Capítulo 30

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ANNA

Acordo com uma dor de cabeça absurdamente insuportável. Minha posição não está colaborando para que eu fique confortável. Olho ao redor e quando a imagem para de girar, percebo onde estou. Não conheço o lugar. Está sujo e com cheiro de morfo. Tento levantar para fugir, mas acabo me machucando com as cordas que estão prendendo meus pulsos para trás do meu corpo, minha barriga e meus pés também encontram-se imobilizados.

- Mas o que... o que aconteceu? - Me pergunto, sacudindo meu corpo na cadeira. - SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA. - Meu corpo dói. - Por favor. Me tira daqui. - Falo em meio a soluços de desespero. O que aconteceu?

Não consigo parar de chorar. Não consigo lembrar como vim parar nesse lugar que parece um cativeiro. Quem me trouxe aqui? Tento recordar, mas não consigo.

Acho que se passou aproximadamente meia hora que não paro de chorar. Estou acabada. A corda está machucando demais a parte nua da minha barriga, que se encontra entre a minha mine blusa e minha saia. Meus sapatos não estão mais nos meus pés.

- Alguém... - Falo, já sem forças. Sai apenas um sussurro.

Jogo a cabeça para trás, e me assusto com um barulho de porta batendo com força. Quando vou pegar fôlego para gritar e sinalizar onde estou, entro em pânico ao ver quem entra. Meu pai.

- Você está bem? Não quero parecer um pai ruim. Trouxe comida pra você. - Ele fala dando uma risada assustadora.

- Eu quero sair daqui. - Falo com raiva. Ele apenas ri novamente.

- É claro que você quer. Ninguém quer estar nas suas condições. Mas a culpa é sua.

- O quê?! ME TIRA DAQUI. - Grito tão alto que minha voz fica rouca.

- Estava bem mais agradável quando você estava porre. - Ele se aproxima de mim e começo a me assustar. Minha respiração está entrando em um ritmo acelerado, mas tento me controlar. Ter uma crise de ansiedade não seria tão agradável no momento. Ele pega atrás da minha cabeça e puxa meu cabelo, olhando dentro dos meus olhos. - Agora é meu turno com você. Não quero ser incomodado com gritos. Entenda que, não importa a intensidade dos seus berros, ninguém vai ouvi-la. Estamos no meio do nada. Então, cala a merda dessa boca se quiser que eu te solte.

- Por que está fazendo isso comigo? Sou sua filha. Não tem nem um pouco de sentimento por mim? - Não consigo conter as lágrimas.

- Isso não vem ao caso. - Ele larga meu cabelo, e a dor de cabeça se agrava. -Você está com algo que pode me incriminar e fazer eu perder tudo que planejei.

- Você está falando...

- Do vídeo que você e seus colegas idiotas gravaram no escritório de Lúcia. Achava mesmo que eu nunca ia descobrir? Por que ainda não me denunciou? Vocês estavam com a faca e o queijo na mão. Agora é tarde demais.

- Minha mãe o destruiu. Queimou. Já era. Agora me solta. Tá machucando muito.

- Destruiu? - Ele fala como se minha resposta fosse a mais ridícula que ele poderia ouvir. - Eu sei que você tem cópias. Até eu descobrir que todas estão eliminadas, eu não vou tirar você daqui. Outro rapaz vai vir aqui cuidar de você mais tarde e vai te soltar. Ele é mais forte do que eu pra te impedir de sair do quarto.

- Chama isso de quarto? Eu quero que você vá se ferrar. Eu te odeio mais do que qualquer coisa nesse mundo. SEU NOJENTO! - Grito novamente.

Amores FurtadosOnde histórias criam vida. Descubra agora