Mais um dia começava naquela calma cidade do nordeste da Itália, Veneza estava linda, brilhando ao raiar do dia.
Me recordo com muita felicidade do cheiro de pães que parecia viajar da padaria do seu Luigi até a mim. Entretanto, a felicidade que me invade hoje em dia, não estava presente na manhã daquela segunda-feira. Um mês havia passado depois que fui demitido, um mês e eu ainda não havia encontrado trabalho algum para fazer. E como se isso não fosse o bastante, tinha que lidar com a grande tragédia que assola minha vida desde a desastrosa noite que antecedeu a minha demissão.
Estava preparando meu café da manhã, ou, na verdade, tentando prepará-lo quando aqueles malditos ataques de depressão me forçaram a abandonar meu projeto de refeição. Desci as escadas rapidamente em busca do ar mais puro possível, a fim de esquecer as mágoas que me atormentavam.
- Da Silva!
Essas palavras me fizeram lembrar dos bons tempos que vivi no departamento de polícia. Quase em desespero, em pleno estado de choque, me virei e visualizei a silhueta de quem havia me chamado.
- Franco! Achei que não o veria mais! – Disse logo que consegui restaurar minhas forças.
- Mas por que caro amigo? - Disse Franco sorridente.
- Não o via desde minha demissão... – Disse a ele em um tom de voz tristonho.
- Tenho uma grande oportunidade para você!
- Como assim?
- Estamos com um caso no qual precisamos de sua ...
- Mas aqui não é um local adequado, vamos subir?
Eu ainda estava em recuperação do choque que antecedeu a chegada de Franco, não conseguia raciocinar, os pensamentos estavam soltos. Nós subimos no elevador em silêncio.
Ao chegarmos no apartamento, nos acomodamos na sala e ficamos fitando um ao outro.
- Não consegui terminar de preparar o café da manhã. – Disse a ele, pegando a garrafa de whisky, que estava em minha baixa e velha prateleira de madeira nobre.
- Você não está bem... Parece triste... – Observou Franco.
Eu fitei os detalhes do lustre que formavam um lonsângulo no teto daquele apartamento. Voltei a mim quando as lembranças do trágico ocorrido envolveram minha mente.
- Como não estaria? Mas enfim, qual é o caso ao qual você se referiu a pouco?
- Bem, imagino que conheça o empresário dono da empresa Polo.
- Prossiga... – Ordenei levantando-me e indo até a janela.
- O filho deste empresário, Paulo César Júnior, foi sequestrado. – Disse ele com uma expressão séria.
Abri as persianas e observei o movimento na rua, voltei-me para ele e disse:
-o que você sabe?
-Esse é o problema, ainda não temos nenhuma informação precisa. - Ele fez uma pequena pausa degustando seu whisky. – a única coisa que temos é esse bilhete. -Completou ele, colocando o bilhete sobre a mesa de centro.
Voltei minha atenção para a mesa, e caminhei até ela. Apanhei o bilhete e comecei a ler:
-Hum...Onde o menino foi visto pela última vez?
-Na banca de jornal.
-Por quem? –Perguntei me interessando pelo caso.
-Fátima Zoraide, dona da banca de jornal.
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Plataforma 9
ActionUm policial dedicado, porém depressivo e sem perspectivas de futuro. Um caso, um vilão, uma história emocionante. Conto escrito em parceria com Sandy Araújo.