
— Quem são eles?
Yoo pôde escutar perfeitamente quando seu nome saiu dos lábios do cantor, de modo pausado, como uma mensagem que precisava ser decodificada ou uma palavra de duplo sentido. No primeiro passo que deu para se afastar com os pequenos, foi interrompido pelo sonoro "ei" de Daehyun. Youngjae foi o primeiro a voltar atrás e encarar o cantor, que limpou uma gota de suor com a palma da mão.
— Vocês não atrapalham em nada. — Afirmou com mais veemência, lançando um olhar gélido para Yongguk quando o mesmo começou a rir.
"Talvez já saiba da fatídica relação que tivemos. Ah, é óbvio que ele sabe de tudo, afinal eles são melhores amigos" pensou o economista, ainda incomodado com o fato de desconhecer a existência do homem até aquele atual momento.
Daehyun deu dois passos e parou. Mordeu o lábio inferior e arriscou um sorriso para as crianças, que retribuíram no mesmo instante.
— Vamos, entrem. Precisamos colocar o papo em dia. — Era óbvio que ele falava com os pequenos, mas Youngjae não evitou alimentar a ponta de esperança em seu coração; será que finalmente falaria com Daehyun de modo civilizado?
Todos sentaram no sofá e começaram uma conversa comum, falando sobre brinquedos, estudos e trabalho. Na realidade, apenas Yongguk e as crianças tentavam manter o ambiente longe do silêncio constrangedor. Youngjae e Daehyun não se olhavam, por mais que quisessem. Ainda meio alheios ao papo, foram surpreendidos com os gritos animados dos pequenos e as palmas exageradas do mais velho.
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Cobertor
FanfictionYoo Youngjae, um rapaz religioso e centrado, procura por uma moça com os mesmos princípios que os seus. Deixa a Ilha de Ulleung, onde vivia com seus pais, para tentar realizar seu sonho em Seul. Nunca tivera muito contato com o mundo exterior e será...