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Histórias e Perseguições

Acordo com o barulho do despertador, olho para o lado procurando minhas irmãs, estava em um quarto lindo, aí me lembro aonde estou, pulo da cama super animada.

- Estou na Grécia, maravilha...

Me arrumo, coloco um short jeans e uma blusinha regata folgada, ponho meus All stars pretos e saio do quarto.

- Para onde vou agora...

Tantos lugares que queria conhecer, quero muito experimentar o Yogurt grego, já tomei muito desse tipo, mas eles não vinham diretamente daqui.

Caminho até o restaurante do hotel e me sento em uma das mesas, logo um garçom chega para me atender.

- Bom dia senhorita, quer o cardápio? - perguntou muito solícito, era jovem, acho que tem minha idade, é muito bonito, sorri para ele.

- Vocês tem yogurt grego no cardápio?

- Sim, temos ele puro, com nozes, creme de avelã, morangos, chocolate Suíço e com granola - respondeu enumerando nos dedos as opções.

- huun, acho que vou querer com granola e morango - falei e pisquei para ele.

Seu sorriso parecia querer sair do rosto, era encantador, tinha músculos proporcionais, cabelos loiros amarrados em um coque, olhos da cor do mel puro, era uma obra digna de Donatello, mordeu os lábios e escreveu em seu bloquinho, sorrindo de canto, realmente uma obra de arte.

- Somente isso ou quer mais alguma coisa?

Não estava falando da comida, sei disso, ia jogar uma cantada mas meus pensamentos me pararam.

"Acabei de sair de um relacionamento complicado, não vou estragar minha viagem em um affair com um estrangeiro, tá que não é qualquer um, é  muito gato e simpático, mas não né Melody"

- Somente isso, muito obrigada Apolo - Digo olhando seu crachá.

Fez uma cara de desagrado e saiu, retirei os olhos.

"Homens... Não sabem ouvir um não, os caras daqui devem achar que as estrangeiras são tudo fáceis"

Voltou com meu yogurt, sorriu sem graça e partiu, coloquei uma colher dele na boca e minha vontade era me enfiar debaixo da mesa como a Ana Maria Braga e mandar soltar os cachorros, o melhor grego que experimentei na minha vida. Terminei e pedi a conta, quando trouxe meu troco, me deu um papel também, Franzi as sobrancelhas.

"Atirado não?"

Abri e era seu número de telefone.

"Bota atirado nisso"

Saio do local, guardo o papel e puxo o mapa que tinha adquirido na recepção do hotel,  abro e começo a analisar os pontos turísticos, ando em direção a rua, caminhando por um tempo vejo que as ruas movimentadas de Atenas é bem mais organizadas que as do meu país.

Passei por várias ruas e em todos os lugares achei algo especial, cheguei em um bairro e vi uma placa na esquina, caminhei mais para perto e comecei a ler:

- Ágora Romana e Biblioteca de Adriano, atrás da praça monastyraki, a Ágora Romana foi construída, entre 11 e 19 a.c. Com doações de Júlio César e Augusto.

A Biblioteca de Adriano foi construída pelo imperador Adriano em 132 D.C.

As duas construções foram destruidas e reconstruídas séculos depois.

Entrei  e comecei a admirar as construções, era um lugar mágico, mas muito antigo, tinha um ar de mistério, nesse recinto tinha várias esculturas, a que mais gostei foi a que representou os três principais deuses da Grécia, Zeus, Poseidon e Hades. As estátuas com certeza foram feitas por profissionais muito talentosos, cada detalhe mostrava a força de cada um deles.

Fiquei olhando mais um pouco as outras esculturas, depois fui em direção da biblioteca, senti um calafrio, parecia que tinha alguém me observando. Peguei um livro sobre a esposa fugitiva de Hades, amava histórias sobre os deuses do olimpo, me sentei em uma mesa e comecei a ler.

- Perséfone foi uma deusa muito linda, Hades se encantou com tamanha beleza e a raptou pra viver no submundo com ele.

A deusa da agricultura se preocupava apenas em colher flores, mas foi crescendo e com isso sua beleza foi encantando a todos, e encantou o deus Hades, o senhor dos mortos, que pediu a deusa em casamento. Porém, Demeter a mãe de Perséfone não queria que eles se casassem, mas Hades mesmo assim não desistiu da deusa e continuou a persegui-la. Até que um dia Perséfone estava colhendo narcisos, de repente Hades apareceu derrepente de dentro da terra em sua carruagem e levou a deusa para o mundo dos mortos.

Demeter vendo a situação de sua filha, obrigou que Zeus atendesse seu pedido, Perséfone era filha dele também, foi então que ele pediu a Hades que devolvesse sua filha. Hades não devolveu Perséfone e ainda conseguiu um plano para que ela continuasse com ele. Ele deu à Perséfone uma Romã, que era o fruto do casamento. Como a deusa tinha comido os grãos, não podia deixar mais seu marido, foi então que Perséfone passava um período com sua mãe e outro com Hades, e se torna a sombria Prosérpina. Deste momento em diante, a cada vez que ela estava com seu marido virava inverno na terra, e quando estava no Olimpo com sua mãe se tornava novamente uma adolescente e chegava a primavera, o verde da natureza fazia brotar muitas flores e frutos. E mesmo sendo uma relação muito complicada, vive em um relacionamento feliz  com seu marido Hades.

Continuei a ler mas a todo momento me sentia estranha, fechei o livro e saí da biblioteca, fazendo o caminho de casa senti a sensação de novo, não tinha percebido que tinha escurecido.

O sentimento de opressão aumentou e de repente me virei, do outro lado da rua se materializou um homem, ele era grande e com um rosto de tirar o fôlego, olhos azuis e feições perfeitas, não consegui sair do lugar, ele se aproximou e falou, mas não foi uma coisa normal, ele falou na minha mente e me assustei.

"Não acredite em tudo que esses livros de hoje dizem, você chegou e agora toda minha ira se recairá sobre você, isso é o que irá acontecer, grave bem, os filhos pagam pelos pecados dos pais..."

Olhei assustada para ele, quando iria perguntar o que isso significava ele sumiu, senti minha mente ficar pesada, uma tontura forte se apossou de mim e tudo ficou escuro, tive um último pensamento.

"Oque eu fiz?...sou só uma turista..."

Escutei sua voz em minha mente novamente.

"Não, você não é, logo saberá... Estou te esperando primavera..."