Capítulo 14 ♡

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24 de janeiro de 2002

O inverno me deixa pesada, em todos os sentidos. Os dias são sempre iguais e
tão monótonos que no fim não se consegue mais suportá-los. Acordar cedíssimo, escola,
discussões com os professores, voltar pra casa, fazer os deveres até tarde, incrivelmente
tarde, ver alguma besteira na TV, quando os olhos agüentam, ler algum livro e depois
dormir. Dia após dia as coisas são assim, salvo algum telefonema inesperado do anjo
presunçoso e de seus diabos; nesse caso, visto-me como melhor puder, tiro as roupas de
estudante diligente e ponho as de mulher que enlouquece os homens. Tenho que
agradecer a eles por me darem a oportunidade de me afastar da mediocridade e de ser
algo diferente.
Quando estou em casa, entro na Internet. Procuro, exploro. Busco tudo aquilo
que me excita e me faz ficar mal ao mesmo tempo. Busco a excitação que nasce da
humilhação. Busco o aniquilamento. Busco os indivíduos mais bizarros, aqueles que
enviam fotos sadomasoquistas, aqueles que me tratam como uma verdadeira puta.
Aqueles que querem descarregar. Raiva, esperma, angústias, medos. Não sou diferente
deles. Meus olhos ficam com uma luz doente, meu coração bate desenfreadamente.
Acho (será que me iludo?) que posso encontrar nos meandros da rede alguém disposto a
me amar. Não importa quem seja: homem, mulher, velho, jovem, casado, solteiro, gay,
transexual. Todos.
Ontem à noite acessei o site lésbico. Experimentar com uma mulher. A idéia não
me repugna totalmente. Mais que outra coisa, tenho vergonha, tenho medo. Algumas
entraram em contato comigo, mas descartei-as de imediato, sem ter visto nem a foto.
Essa manhã encontrei um e-mail na minha caixa de correio: é uma menina de 20
anos. Disse que se chama Letizia, e também é de Catânia. A mensagem diz muito
pouco, só o nome, a idade e o número do telefone.

1° de fevereiro de 2002
19h30

Na escola me deram um papel na peça de teatro.
Finalmente vou ocupar meus dias fazendo alguma coisa divertida. Vamos nos
apresentar daqui a mais ou menos um mês, num teatro do centro.

5 de fevereiro de 2002
22h00

Liguei para ela, tem a voz um pouco estridente. Com um tom alegre e
desenvolto, ao contrário do meu, melancólico, pesado. Depois de um tempo, me soltei,
sorri. Não tinha nenhuma vontade de saber dela e de sua vida.
Só estava cheia de curiosidade de conhecê-la fisicamente. De fato, perguntei:
- Me desculpe, Letizia... Você não teria uma foto pra me mandar?
Ela riu bem alto e exclamou:
- Claro, liga o computador, vou mandar agora mesmo, enquanto estamos aqui no
telefone, assim você me fala o que achou.
- OK - respondi satisfeita.
Linda, incrivelmente linda. E nua. Convidativa, sensual, cativante.
- É você mesmo? - balbuciei.
- Claro! Não está acreditando?
- Sim, claro, claro que acredito... Você é... linda... consegui dizer embasbacada
(e abobalhada também!) com a foto e com o meu encantamento. Quero dizer, não gosto
de mulheres... Não me viro na rua quando passa uma mulher bonita, não cobiço as
formas femininas e nunca pensei seriamente numa relação de casal com uma mulher.
Mas Letizia tem um rosto angelical e belos lábios carnudos. Abaixo da barriga vi uma
suave ilhota na qual eu poderia aportar, rica e recortada, cheirosa e sensual. E os seios,
como duas doces colinas com dois círculos rosa e grandes na ponta.
- E você? - perguntou ela. - Tem uma foto pra me mandar?
- Tenho - falei -,espere um pouquinho.
Escolhi uma ao acaso, desencavada da memória do meu computador.
- Você parece um anjo - comentou Letizia -, deliciosa.
- Tá certo, posso parecer um anjo... Mas não sou mesmo, de verdade - falei meio
provocante.
- Melissa, quero me encontrar com você.
- Eu também espero por isso - respondi.
Depois desligamos e ela mandou uma mensagem de texto no celular dizendo o
seguinte: "Vou percorrer teu colo com beijos ardentes e com a mão te explorar."
Tirei a calcinha, me enfiei embaixo dos cobertores e acabei com a doce tortura
que Letizia tinha começado sem saber.
7 de fevereiro de 2002
Hoje, na casa do Ernesto, revi Gianmaria. Estava todo feliz, me abraçou com
força. Disse que graças a mim as coisas entre ele e Germano tinham mudado. Não me
disse em que mudaram e eu também não perguntei. De qualquer jeito, até hoje não sei
que motivo levou Germano a se comportar daquele modo naquela noite, mas é evidente
que a causa fui eu. Mas de quê? Por quê? Eu só fui eu mesma, diário.
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Capítulo pequeno mais vem muita coisa por ai heuheuheu...  ★♡
Votem meus queridinhos ★♡

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