Luíza sempre foi extrovertida. Até acontecimentos do passado, como a separação de seus pais e a vinda da adolescência mudou-a por completo. Essa mudança continuou até seus dezenove anos, mas chegarei lá. Sempre foi uma aluna nota dez e seus pais sentiam orgulho dela. Até que no ensino médio suas médias foram caindo e sua vontade de fugir das pessoas apareceram. Ela simplesmente queria distância. Apenas ler seus livros, escrever e ouvir suas músicas preferidas, além de navegar na internet.
Durante o Ensino Médio, em escola nova, conseguiu ser popular. Mas aquilo só a fez ficar ainda mais vazia. Percebeu que amigos de verdade importavam mais que vários colegas "legais".
Meses foram se passando e mudanças internas acontecendo. Ela já não era mais a mesma. Já não era aquela garota extrovertida que sempre fora e seu rendimento caía cada vez mais. Até que ela não aguentou. Correu para os braços de seu melhor amigo e lhe contou o que estava acontecendo. Das coisas ruins que sentia, da mágoa sem motivo, do sentimento de dor.
Seu amigo lhe abraçou, e lhe ajudou a seguir o caminho. Um caminho duro. Mas Luíza caminhou.
Um passo de cada vez.
Até o momento que não aguentou a pressão do padrasto e de sua mãe e saiu de casa.
Fora uma das decisões mais difíceis a ser tomada. Mas a convivência estava insuportável. Brigas e mais brigas. Luíza já não aguentava mais aquilo. Não conseguia se dedicar aos estudos. Nada mais lhe dava prazer. Só queria fugir para bem longe.
Ficara dois anos longe de casa. Vivenciou várias coisas que não experimentaria se estivesse com os pais. Experimentou coisas que não deveria para sua idade.
Mas isso a fez crescer e voltou para a casa de sua mãe na promessa de uma vida melhor. Difícil no início. Mas foi melhor. Luíza era outra pessoa. Começou a se tratar. Voltou a escola. A vida não seguia fácil, mas não era tão difícil quanto antes. No segundo ano do ensino médio conheceu um jovem rapaz, colega de escola. Falavam-se pouco. Até que no último ano estudaram na mesma classe.
Como era difícil se levantar pela manhã todo santo dia para ir ao colégio. Mas ele estava la. Escondido.
E Luíza cada vez mais afastada de tudo e de todos, na companhia apenas de seus livros e de seu computador. A única mudança de rotina fora um curso que fazia aos sábados.
Luíza fora para o turno da noite. Não aguentava mais se levantar todas as manhãs e seu colega a acompanhou. Fora logo após de sua transferência de turno.
O tempo ajudou com que os dois se aproximassem. Viraram amigos. E a amizade crescia cada vez mais, até que em um passeio escolar ele resolveu se declarar. Não foi surpresa alguma para Luíza, já que os dois estavam muito próximos.
Em meio a tudo isso, Luíza lançou um conto em uma antologia de contos de terror e nascia aos poucos uma paixão imprevisível entre os dois amigos.
Houveram altos e baixos, mas retomaram mais forte que nunca.
Essa é minha história, por enquanto. E em outubro de 2015 completamos um ano juntos.