Capítulo II

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Naquele mesmo dia Rick conversou com Katherine sobre o comportamento de Graham e Cynthia. Jantou na casa dos pais e acompanhou a mãe até seus aposentos quando ela se retirou.

— E tão bom ter você por perto, aqui em casa conosco — ela lhe disse.

Deitada em sua cama de casal, com uma compressa sobre a testa, Katherine contraía os olhos por causa da enxaqueca que a atormen­tava com certa frequência. Rick avaliou demoradamente o quarto, ponderando a distância entre o requinte das peças que o mobiliavam e a realidade do mundo fora dali. Sua mãe se guardava entre aquelas paredes, intimidada ou assustada com tudo que estivesse em desarmonia com aquele contexto no qual se sentia perfeitamente inserida.

— Fico contente em vê-lo tão bem, Rick — ela disse. — Poderia, no entanto, dar um jeito nesses seus cabelos. Ficaria bem mais bo­nito se os cortasse. — Katherine olhou para o filho com carinho e manifestou seu desejo tipicamente materno: — Gostaria tanto que encontrasse uma boa moça que cuidasse bem de você.

Rick tomou-lhe o pulso e, em seguida, inclinou-se um pouco para frente, encostando a mão no pescoço dela. Queria sentir sua tempe­ratura.

— Como está? — perguntou.

— Cansada, como sempre — ela respondeu.

— Que remédios você está tomando?

— Além daquelas pílulas para o coração e das cápsulas para controlar a pressão alta, o Dr. Herbert prescreveu também um antidepressivo. Tomo também um calmante uma hora após o jantar, para poder dormir melhor.

Katherine sabia que Rick desaprovava o uso excessivo de medi­camentos. Mas, naquele momento, ele achou por bem não dizer na­da. Foi ela quem falou:

— Meu filho, será que você não poderia esquecer que é médico e conversar comigo sobre outros assuntos que não a minha saúde?

Rick beijou a mão da mãe e se mostrou disposto a atender ao pedido dela.

— Claro, claro, como queira, minha querida. Conte-me, então o que há de novo por aqui?

— Nada. Não há nada interessante acontecendo por aqui. Fale-me sobre você. O que anda fazendo por esse mundo afora? Está namorando alguém?— Katherine retirou a compressa de sobre a testa e olhou para o filho, ávida por uma resposta afirmativa.

— Não. No momento não há nenhuma mulher especial em minha vida, mamãe — Rick a decepcionou.

— Como é mesmo o nome do lugar onde você mora? Sempre me esqueço.

— Punjipur. Trata-se de um pequeno vilarejo situado na região noroeste da índia.

— Lembro-me de seu pai ter mencionado alguma coisa sobre um terremoto que atingiu a região no início de dezembro.

— No Natal, no final de dezembro — ele a corrigiu. — Atendi as vítimas no hospital.

— Foram muitas?

— Ah, sim! Muitas! Algumas seriamente feridas.

— Trabalha há muito tempo nesse hospital?

— Há um ano, aproximadamente.

— E antes, onde você trabalhava?

— Em alguns vilarejos muito pequenos, também no nordeste da África. A desnutrição é um problema bastante sério naquele país.

— Entendo. Sinto muito orgulho de você, meu filho.

— Ajudar aquela gente, principalmente as crianças, é um traba­lho muito gratificante — Rick reconheceu.

Definitivamente... Amor! (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora