A cura da paixão

Parte 2 - O recomeço

Se eu ia me perder? Claro que sim, estava tão distraída chingando mentalmente aquele homem idiota e arrogante. Como ele pode dizer que eu não estava capacitada para trabalhar em seu hospital. Agora eu tinha uma meta e era mostrar para ao senhor autoconfiança que eu era muito capacitada para trabalhar ali sim.

Foi quando uma voz suave me tirou dos meus pensamentos.

-Posso te ajudar linda?

Quando olhei para cima vi uns olhos azuis, com pele queimada do sol e os cabelos loiros. Um jaleco perfeitamente branco que me fez me implorar para ser um futuro colega de serviço.

-Ah por favor, você sabe a onde fica o Recursos humanos? - minha cara era de desespero total.

-O que eu ganharia com isso? - sua cara de surfista garanhão me fez ficar constrangida.

-Não acho que tenho alguma coisa a oferecer!- respondi e seus olhos continuaram fixos nos meus, o que me fez pensar no que aquele homem lindo queria comigo, mesmo que algumas pessoas falem que eu sou muito bonita, eu sinceramente não me considero este tipo de mulher, principalmente o tipo de mulher que este homem olharia.

-Devo considerar que você está sendo contratada, porque demitida não é, pois eu já teria notado uma deusa como você nos corredores. - ele sorriu, e o seu sorriso era lindo.

Queria sair daquela situação, porém não gostaria de ser grossa com uma pessoa que acabei de conhecer, ainda mais sendo nova aqui, poderia ser alguém importante, eu não posso me queimar e perder esse emprego. Irei entrar na brincadeira e tentar sair de uma forma boa dessa situação.

-Acertou, mas se você não me ajudar, nunca vou conseguir ser contratada, agora é sério sabe me dizer onde é o recursos humanos? - meu sorriso era quase uma imploração pela resposta.

-Me acompanha deusa do mar - ele piscou e com sua mão indicou o caminho a nossa frente.

-Então, surfista. Qual é o seu nome? - olhei para ele enquanto caminhava ao meu lado.

-Surfista é? Deu tão na cara assim? - ele me devolveu o olhar.

-Pele queimada, cabelos loiros... Foi só um palpite. Desculpa se.. - foi quando eu fui interrompida por uma voz familiar.

- Vejo que você não perdeu tempo de dar em cima da nova colaboradora Pedro. - seu olhar era neutro, não sabia ao certo se ele estava bravo ou brincando.

- Com licença, eu só estou procurando o RH - e fui saindo com a maior vergonha, quando escutei o que ele falou...

-Achei que você tinha um gosto mas refinado! - falou alto para o Pedro

Aquilo por algum motivo me machucou muito, me senti um nada. E agora eu sabia nome do surfista, Pedro. O senhor autoconfiança deve conhecer ele, se não ele não falaria assim com ele. Será que são amigos?

Chegando no RH, me deparei com uma moça muito simpática de óculos quadrados, cabelo curto e com uma blazer amarelo com blusa de gola vermelha.

Cheguei até sua mesa de cor marrom num estilo antigo cheio de papéis, ela estava fixada em seu computador empurrando seu óculos quando eu me apresentei.

- Oi, meu nome é Helena, sou a nova contratação para cargo de enfermeira - ela olhou para cima com um olhar perdido e me deu um sorriso simpático.

- Ah claro, eu sou a Vanusa. Preciso dos seus documentos para dar entrada no contrato. Você teve sorte, Doutor Santiago não é de contratar novatas - sorri para a moça simpática que não parava de digitar.

Entreguei meus documentos conforme ela ia solicitando. Após alguns minutos Vanusa imprimiu o contrato, e ali estava eu realizando um dos meus sonhos, parecia até mentira.

- Então tudo certo? - olhei ansiosa para a Vanusa.

- Perfeitamente, você começa amanhã às 7h00, até a 13h00. Tentar chegar antes para pegar seu crachá para poder obter acesso no hospital - nós despedimos e ela me desejou boa sorte, e no fundo eu sabia que iria precisar.

Quando sai do escritório, dei de cara com o surfista, ele estava com um dos pés apoiados na parede.

- Estava te esperando, Helena. - Olhei com cara de confusa para o surfista.

- Não me lembro de ter tido meu nome - olhei ele, enquanto sorria para mim.

- Você não disse, eu tive que descobrir. - nossos olhos se cruzaram novamente, mesmo sentindo o interesse por sua parte, eu não conseguia sentir nem mesmo atração.

- Então, com licença Pedro. - sorri e fui passando por ele, foi quando ele me puxou no braço.

- Não me lembro de ter falado meu nome. - seu sorriso malicioso me fez entrar em uma hipnose, sendo tirada logo após pelo Doutor Santiago batendo à porta do escrito ao lado do RH.

-Sinto muito atrapalhar, mas acho que tem bastante pacientes Doutor Pedro Gusman. - seu olhar desta vez era de raiva.

Um trovão fez eu pular de susto, foi quando eu entendi que estava sobrando, sem dizer nada sai daquela situação embaraçosa, aquele homem parecia uma sombra, onde eu menos imaginava eu o via, espero profundamente não ter que encontrar ele mais, eu fico insegura perto dele, me sentido uma criança pequena, odeio me sentir assim.

Chegando na frente do hospital me deparei com uma chuva terrível, sem escolha, fui correndo até o ponto de ônibus que ficava na frente do hospital. A chuva era gelada, queimava no meu corpo e eu já estava ensopada.

Foi quando um audi R8 vermelho parou e baixou o vidro preto, fiquei imobilizada quando vi quem estava na frente daquele volante, era ele, de novo ele. Instintivamente minha vontade foi de revirar os olhos, quanto mais eu fugia mais ele aparecia.

- Quer uma carona Senhorita Helena? - ele me perguntou com seu olhar profundo e frio.

- Não, Obrigada Senhor Santiago, mas vou esperar o ônibus - respondi abaixando a cabeça, tremendo de frio tentando não transparecer.

- Por favor Helena, você está morrendo de frio e acredito que você não quer ficar resfriada e perder seu primeiro dia de trabalho amanhã- neste mesmo momento ele empurrou a porta na intenção de eu entrar.

Revirei o olho, ele é meu chefe, ele é meu chefe. Repensei isso diversas vezes na minha mente, quando enfim cedi.

- Tudo bem - então entrei no carro, ah e que carro, que homem!