[86] Livre

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ATENÇÃO: ESSE CAPÍTULO CONTÉM TRECHOS RELACIONADOS A SUICÍDIO. NÃO LEIA SE ISSO TE MOTIVAR A FAZER QUALQUER COISA PARECIDA, EM QUALQUER MODO. VOCÊ É UMA PESSOA LINDA E DIGNA DE VIDA E AMOR.

Meu estado de drogada estava ficando cada vez mais pesado. Eu não ligava mais para o quanto eu usava, ou o quão alta eu estava visivelmente. Eu só queria estar alta, o torpor, perder toda a dor. Eu não queria mais nada do que achar algo que pudesse levar tudo embora. Queria estar livre dos obstáculos, da dificuldade de simplesmente sair da cama e viver. Eu queria estar livre dos demônios dentro da minha cabeça e do sentimento pesado que sentia em meu peito de que não pertencia ali. Eu sentia isso quando meus pais e eu sentávamos para comer, com a barriga redonda de minha mãe tocando a mesa. Eles seriam tão mais felizes sem mim. Eu sentia quando estava com Saffy e lhe falava como eu estava me sentindo, sabia que ela estava se cansando de mim e não queria lidar com o estorvo de ser minha amiga mais. Queria nada mais do que me enrolar em minha cama e deixar que a vida passasse por mim.

~*~

"Você me deve a porra do dinheiro, Valderrama" Meu traficante, Mark rosnou comigo ao telefone.

"Eu sei, mas meus pais tem estado em suspeita então eu tive de baixar minha bola por um tempo, ok? Vou te dar o dinheiro hoje à noite." Eu o assegurei, mas era tudo mentira. Eu não poderia dar-lhe o dinheiro porque eu precisava dele do álcool que estava pagando ao cara sem teto para comprar para mim. Uma vez que eu não tinha vinte e um anos, e era tão conhecida, não era fácil para mim conseguir uma identidade falsa. Essa era a melhor opção possível.

"É melhor que me dê  mesmo. Não pense que por causa do seu status eu vou deixar isso fácil. De um jeito ou de outro você vai me pagar." Com isso, ele desligou.

Sentei na cama e coloquei a cabeça entre minhas mãos. Eu não poderia pedir aos meus pais mais dinheiro, isso seria loucura. Eles perguntariam para que era, e então eu teria que bolar uma mentira e tudo iria por água abaixo só pelo meu rosto se minha história não fosse perfeita. Me levantei e andei quietamente até a janela, vendo nenhum dos dois carros. Perfeito. Eu praticamente corri para o quarto deles dois e para o armário de minha mãe. Ela geralmente guardava algumas centenas de dólares ali que não seriam percebidos. Abri a caixa de joias e levantei a barrinha de madeira que tinha no fundo. Sentei e tinha algumas notas de cem. Rapidamente peguei cinco, então coloquei a caixa exatamente onde estava antes e corri para meu quarto. Coloquei um moletom com capuz e saí da casa.

O beco estava escuro, como sempre, mas naquela noite parecia assustador até demais. Os bêbados de sempre que eram espalhados por ali agora estavam juntos e falando baixo entre si. Os maconheiros não estavam rindo loucamente como sempre, mas encarando o nada com olhos de vidro. Tentei não olhar para ninguém por tempo suficiente enquanto andava até Mark. Ele estava conversando com outro cara, mais velho do que eu, e lhe deu uma garrafa de pílulas, pegando um chumaço de dinheiro dele.

"Isabella." Ele me chamou, quando me viu chegar. "Acredito que manteve nosso acordo?" Eu assenti e lhe dei o dinheiro, assistindo-o contá-lo lentamente, "Muito bem. Agora, acredito pela sua última encomenda, você está se sentindo melhor?"

Assenti, "Sua especialidade é certamente fazer maravilhas." Os antidepressivos que Mark tinha me dado eram tão fortes que sentia que estava nas nuvens quando tomava pelo menos um deles.

"Eu tenho mais, se você quiser. Duzentos dólares. É uma dose mais forte, mas acho que você tolera."

Fechei meus olhos, sabendo que não tinha muita escolha, "Tudo bem." Entreguei a ele mais dinheiro e peguei a sacolinha, examinando-os. "Tem certeza que são a mesma coisa? Eles me parecem completamente diferentes."

Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora