Capítulo 3 ♡

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13 de julho
manhã

Diário...
estou feliz! Ontem fui a uma festa com Alessandra, altíssima e esguia em cima dos seus saltos, linda como sempre, e como sempre um pouco grossa nas expressões e nos movimentos. Mas afetuosa e meiga. No começo eu não queria ir, um pouco porque as festas me chateiam e um pouco porque ontem o calor estava tão sufocante que me
impedia de fazer qualquer coisa. Mas depois ela implorou para que a acompanhasse e eu
acabei indo atrás dela. Chegamos à periferia cantando em cima do scooter, andando na
direção das montanhas que o calor do verão transformou, de verdes e exuberantes, em
secas e murchas. Nicolosi estava toda reunida na praça em grande festa, e no asfalto,
que a noite tinha deixado menos quente, havia muitas bancas de doces e frutas secas. A
casa ficava no final de uma ruazinha sem iluminação; quando chegamos na frente do
portão, ela começou a gesticular como se quisesse cumprimentar alguém e gritou forte:
"Daniele! Daniele!".
Ele chegou em passos muito lentos e cumprimentou. Parecia bem bonito,
embora a escuridão não me deixasse ver nada direito. Alessandra nos apresentou e ele
apertou minha mão frouxamente. Sussurrou bem baixinho o seu nome e eu sorri um
pouco, pensando que ele era tímido; de repente notei um brilho bem nítido no escuro:
eram os seus dentes, de uma brancura inacreditável. Então, apertando a mão dele mais
forte, disse com uma voz um pouco alta demais: "Melissa", e talvez ele nem tenha
notado os meus dentes, não tão brancos quanto os seus, mas quem sabe viu também os
meus olhos se iluminarem e brilhar. Depois que entramos, me dei conta de que, com a
luz, ele parecia ainda mais bonito; eu estava atrás dele e podia ver os músculos das
costas se mexendo a cada passo. Eu me senti mínima com meu 1m60 e me senti feia
perto dele.
De fato, quando nos sentamos nas poltronas da sala, ele ficou na minha frente
bebericando devagar a cerveja e olhando direto nos meus olhos. Naquela hora comecei a
sentir vergonha das espinhas na minha testa e da minha pele clara demais comparada
com a dele. Seu nariz, reto e bem proporcionado, parecia com o de certas estátuas
gregas, e as veias em relevo nas mãos lhe davam uma força notável; os olhos, grandes e
azul-escuros, olhavam para mim orgulhosos e maravilhosos. Fez várias perguntas
demonstrando, porém, a sua indiferença por mim, o que, em vez de me desencorajar, me
deixou mais forte.
Ele não gosta de dançar, nem eu. Assim, ficamos sozinhos enquanto os outros se
soltavam, bebiam e riam.
Fez-se um silêncio e eu quis remediar.
- Bonita essa casa, não é? - falei, fingindo segurança.
Ele só sacudiu os ombros e eu não quis ser indiscreta, então fiquei calada.
Depois chegou o momento das perguntas íntimas; quando todos estavam muito
ocupados dançando, ele se aproximou ainda mais da minha poltrona e começou a me
olhar com um sorriso. Eu estava surpresa e encantada e fiquei esperando um movimento
dele: estávamos sozinhos, no escuro, e agora numa proximidade muito favorável.
Depois a pergunta:
- Você é virgem?
Fiquei vermelha, senti um nó na garganta e um monte de espinhos espetando a cabeça.
Respondi com um sim tímido que me obrigou imediatamente a desviar o olhar
para o outro lado, tentando evitar aquele vexame. Ele mordeu os lábios para reprimir
uma gargalhada e limitou-se a tossir um pouco, sem pronunciar uma sílaba. E dentro de
mim as censuras eram fortes e violentas: "Agora, nem te levar em conta ele vai!
Idiota!", mas no fundo o que eu poderia ter dito? A verdade é essa mesmo, eu sou
virgem. Nunca fui tocada por ninguém fora eu mesma, e isso me enche de orgulho. Mas
a curiosidade existe, é até bem grande. Em primeiro lugar, a curiosidade de conhecer o
corpo masculino nu, coisa que nunca pude fazer: na televisão, quando transmitem cena
de nudez, meu pai pega rapidamente o controle remoto e muda de canal. E nesse verão,
quando fiquei a noite inteira com um menino florentino que estava de férias aqui, não
tive coragem de enfiar a mão no mesmo lugar onde ele já tinha enfiado a dele.
E depois tem a vontade de experimentar um prazer que seja produzido por outra
pessoa que não eu, de sentir a pele de alguém contra a minha. Por último, conseguir o
privilégio de ser, entre as meninas da minha idade que conheço, a primeira a ter uma
relação sexual. Por que ele me fez essa pergunta? Ainda não pensei como vai ser a
minha primeira vez e muito provavelmente não vou pensar nunca, só quero vivê-la e, se
puder, guardar para sempre uma recordação bonita que vai me acompanhar nos
momentos tristes da vida. Acho que poderia ser ele, Daniele, tive uma intuição por
algum motivo.
Ontem de noitinha trocamos os nossos números de telefone e esta noite,
enquanto dormia, ele me mandou uma mensagem que eu li hoje de manhã: "Eu me senti
muito bem com você, você é legal e gostaria de te ver de novo. Por que não vem até a
minha casa amanhã, a gente pode tomar um banho de piscina."

19h10

Estou perplexa e nervosa. O impacto daquilo que até umas horas atrás eu
desconhecia foi bem repentino, mas não completamente desagradável.
A casa de campo dele é muito linda, cercada por um jardim verdíssimo e por
miríades de flores coloridíssimas e frescas. Na piscina azul brilhava o reflexo do sol e a
água convidava a um mergulho, mas justamente hoje eu não podia, porque estava
menstruada. Debaixo do salgueiro-chorão fiquei olhando os outros mergulhando e
brincando, enquanto eu ficava lá sentada na mesinha de bambu, segurando um copo de
chá gelado. De vez em quando, ele me olhava sorrindo e eu correspondia feliz. Depois
vi que ele subia a escadinha e vinha na minha direção com as gotas d'água escorrendo
lentamente pelo seu peito brilhante, sacudindo com uma das mãos os cabelos molhados
e espalhando gotinhas pra todo lado.
- Pena que você não está podendo se divertir disse com uma expressão
ligeiramente irônica.
- Não tem problema - respondi -, vou tomar um pouco de sol. Sem dizer nada, agarrou a minha mão e com a outra pegou o copo e colocou na
mesinha.
- Aonde é que a gente vai? - perguntei rindo, mas um pouco temerosa.
Ele não respondeu e me levou até uma porta no alto de uns dez degraus, afastou
o capacho e pegou um maço de chaves; enfiou uma delas na fechadura encarando-me ao
mesmo tempo com olhos espertos e brilhantes.
- Onde é que você está me levando? - perguntei de novo com o mesmo medo de
antes, mas bem escondido.
Mais uma vez, nenhuma resposta, só um leve sinal de riso. Abriu a porta, entrou
me arrastando para dentro e fechou-a atrás de mim. No quarto mal iluminado pelas
frestas de luz que passavam pelas venezianas e extremamente quente, apoiou-me contra
a porta e me beijou com paixão, fazendo-me provar os seus lábios, que tinham gosto de
morango e uma cor que também lembrava muito a fruta. Suas mãos estavam apoiadas
na porta e os músculos dos braços estavam tensos, dava para senti-los, fortes sob as
minhas mãos que o acariciavam e percorriam seu corpo, enquanto umas fagulhas
percorriam o meu. Depois segurou meu rosto entre as mãos, afastou-se da minha boca e
me perguntou baixinho:
- Você quer?
Mordendo os lábios, respondi que não, porque milhões de medos me invadiram
de repente, medos sem nenhum rosto, abstratos. Ele aumentou a pressão das mãos
apoiadas no meu rosto e com uma força que, sem conseguir, talvez quisesse traduzir em
carinho, empurrou-me cada vez mais para baixo, mostrando bruscamente oDesconhecido. Agora ele estava diante dos meus olhos, com cheiro de homem, e cada
veia que o atravessava exprimia tanta potência que achei que devia acertar as contas
com essa força. Ele entrou presunçoso entre os meus lábios, lavando o sabor de
morango ainda impregnado neles.
Depois, de repente, houve uma outra surpresa, e minha boca se encheu de um
líquido quente e ácido, muito abundante e denso. Meu repentino sobressalto devido a
essa nova descoberta provocou alguma dor nele, que agarrou minha cabeça com as
mãos e a puxou para si com mais força ainda. Eu sentia a sua respiração ofegante e
cheguei a pensar por um momento que o calor de seu hálito chegava até mim. Bebi
aquele líquido porque não sabia o que fazer com ele, o esôfago fez um barulhinho
que me deixou envergonhada. Eu ainda estava de joelhos, quando vi suas mãos
descerem e, pensando que ele queria me levantar, sorri, mas ele levantou o calção e eu
ouvi o barulho do elástico estalando contra a sua pele molhada de suor. Então me
levantei sozinha e olhei-o nos olhos procurando por alguma palavra que me
tranqüilizasse e me fizesse feliz.
- Quer beber alguma coisa? - perguntou ele.
Ainda sentindo o sabor ácido do líquido dentro da minha boca, respondi que sim, queria um copo d'água. Ele afastou-se e voltou alguns segundos depois com o copo na
mão, enquanto eu continuava apoiada na porta olhando curiosa para o quarto, depois
que ele acendeu a luz. Olhava para as cortinas de seda e para as esculturas, e para os
vários livros e revistas em cima dos sofás elegantes. Um enorme aquário projetava suas
luzes brilhantes nas paredes. Ouvia rumores provenientes da cozinha e dentro de mim
não tinha nenhuma aflição ou vergonha, mas um estranho contentamento. Só depois a
vergonha tomou conta de mim quando ele, com um gesto indiferente, estendeu o copo
para mim. Eu perguntei:
- Mas é assim mesmo que se faz?
- É! - respondeu ele com um sorriso sarcástico que mostrava todos os seus
lindíssimos dentes. Então sorri de volta e o abracei. Enquanto sentia o cheiro da sua
nuca, percebi as suas mãos atrás de mim agarrando a maçaneta e abrindo a porta.
- A gente se vê amanhã - disse ele, e depois de um beijo, que para mim foi doce,
desci para encontrar os outros.
Alessandra olhou para mim rindo e eu esbocei um sorriso que logo desapareceu
quando abaixei a cabeça: eu estava com lágrimas nos olhos.

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