Há muito tempo atrás, na era medieval, todos estavam em frenesi devido a aparição de mais um dragão, portas eram trancadas, armas estavam sendo fabricadas e todos aguardavam angustiadamente pela aparição dos caçadores de dragões.
— Porque esse dragão veio aparecer logo na nossa cidade? — Dizia um camponês
— Não entendo! As histórias dizem que dragões gostam de ouro e riquezas, não temos nada disso por aqui. — comentava outro.
Depois de alguns dias conseguiram descobrir que o dragão misterioso estava escondido no estábulo do conde Edward, local onde colocavam os melhores e mais valiosos cavalos da região.
Quem conseguiu ver o dragão de perto, diz que é uma criatura amedrontadora, com escamas grossas e negras, seus olhos emitiam uma intenção assassina nunca antes vista, a criatura é capaz de cuspir labaredas de fogo...
— Eu não sou uma criatura! — resmungou o dragão — Ouço a voz de alguém, quem está aí?
O dragão parecia estar confuso e procurava a origem da voz. Que voz misteriosa será que é essa?
— Eu também quero saber! Você já falou das minhas escamas, disse que cuspi fogo e que sou uma criatura. Eu sou o último dragão vivo, venho de uma linhagem antiga, filho de oicaf, neto de oigaf, meu nome é Oibaf! Ousado, Inteligente, Bravo, Astuto e Fiel. Nós dragões podemos ir além das capacidades humanas e compreender o incompreensível.
Dragão, eu sou o narrador dessa história, não posso dialogar com um personagem! Note que nem existe um travessão no início da minha fala.
— Eu não ligo se estamos em tempos diferentes ou em situações controversas senhor narrador, me dê uma ajudinha com esses caçadores. Eu tenho esse artefato que pode acabar com toda a humanidade.
Deixe eu dar uma olhada – disse o narrador — (isso soou mais estranho do que parece) O artefato parecia uma caixa pequena e dourada, emitia uma luz sombria e azulada em seu interior, uma atmosfera pesada circulava o objeto. O narrador sabe que não existe a menor possibilidade dele modificar qualquer acontecimento dentro da história, pois sua função é apenas narrar.
— É muito irritante você ficar falando de você mesmo como se fosse outra pessoa. Você é o único que pode alterar os acontecimentos, narrador.
Essa história está sendo contada em terceira pessoa. Continuando... Em outro ponto da cidade uma multidão de caçadores aglomerava-se, armados de todos os tipos de armas, inclusive bestas e lanças poderosas, essas pessoas não tem noção de quão perigosa é essa situação. Em toda a história a humanidade sempre atacou tudo o que não compreendia. Porque não matar um enorme lagarto preto que entrou numa cidade por sua própria vontade?
— Se não quer ajudar, não ofende. Tá? Quem você está chamando de lagarto? — Gritava o dragão.
Oibaf, eu estava narrando uma cena no início da cidade, por favor não me interrompa novamente!
Uma espessa neblina tomava conta da noite. Com tochas nas mãos, todos os caçadores, moradores e curiosos caminhavam rumo ao estábulo. O próprio Conde Edward trazia consigo mais de cinqüenta soldados armados até os dentes. A população nervosa e enraivecida cercou o local em todas as direções. Podiam claramente sentir o calor sendo emanado do interior do prédio, um calor sobrenatural. O dragão estava com medo, ele era valente, mas muitos de seus irmãos tinham caído nas mãos dos humanos antes, em um gesto de desespero ele ergue a caixa para o alto e diz:
— Dá uma ajudinha, narrador! Essa caixa é a famosa caixa de Pandora! Alguns caçadores estão atrás dela. No passado, quando a Pandora abriu esta caixa, deixou passar apenas uma pequena parte de todo o caos que ela contém. Se eles conseguirem obter esse artefato, nada nesse planeta estará seguro. Já não peço pela minha vida, mas por tudo que existe.
Os humanos abriram a enorme porta do estábulo, no momento em que dezenas de cavalos correram do local os homens atiraram todo tipo de armas na criatura. Eles ouviram um grunhido alto vindo da fera, eles não conseguiam ver nada e decidiram trazer algumas tochas. Ao se aproximarem notaram que se tratava apenas de um crocodilo, ele devia ter vindo de algum lago das proximidades (Nem me perguntem se existiam crocodilos na era medieval hein!). O dragão olhava incrédulo, de alguma forma ele não estava no estábulo onde estavam atacando e sim em outro bem distante dali. Ele olhou com simpatia para o nada e no dia seguinte continuou sua jornada para enterrar este perigoso artefato.
Aos que lerem a história, por favor , não condenem este narrador. Acredito que fariam o mesmo se estivessem no meu lugar. :)
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O Dragão e a Caixa Misteriosa
Short StoryConto criado para participação simbólica da Copa dos Contos - Wattpad 2016.