Destino

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Era um jardim muito belo, com vários arbustos formando esculturas de pessoas e animais, vários canteiros de flores das mais diversas cores e espécies, o verde abundante e a grama tão baixa e tocada pelo orvalho da manhã que parecia fazer a vida resplandecer de uma forma bela e serena. À frente do jardim havia uma grande casa de arquitetura muito antiga, totalmente feita em ouro e prata. Antes da casa havia um tipo de labirinto feito por arbustos criando várias cercas vivas. No centro do jardim, no local mais descampado estava um homem, de pé e pensativo olhando para uma órbita dourada distante. Apesar de olhar estar concentrado no sol o pensamento estava longe. Seu pensamento estava em seus irmãos.

— O que estás a fazer aí Miguel? E porque está a ocultar suas asas? — Perguntou uma voz se aproximando devagar. — Pensei que só as ocultasse quando visitas os filhos mais novos de nosso pai.

Miguel não podia vê-lo, mas ouvia a sua voz se aproximando pelo labirinto de arbustos.

— Nada em especial meu irmão — Respondeu Miguel. — Apenas preocupado. Falas sobre minhas asas Metatron, mas as suas também não estão ocultas?

— Sim estão, pois resolvi caminhar um pouco — Respondeu Metatron aparecendo finalmente na entrada do jardim.

— Mesmo quando resolves atravessar o meu labirinto? — Miguel tinha um sorriso em seus lábios.

— Especialmente quando tomo esta resolução. Mas diga-me meu irmão, o que o faz tão pensativo?

— Estou preocupado com Uriel e Raziel. Já faz pouco mais de vinte e três anos que eles se tornaram Ignes e não temos nenhuma notícias deles.

— Sim é verdade, pouco tempo depois que eles tiveram a epifania, desapareceram aos nossos olhos.

— Apesar de não termos sentido o deslocamento, sabemos que alguns Nefilins se tornaram híbridos também. E embora não saibamos quais foram, tenho certeza de que eles foram por sentirem a transformação de nossos irmãos.

— Sim Miguel, tudo o que sabemos é que poucos dias após a epifania de Uriel e Raziel, alguns Nefilins também passaram por tal processo, porém nada tens com o que se preocupar.

— Como assim Metatron?

— Sabemos da astúcia de Raziel e da complexidade existencial de Uriel. É certo de que estão ocultos justamente por saber dos Nefilins e que estão procurando uma forma de subjugá-los. Nada de mal aconteceu aos dois. Disso tenho certeza.

— Pode ser meu irmão, mas a minha mente não está clara. Não vejo claramente qual caminho devo seguir. Meu coração anseia em acabar de uma vez por todas com todas as guerras, mas minha mente quer dar uma chance a Uriel para protelar novamente o julgamento.

— Tenho certeza de que Uriel pensa como você. Ele também quer por fim as guerras intermináveis, por isso ele se tornou um Igne.

Miguel então voltou o olhar para o irmão Serafim pela primeira vez. O pensamento durante anos esteve concentrado em realizar uma grande Guerra Santa, retirando os mais poderosos inimigos de seu covil e banindo-os para sempre dos cinturões da criação. Por muito tempo Lúcifer esteve oculto e os seus generais assumiram o comando, porém se as profecias fossem cumpridas e o apocalipse finalmente acontecesse tudo teria um fim, que na realidade seria um recomeço onde os filhos mais novos da criação dignos de serem salvos, seriam levados até o reino prometido, sem qualquer tipo de dor ou sofrimento. Mas do que Metatron estaria falando? Será que existia outra forma de retirar das cortinas do mundo a sombra imposta pelos generais caídos sem a necessidade do julgamento final?

Guerra Santa - Livro - 1 - Presságios do ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora