Capítulo 13 ♡

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11 de janeiro de 2002

Um sonho que tive esta noite.

Desço do avião, o céu de Milão mostra uma cara atormentada e hostil. O vento
gélido e grudento me despenteia e faz pesados os cabelos recém-saídos do cabeleireiro;
com a luz amarelada, meu rosto ganha um colorido apagado e meus olhos parecem
vazios, cercados por finas esferas fosforescentes que me dão um ar ainda mais estranho.
Minhas mãos são frias e brancas, de morta. Chego ao interior do aeroporto e
olho meu reflexo num vidro: noto o rosto magro e descolorido, os cabelos longuíssimos,
arrepiados e agora horrorosos. Meus lábios estão cerrados, hermeticamente fechados.
Percebo uma estranha excitação, sem motivo.
Depois me revejo exatamente como o espelho refletia, mas em outro lugar. Em
vez de estar nesse aeroporto, vestida com as antigas roupas de marca, estou,
estranhamente, em uma cela escura e malcheirosa, à qual chega muito pouca luz, de
modo que não consigo ver nem que roupas estou usando, nem em que condições estou.
Choro, estou sozinha. Lá fora deve ser noite. No fundo, entrevejo uma luz ofuscante,
mas de cor intensa. Nenhum ruído. A luz no corredor se aproxima. Fica cada vez mais
próxima e me assusta porque não ouço nenhum passo. O homem que chega se move
com grande cautela, é alto, possante.
Apóia ambas as mãos nas grades e eu, enxugando o rosto, me levanto e vou ao
encontro dele; a luz da tocha ilumina o rosto dele, dando-lhe um ar diabólico, mas o
resto do corpo permanece escondido. Vejo seus olhos enormes e famélicos, de uma cor
indefinível, e dois lábios grandes, semi-abertos, que deixam entrever uma fileira de
dentes branquíssimos. Ele leva um dedo à boca para que eu entenda que não devo falar. Fico observando seu rosto agora muito próximo e me dou conta de que é fascinante,
misterioso e belíssimo. Tem um estremecimento intenso quando apóia seus dedos
perfeitos em meus lábios, fazendo um movimento rotatório com muita suavidade. Meus
lábios estão úmidos e eu, com um gesto quase espontâneo, me aproximo ainda mais das
grades apertando o rosto contra elas. Agora os seus olhos se iluminam, mas sua calma é
perfeita e sem tempo: seus dedos entram profundamente na minha boca e minha saliva
os faz deslizar melhor.
Depois ele retira os dedos e, ajudando com a outra mão, arranca a parte de cima
de minhas roupas gastas, deixando descobertos os seios redondos. Os bicos estão duros
e eriçados por causa do frio que entra pela janelinha e, ao toque de seus dedos
molhados, ficam ainda mais. Ele encosta os lábios nos meus seios, cheirando-os
primeiro, depois beijando. Viro a cabeça para trás de prazer, mas meu busto permanece
firme, entregando-se apenas a suas exigências. Ele pára, me olha e sorri. Com uma das
mãos remexe entre suas roupas e, quando me aproximo, percebo que é um homem da
igreja.
Há um tilintar de chaves e o barulho de uma porta de ferro que pouco a pouco se
fecha. Ele está dentro. Comigo. Continua a arrancar minhas roupas por todo o corpo,
deixa descoberta a barriga e depois mais embaixo, onde fica meu ponto mais quente.
Lentamente me faz deitar no chão. Afunda a cabeça e a língua entre as minhas pernas.
Não tenho mais frio e sinto vontade de me sentir, de me perceber através dele. Puxo-o
para mim e sinto meus fluidos em seu rosto. Apalpo sob a túnica e sinto seu membro
ereto e belíssimo em minha mão, que remexe, cada vez mais ansiosa... Seu pênis sob a
batina quer sair e eu ajudo levantando o manto negro.
Ele entra dentro de mim, nossos líquidos se encontram e ele desliza de maneira
estupenda como uma faca na manteiga, mas não desfere golpes. Retira o membro e se
senta num canto. Eu deixo que espere e só depois me aproximo. Ele mergulha de novo
em minha praia espumejante. Bastam poucos golpes, duros, secos e repentinos para me
levar a um prazer infinito. Estamos em uníssono. Ele se recompõe e me abandona
chorando ainda mais do que antes.
Depois abro os olhos e estou de novo no aeroporto, observando meu rosto.
Um sonho dentro do sonho. Um sonho que é o eco do que aconteceu antes. Seus
olhos eram os de Germano.
O fogo da lareira os iluminava, fazia brilhar. Gianmaria entrou com dois grandes
pedaços de lenha e um par de gravetos. Arrumou-os na lareira, que começou a clarear o
ambiente, tornando-o mais acolhedor. Um calor antes desconhecido e reconfortante me
invadia. Aquilo a que eu estava assistindo não provocava em mim nenhuma sensação
horrível e vergonhosa, pelo contrário. Era como se meus olhos estivessem habituados a
certas cenas, e a paixão, que durante todo aquele tempo estivera presa na minha pele,
voou para fora e atingiu o rosto dos dois jovens que estavam involuntariamente em
minhas mãos. Eu podia vê-los encaixados um no outro: eu na poltrona do lado da
lareira, eles no sofá em frente, olhando-se e tocando-se com os espíritos do amor. Cada
gemido era um "eu te amo" para o outro e cada golpe, que em minhas vísceras eu sentia
devastante e doloroso, para eles era uma leve carícia. Eu queria fazer parte daquela intimidade incompreendida, do refúgio amoroso e terno, mas não fiz nenhuma proposta,
fiquei só olhando conforme combinado. Estava nua e pura, no corpo e nos pensamentos.
Depois Germano lançou-me um olhar saciado. Desencaixou-se e, para meu espanto,
ajoelhou-se na minha frente e abriu bem devagar as minhas coxas. Esperou um sinal
meu para mergulhar naquele universo. Conseguiu por um tempinho, mas depois voltou
a ser ele mesmo, duro e implacável Rei africano. Tomou o meu lugar e, puxando-me
pelos cabelos, guiou-me até seu membro e foi naquele instante que eu notei os olhos
dele. Foi naquele instante que compreendi que a sua paixão não era diferente da minha:
elas iam de mãos dadas, encontraram-se e fundiram-se.
Depois eles dois adormeceram abraçados no sofá e eu continuei a observá-los
com a pele incandescente por causa das chamas da lareira, sozinha.
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