Resolvi me perder como nunca fiz, esquecer que o céu é finito e voar quebrando as janelas dessa cidade que nunca dorme como se fosse o meu jogo favorito, deixando esse tornado de emoções me consumir, como uma sombra sumir em meio a multidão sem deixar avisos e sem despedidas a final isso é o que tento evitar. O fim. No momento o fim que quero evitar é a linha que separa o meu pai e a morte, é muito covarde da minha parte mas eu não consigo lidar com o fato de ele morrer e me deixar, é egoísta. É disso que sou feita, puro egoísmo. Talvez eu volte na primavera para lhe levar os lírios do jardim que ele cultivava para o meu aniversário, no momento não sei, a confusão esta me deixando a beira da loucura e o que acalmaria essa loucura eminente está tão longe. Por isso eu não gosto de prometer que vou ser uma pessoa melhor por que eu sei que não posso cumprir e é por isso que estou fugindo.
Sky pegou o Ford 86 com fugacidade de quem embarcaria em uma viagem galáctica para marte e com agitação momentânea ela não quis arrumar malas e levou apenas o seu coração no porta-luvas e as esperanças no banco do passageiro, ela queria chorar, mas como sempre não gostava demonstrar pra si mesma que poderia ser fraca; mais uma de suas fugas e então dirigiu por dois dias até cansar-se de ver uma auto estrada, cansada e com fome resolve parar em Londres para descansar por uma noite afinal a sua viajem não estava concluída, ou estava e ela não havia percebido.
Eu estava passando por uma avenida comercial em busca de uma rede de 'junk food' e vi um anúncio em um restaurante que estavam precisando de garçonete para os finais de semana então imediatamente pensei que seria bom juntar algum dinheiro para seguir viagem, então entrei pelo salão com tema italiano colonial, o carpete era vermelho que contrastou muito bem com as toalhas postas á mesa; um senhor de idade veio até mim, para me recepcionar seus olhos cansados e os cabelos grisalhos davam-me o sinal de que possivelmente esse era o dono.
"Olá menina, como posso ajudá-la" seu sotaque era tão aconchegante que parecia com a voz de John "Olá, eu vim pelo anúncio que está na vitrine"
"Claro, tem referências ou experiência?"
"Na verdade não meu bom senhor mas tenho força de vontade e um sorriso lindo, isso serve?" A voz de Sky é calorosa e divertida algo que alegra o italiano.
"Começa amanhã pode ser?... Ah meu nome é Carlos Luigi o cozinheiro e dono"
"Maravilha para mim, achei que minhas qualificações não seriam válidas e meu nome é Sky Jones"
"Qualificações como as suas são raras nos dias de hoje é difícil encontrar um sorriso bonito, sabe isso atrai os clientes" o divertimento transpassava pelo ambiente.
A conversa se partiu e Sky percebeu que a porta foi aberta e revelou a brisa fria de outono e a passos secos um homem alto aproximou de si e de Luigi com certa pressa e irritabilidade no olhar e isso era intimidador, isso seria ruim se ela tivesse medo mas ela conhece muito bem uma pessoa assim. Ela mesma. Os olhos esverdeados eram tão parecidos com esmeradas que a vó costumava usar no seu aniversário e o cabelo pouco ondulado e longo dava-lhe ares de James Dean, ela estava mesmo perdida em seus pensamentos e o estranho a encarava sem entender nada. Então ela saiu sem se despedir ainda afetada e lembrou-se de Robbers e cantarolou pela avenida que agora estava vazia em direção do Hot Dog do Moe onde pediu um cachorro-quente duplo e uma cerveja, e o dono pouco preocupado em atender com excelência de serviços demorou cerca de uma hora para por duas salsichas em um pão e uma cerveja que mal estava gelada.
"Que eu saiba nesse pais só se pode beber com 21 anos" Sky levou um susto algo que fez com que derrubasse sua cerveja em sua camiseta favorita do Artic Monkeys o que a deixou com uma leve raiva instantânea perante o estranho.
"Que diabos você acha que é para falar assim comigo?" A raiva era clara.