Capitulo 1

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- Ronnie, acorda e toma atenção à aula – chamou Kate que estava sentada ao meu lado.

- Deixa-me Kate, quero lá saber da aula de filosofia, isto é uma seca, não se aprende nada… e não consigo deixar de pensar…

- Pára, tens que seguir em frente Roe, não podes ficar presa ao passado já passou um mês…

- É difícil Kate – Disse eu com as lágrimas nos olhos.

A campainha tocou, estava a ver que não saia daquela aula, ter filosofia mesmo antes do almoço era horrível. Fui a primeira a sair da sala, só queria chegar a casa, saí e deixei Kate ainda a falar, consegui ouvi-la chamar-me mas queria estar sozinha.

Saí da escola em direção a casa pondo os meus headphones e liguei o mp3, não queria que ninguém falasse comigo nem que fosse só para me cumprimentar e fazer aquelas perguntas, ‘’olá Ronnie, então como estas? E a tua família?’’ sempre as mesmas perguntas, agora não tenho respostas para elas, não depois do que aconteceu… Com estes pensamentos todos na minha cabeça dei comigo mesmo em frente a vivenda toda ela cor de coral, com flores na escadaria que dava a uma porta, à porta de entrada, uma casa não muito grande, mas agradável, e acolhedora, mas cheia de lembranças… a casa onde eu vivia.

Comecei a subir as escadas em direção a porta, tirei as chaves da mala e abri a porta com intenções de ir logo para o quarto, mas quando entrei, oiço uma conversa dos meus pais que já parecia ter sido começada não há muito tempo.

- … e além disso como achas que ela vai reagir? – dizia a minha mãe para o meu pai.

- Vai ter que aceitar, ela já compreende as coisas muito bem.

- Mas depois do que ela passou? Ela tem aqui tudo, todo o apoio, os amigos, a família… as memórias! Não devias ter aceitado sem falar connosco, sem ter falado com ela! – disse a minha mãe com a voz mais acentuada

- Pai não devias ter aceitado o que? – perguntei eu

- Filha! Já chegas-te, à quanto tempo estás aí? – o meu pai surpreendido pela minha presença

- À tempo suficiente para ter saber que aceitou qualquer coisa sem perguntar a nossa opinião – comecei a dizer já um pouco irritada – e… e que vocês têm receio da minha reacção – disse eu já com as lágrimas a quererem cair e completamente irritada, pois já estava a começar a perceber ‘’será que nos vamos mudar daqui?‘’ pensei eu – porquê? É um novo trabalho? Não vamos embora daqui pois não? – disse já a chorar.

- Ronnie, tens que perceber, já não tenho trabalho há muito tempo e agora que apareceu uma proposta em Londres não posso recusar! – o meu pai já gritava comigo e a minha mãe agarrou-lhe o ombro em sinal de calma

Porque é que ele gritou assim comigo! Porque? Não entendo, nem ele, será que ele não percebe que é aqui que eu tenho tudo? Não quis ouvir mais nada, sai dali a correr em direção ao meu quarto, ainda o ouvia gritar por mim para que eu voltasse. Não via bem devido às lágrimas que insistiam em cair, subi as escadas para o meu quarto trancando a porta e escorregando por ela até ao chão.

Comecei a lembrar-me do que eu não queria lembrar-me, daquele acidente, no dia em que perdi a pessoa que era mais importante para mim.

..Lembrança on..

- David não te preocupes eu apanho o autocarro – disse eu

- Não mana, eu levo-te, deixámos as horas passar, a tua mãe vai-se passar – disse começando a rir-se

- Pois vai, e o meu pai? Vais ouvir David, ahahah – disse rindo-me também

- Pois vou, meu deus, ahah. É melhor irmos andando.

Starting All Over AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora