Kylie Halen desviou os olhos da sua fatia de pizza de pepperoni sobre o prato de porcelana e tentou ignorar o fantasma que Brandoa a espada sagrenta bem atrás do seu agite da sua tia-avó. Os membros recém-descobertos da sua família até que eram... gente boa, mas um pouco certinhos demais. E gente certinha provavelmente não apreciaria um fantasma indesejado manchando de sangue as paredes da sala de jantar.
O espírito, uma mulher de cabelos escuros e soltos, com trinta e poucos anos, conteve o movimento da espada e olhou diretamente para Kylie. Ou você mata ou matam você. É simples assim. As palavras reverberaram na cabeça de Kylie. Elas tinham sido transmitidas telepaticamente e, considerando o tópico discutido, essa provavelmente era a melhor opção.
--- Não é tão simples assim --- Kylie contra-atacou. --- Estou tentando comer, então você se incomodaria de ir embora?
--- Que indelicadeza! --- Exclamou o fantasma. --- Você deveria ajudar os espíritos. Precisa ser fiel as suas próprias regras.
Kylie torceu o gardanapo de pano em seu colo. Será que existe alguma coisa nos manuais que obrigue alguém que se comunica com fantasmas a ser educado com espíritos detestáveis?
Ah, espere aí, ela não tinha uma droga de manual nem instruções a seguir. Estava improvisando. Improvisando em tudo, na verdade: na comunicação com fantasmas, no fato de ser sobrenatural e de ser a namorada de alguém.
Ex-namorada de alguém!
Ultimamente, ela sentia que estava improvisando toda a sua droga de vida, é fazendo uma confusão danada, também. Como sua decisão de deixar Shadow Falls, o acampamento recentemente transformadora escolapara adolescente paranormais. Na época ela sentiu que era a coisa certa a fazer.
Na época.
Ela estava ali, na morada dos camaleões, havia menos de duas semanas e não tinha mais tanta certeza.
É verdade que tivera uma boa razão para vir --- descobrir mais sobre sua herança paranormal. Ter a chance de conhecer o avô, Malcolm Summers, e a tia-avó, Francyne.
Meses depois de saber que não era totalmente humana, ela finalmente descobriu que era um camaleão, uma espécie rara que foi obrigada a se esconder depois que uma unidade do governo paranormal, a Unidade de Pesquisa de Fallen, ou UPF, tinha usado alguns dos seus membros como cobaias para tentar explicar sua habilidades. A própria avó de Kylie tinha morrido por causa desses experimentos. E agora o mesmo ramo da UPF queria fazer testes com Kylie. Dava para acreditar que isso estava acontecendo?!
Mas a maior motivação de Kylie para deixar Shadow Falls não tinha nada a ver com a UPF ou com a descoberta da sua herança familiar. Tinha tudo a ver com a sua fuga.
Fuga de Lucas, o lobisomem por quem era apaixonada. O lobisomem que tinha prometido a própria alma a uma garota da própria espécie e esperava que Kylie acreditasse que aquela promessa não significava nada para ele. Como Lucas podia ter feito uma coisa daquelas? Como podia ter beijado Kylie com uma tanta paixão ao longo de todo o mês anterior e, no entanto, ter-se encontrado com aquela garota toda vez que ia para a casa do pai? Como Kylie podia ficar em Shadow Falls e continuar olhando na casa dele?
O problema era que ela até podia ter conseguido fugir de Lucas, mas não é própria desilusão. E agora não estava sofrendo apenas por causa de um certo lobisomem; estava sofrendo porque... cada célula do seu corpo sentia falta de Shadow Falls. Tudo bem, talvez não tanto de Shadow Falls, mas das pessoas de lá. Os amigos que tinham se tornado sua familia: Holiday, a fae líder do acampamento, que era como irmã mais velha. Burnett, o vampiro austero, outro líder do acampamento que era ao mesmo tempo um amigo e uma espécie de pai para ela. Suas duas colegas de alojamento, Della e Miranda, que se sentiam abandonadas quando Kylie partiu. E Derek, que tinha declarado sei amor, mesmo sabendo que ela amava Lucas.
Ah, Deus, ela sentia tanta falta de todo mundo! E o mais irônicoera que estava só a alguns quilômetros de Shadow Falls, entocada numa região isolada e montanhosa e que poderia muito bem estar do outro lado do mundo.
Claro que ela falava com Holiday todo dia. A princípio o avô tinha recusado esse direito a ela, mas a tia havia insistido para que ele fosse mais razoável. O avô tinha voltado atrás, mas só se ela usasse um certo aparelho telefônico e fosse muito breve, para que os telefonemas não fossem rastreados. E de maneira nenhuma Kylie poderia dizer onde estava.
Como acampamento era filiado à UPF, o avô não confiava em ninguém em Shadow Falls. E essa desconfiança só contribuía para aumentar o seu sentimento de isolamento com relação a todos que amava. Até com relação à mãe, que telefonava para avisar que viajaria para a Inglaterra com John, o seu novo namorado, com quem Kylie não simpatizava nem um pouco. Evidentemente, o avô pertimia que ela retornasse a ligação da mãe toda vez.
As lágrimas provocaram um aperto na garganta de Kylie, mas ela se recusou a chorar. Tinha que ser forte. Já estava bem crescidinha e precisava agir como a adulta que era.
--- A pizza está boa? --- a tia-avó perguntou.
--- Sim, está ótima. ---Kylie viu os dois parentes idosos cortarem a pizza de pepperoni como se fosse um bife. Ela sabia que eles tinham servida à pizza apenas por causa dela, pois perguntaram quais eram seus pratos preferidos depois de ver que ela mal tocara em suas refeições nos últimos dias. Sentindo-se obrigada tanto a comer quanto a demonstra boas maneiras assim como eles, ela se forçou a morder um pedaço de pizza e mastigá-lo.
Ela não era um vampiro agora, portanto devia estar apreciando a comida.
Mas não estava.
Nada parecia ter gosto.
Nada parecia certo.
Não parecia certo comer pizza com garfo e faca, num prato de porcelana tao fina que parecia rara e antiga o bastante para esta num museu. Nem se sentar nessa luxuosa mesa de jantar posta com toda a pompa. E, especialmente, não parecia certo ver um espírito sr aproximando do avô, segunrando uma espada sobre a cabeça dele.
Kylie olhou para o espírito.Continua....