Quando sentei naquele banco de couro de cor bege, comecei a fiquei toda sem jeito por estar molhando aquele carro que nunca na minha vida imaginei entrar, meu desconforto era tão visível que Doutor Santiago percebeu.-Não se preocupe é couro, não molha. – Ele sorriu para mim, eu fiquei fascina não sei se por seu sorriso perfeito com seus dentes brancos como a cor da sua camisa ou por ele ter me dado um sorriso e tirado aquela mascara de homem mal.
-Mesmo assim, acho que não é uma boa ideia, pode molhar o carpete também e.. – Ele me interrompeu
-Serio Helena, não tem problema. – Olhando atentamente para o transito, e ele continuo – Então onde devo deixá-la?
-Na rodoviária, por favor. – Eu disse, enquanto tentava ajeitar a minha roupa encharcada.
-Vai fugir do emprego? – Ele me perguntou, me olhando com um olhar que tentava imaginar o que eu estava pensando. Mal sabia ele que eu também olhava para ele com esse olhar, de saber o que ele estava pensando quando me tratou mal e agora me dando uma carona.
-Não, não. Tem uma pessoa me esperando lá, para eu poder ir para a casa – Respondi apavorada, com o medo de ele achar que eu já estava querendo realmente abandonar o emprego da minha vida.
-Uma pessoa? – Ele me perguntou com uma cara de curiosidade visível. No fundo me peguei a pensar o porquê eu não disse que era a minha mãe que estava a minha espera, mas depois me senti mal por ficar plantando dúvida num homem, logo em homem como o Santiago.
-Sim – respondi com uma voz neutra, e a culpa pela omissão, mas não vejo necessidade de compartilhar detalhes da minha vida, principalmente com ele.
-Achei que você não fosse dessas, da em cima do Pedro e tem um namorado, está procurando um médico para bancar você e o seu namoradinho? – Arregalei com olhos com sua pergunta, fiquei tão pasma que pensei em diversas coisas que eu poderia fazer como faze-lo parar esse carro e deixar eu descer ou explicar que aquilo era uma engano, mas a forma como ele falou, tentando me humilhar me deixou sem resposta, sem reação e pela primeira vez no dia a minha vontade foi de chorar. Limpei meu rosto com as duas mãos e estufei o peito e disse:
-Você é sempre um babaca arrogante? – Minha pergunta foi numa revolta tão grande que senti um calor imenso brotando dentro de mim, uma vontade de bater naquele homem.
-Só quando as pessoas merecem – ele respondeu com um sorriso irônico.
Revirei os olhos, aquele cara era de longe o mais babaca que eu já havia conhecido. Virei-me para a janela e comecei a ver a chuva escorrer sobre o vidro, definitivamente não dirigiria mais a palavra a ele, que ele pensasse o que quisesse, não ia ficar me humilhando por um homem que tem tudo na vida e acha que pode humilhar as pessoas para se sentir melhor, na verdade acho que eu deveria jogar isso tudo na cara dele, mas provavelmente perderia meu emprego, e isso com certeza não esta em questão.
-Chegamos. Agora você já pode me agradecer. – Seu olhar irônico me queimava. Abri a porta e disse:
-Se não tivesse sido a pior viagem da minha vida, mas obrigada por me lembrar porque odeio pessoas como você. – E saí do carro para ir ao encontro da minha mãe.
Olhei para trás e ele ainda estava lá, dentro do seu carrão, me olhando. Meu deus, qual era o problema desse cara, não conseguia entende-lo e acho que nem queria mais.
-Filhaaa! – Minha mãe gritou quando estava chegando na porta, ela estava lá no mesmo lugar a onde a deixei, eu poderia ter levado ela junto, mas pagar duas passagens até o hospital, podendo ter que voltar para cá caso nada desse certo, então preferi deixá-la aqui.
-Mãe, eu consegui!! – E abracei ela com uma força, estava procurando algo para fazer eu voltar para lá amanhã.
-Meu amor, eu sabia que você ia conseguir, e quando você começa? Você não parece estar tão feliz assim. Por quê? – Será que todas as mães são assim, vêm claramente que uma filha não esta bem.
-Tudo bem mamãe, é só o administrador do hospital que é um homem mal amado, mas não tem problema porque eu quase nem vou vê-lo. – Tentei esboçar um sorriso tranquilizador.
-Então filha, estava olhando uns apartamentos no anúncio do jornal, e tem uns com valores razoáveis, a gente poderia dar uma olhadinha né? – Seu olhar para mim era de esperança, eu abracei e fui caminhando com ela até um café que tinha dentro da rodoviária.
-Acho perfeito mamãe, mas vamos fazer isso amanhã depois que eu sair do trabalho, hoje vamos dormir num hotel perto do hospital para eu não chegar atrasada amanhã. – Eu não queria dizer a ela, mas eu não fazia ideia de como eu ia pagar o aluguel do apartamento, porque normalmente ele pedem um valor antes de começar a morar, mas resolvi me perder daquele pensamentos, afinal já era cinco horas da tarde, eu estava morrendo de fome.
Da rodoviária pegamos um ônibus para um hotel que havia perto do hospital, pedimos um quarto e aquele noite abri a janela do quarto para a brisa do mar entrasse e refrescasse o quarto e pulmão da minha mãe, ela dormiu tranquila e profundamente, eu custei um pouco a dormir, os acontecimentos do dia ficava passando e repassando na minha cabeça. Homem de terno preto. Arrogante. Hospital. Primeiro dia. Amanhã.
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A cura da paixão
RomansaHelena enfermeira recém formada e conseguiu o emprego dos sonhos em outra cidade, acaba unindo todas as coisas que sempre desejou, fugir de um passado amoroso e ajudar a sua mãe na recuperação da sua saúde. Doutor Santiago é o médico e administrado...