Untitled part

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Os Sullivan

Tássia Americano

Peguei a estrada logo no comecinho da noite pois é um horário que me faz bem dirigir. Não sou muito de falar, mas nem sempre fui assim, minha vida mudou aos dezoito anos quando estávamos indo para a fazenda dos meus avós.

Era uma tarde bem agradável por volta das 15 horas, eu estava no banco de trás e meus pais nos bancos da frente, eu estava bem distraída desenhando enquanto a minha mãe fazia tricô e sem o uso do cinto de segurança, não adiantava eu e meu pai falarmos como era perigoso andar sem cinto. Sofremos um acidente, com a batida minha mãe foi jogada pela janela, eu fiquei desesperada e saí do carro para ajudá-la, porém era tarde demais ela havia morrido, não pude fazer mais nada, fui até o meu pai e ele se encontrava com vida. "

− Pai por favor... não me deixe!

− Filha escuta o seu pai!

− Estou escutando, fala papai... fala...

− Vai embora... aqui não é seguro! - Uma coisa bem esquisita atravessou na frente do carro e por isso perdi a direção.

− Não! - Não vou deixar vocês aqui, não vou abandoná-los!

− Filha Eu Te Amo! - O que vi...parecia ser um homem. Foi tudo muito rápido, não deu para ver bem...mais o que eu pude ver parecia ser um homem bem deformado, ele pode estar nos vendo nesse momento, saia logo daqui antes que ele venha.

E essa foi a última coisa que ouvi de meu pai... saia logo daqui antes que ele venha!

Eu não os abandonei mesmo sabendo que eles estavam sem vida, o resgate demorou quinze minutos e infelizmente nada pode fazer. Nunca contei nada a ninguém sobre o que meu pai falou. Até hoje nunca mais voltei "a fazenda". Peguei estrada a noite só para não ver o local do acidente com tanta nitidez, as ruas por onde passo são mal iluminadas e devido a isso facilitam a minha passagem por ali. Depois de quatros anos do acidente volto "a fazenda", quem me esperava era o meu tio Barry e meu primo Sam são tudo o que me restou de família, faz uns três anos que eles decidiram mudar de vez para "a fazenda" e eu fiquei na cidade, meu tio é separado e meu primo tem quase a minha idade, apenas três anos mais velho, sempre fomos muitos chegados mesmo levando nossas vidas distantes um do outro.

− Anya minha querida é tão bom lhe ver!

− Oi tio! - Também senti falta de você e do meu primo e por falar nele, onde ele está? - Que não veio aqui me receber!

− Está jogando vídeo game lá no sótão com o vizinho!

− Que vizinho é esse?

− Ele é da cidade, vem passar os feriados, férias e finais de semanas na fazenda da família dele.

− Que bom! Vou ter três homens em casa viciados em games, nosso ano novo será divertido.

− Entre e se acomode no seu antigo quarto, ah e só para constar... ninguém mexeu nele!

− Poxa tio... nem para tirar o bicho papão que ficava no armário!

− Acho que você cresceu e o bicho papão não vai querer mais assustar você, não teria a menor graça.

− Até ele me abandonou!

− Olha o drama, Anya!

Arrumei as minhas coisas e sentia que o feriado seria bom! Escuto um barulho vindo do quintal e olho para janela, vejo um vulto preto passando rapidamente entre uma árvore e outra, em seguida ele parou e olhou para mim, rapidamente fechei as cortinas e em seguida voltei e dei uma pequena olhadela entre as brechas das cortinas, contudo não vejo mais nada. Nesse momento vem em minha memória o que meu pai me disse, esse pensamento me fez gelar a espinha.

Os SullivanOnde histórias criam vida. Descubra agora