Capítulo 20: Rose

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Rose P.O.V.

Domingo (dia do rapto) :

- Ah! - grito assim que um homem me agarra e me põe em cima do seu ombro, enquanto corre para um carro. Comecei a espernear-me e a bater nas costas dele mas nada,...

Ao longe conseguia ver a minha mãe a correr para me tentar alcançar mas o homem foi mais rápido e atirou-me para o porta bagagens do carro e avançou com o mesmo a alta velocidade. Por mais que batesse na porta e me debatesse para sair dali não servia de nada. Pensei em usar o meu telemóvel mas depois lembrei-me que o meu querido padrasto - de quem eu não gostava nem um bocadinho - decidiu que eu passava demasiado tempo nele e então tirou-mo. Obrigadinha Tom!

O carro devia andar a uns 200
km/h - sem exagero - e passado uns 45-50 minutos parámos. Ouvi a porta do condutor abrir e fechar e depois passos apressados. A porta do porta bagagens foi aberta e a claridade invadiu os meus olhos. O homem (muito feio por sinal) pôs-me um pano na boca que me fez adormecer instantaneamente sem me dar ao menos tempo de me defender...

Segunda-feira:

Acordo lentamente e olho em volta: um quarto pequeno com apenas uma cama (onde eu estou algemada) e uma janela. Assusto-me quando a porta é aberta e entra uma mulher com mais ao menos 32-33, com cabelo preto e uma tatuagem no pescoço de uma palavra qualquer em chinês.

Ela vem a sorrir até mim e depois senta-se na borda da cama.

- Bom dia! Dormiste bem? - não respondo. - deves estar com fome, vou preparar-te o pequeno-almoço.

- Eu não tenho fome! Eu quero a minha mãe...- disse já a chorar.

- Não chores querida! A tua mãe agora sou eu! Eu vou tomar muito bem conta de ti!

- O quê? Eu já tenho uma mãe! Quero ir para casa! - comecei a debater-me com as algemas mas não serviu de nada.

- Não digas isso querida! Esta agora é a tua casa! E eu e o meu marido vamos tomar muito bem conta de ti! Já agora: o meu nome é Helen, mas podes chamar-me de mãe!

- Que pena... E eu que já tinha tantos nomes na minha cabeça para lhe dar, e acredite que nenhum deles tinha a ver com mãe ou Helen.- fiz uma cara cínica, e ela olhou para mim com nojo.

- Os teus pais não te educaram nada bem! Mas não te preocupes que isso vai mudar em breve! Bem vou preparar o pequeno-almoço. Até já meu amor! - ela saiu, deixando-me sozinha com os meus pensamentos...

De vez em quando ouvia a voz de um homem e não conseguia deixar de reparar que ele tinha a voz extremamente parecida com alguém que eu conheço... Só não sei quem...

Terça-feira:

Mais um dia neste pesadelo... A Helen (ou falsa mãe, como eu gosto de lhe chamar) acha mesmo que é a minha mãe e trata-me como se fosse sua filha e sinceramente isto já me está a irritar. Ainda não vi o seu marido mas já ouvi a voz dele só que ainda não consegui perceber de onde é que a reconheço...

Como será que a minha mãe está? E o meu pai? E o Tom? Nah esse provavelmente está a esfregar-se numa vadia qualquer. Yap, é verdade. O Tom anda a trair a minha mãe, o único problema é que não tenho provas para o denunciar e além disso ele ainda se passa e me começa a fazer a vida num inferno ainda maior...

E o Dylan? Será que ele sente a minha falta? Espero que sim... Agora que estamos a namorar pensei que seria melhor mas sinceramente a minha vida anda mais confusa que nunca... Já com o Kay a vida é perfeita! Ele é engraçado, carinhoso, querido, e apesar de não ser tão giro como o Dylan também é giro... Mas porque é que eu estou a pensar nisso? Eu fui raptada e adotada por uma família de lunáticos! Eu devia era estar preocupada em sair daqui... Aí a vida é tão confusa...

Quarta-feira:

Acordei exaltada com a porta do "meu" quarto a ser aberta bruscamente. A figura de um homem com uma máscara na cara e um aparelho muito estranho na boca veio na minha direção. Ele é que devia ser o marido da Helen... Segurava um telemóvel na mão e do outro lado consegui ouvir uma voz a dizer: Peço desculpa, mas a chamada não está identificada, quem fala?

Nesse momento arrepiei-me: aquela era a voz da minha mãe. O homem pôs o telemóvel em alta voz e disse com uma voz robótica (deve ser para isso que serve o aparelho na boca): ela vai aprender a não se meter onde não é chamada. Antes de ele desligar ainda consegui dizer que queria ir para casa mas acho que ela não chegou a ouvir...

O marido da Helen (ou falso falso falso pai/ psicopata) saiu do quarto e trancou a porta (como de costume). Deitei-me novamente mas não consegui adormecer... Em vez disso fiquei a tentar ouvir a conversa do quarto ao lado mas a única coisa que ouvi foi: ela vai descobrir amanhã...

Quinta-feira:

Era perto do meio-dia, a Helen (ou idiota) já me tinha vindo aqui trazer o pequeno-almoço, mas eu não estava com muita fome... A porta do quarto foi destrancada e entrou o mesmo homem de ontem. Ele tinha uma daquelas máscaras que os assaltantes usam na cara, sentou-se na cama ao meu lado e disse:

- Queres saber quem eu sou? - assenti, ainda que um pouco insegura. Ele tirou a máscara e deu um sorriso falso: não acredito!

- Tu?

O ladrão de floresOnde histórias criam vida. Descubra agora