As Formas do Invisível [2010]

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PEDRA FUNDAMENTAL

Cidade de pedra.

Cidade em queda,

Tuas ruas não são mais as mesmas,

O tempo te derrubou.

As árvores se foram,

As mangas são importadas,

Tu respiras fumaça,

Tu te banhas em ácido. 

A tua cor é cinza.



MUDANÇA

Nos tempos dos meus avós

Essas ruas eram de terra batida

Na rua só tinham casinhas,

Todos conheciam o padeiro,

O ferreiro, o barbeiro e o doutor.

Não tinha briga, não tinha intriga,

Era tudo bem simples.

Hoje a rua virou avenida,

O asfalto engoliu a terra,

Jogar peteca, nunca mais.

O padeiro não vende mais pão,

O ferreiro virou industrial,

O barbeiro abriu um salão pra grã-fino

E o doutor só atende com hora marcada.

Tudo mudou.

Tudo mudará.




RUA DAS ESTRELAS

O balanço, 

A brincadeira na piçarra

Como era bom  tomar banho na chuva.

A pipa de plástico voa tão alto,

Só dá pra ver o pontinho na imensidão do céu.

A primeira namorada,

Os amigos das conversas infindáveis

O encontro de domingo,

O primeiro emprego.

A mudança,

A vizinhança que fica,

Só as lembranças

E os móveis.

A rua fica, 

O homem vai

E assim a vida vira um eterno recomeço.




MERA VIDA

A mera vida nas ruas

De quem perdeu a esperança

A família e a dignidade

A mera vida do outro,

Os meninos de rua

Abandonados por nós

Esquecidos e invisíveis por todos.

Hoje é a chacina da esquina

As Formas do InvisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora