Trinta e Oito - Um final escrito por Deus

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Youngjae estava meio aéreo e perdido. Fazia uma semana que as fotos haviam saído e desde então ele havia evitado qualquer contato com outros seres humanos, tirando Daehyun e os seus sobrinhos.

Ele e o cantor haviam se unido mais ainda, como se os anos longe nem tivessem existido. Compartilharam do mesmo afastamento da tecnologia durante os dias, temendo serem expostos a comentários negativos ou desnecessários. Aproveitaram a companhia um do outro como os belos amigos com benefícios que eram, matando a saudade que os matava.

Mas naquele dia, Yoo havia decidido parar de fugir e se esconder.

Ele olhava para o celular com a mensagem de seu irmão mais novo ainda aberta, Daehyun o afagava passando as mãos por suas costas e pernas. A culpa não era de nenhum dos dois, mas mesmo assim se sentiam culpados pela exposição; talvez na América a notícia fosse melhor recebida, contudo na Ásia aquilo seria um escândalo de nível absurdo.

Youngjae temia pela imagem do cantor e como a família Yoo receberia aquela notícia. Daehyun temia também pela imagem do economista e como as pessoas em sua volta lidariam com a "fofoca".

— O meu irmão disse que viu a notícia em um site de notícias. Já está se espalhando por aí. — Respirou fundo algumas vezes e apertou a coxa farta do cantor ao seu lado. — Ele disse que a minha mãe viu também. O que eles devem estar pensando de mim agora? Não fui capaz de contar sobre nós cara a cara e agora eles descobrem através de paparazzis!

— Youngjae, os seus irmãos já sabiam, não é? E eu tenho certeza de que seus pais vão te amar não importa o que aconteça. Realmente não é uma situação agradável, mas eles nunca te odiariam por isso. Amar não é pecado.

— Eu sei que não é, mas eu menti para eles e esse é o maior dos pecados.

— Tio? Está tudo bem? — Jomin apareceu de repente no corredor, sonolenta e confusa. O economista abriu os braços e rodeou a pequena, a trazendo para o meio dos dois.

— Sim, está tudo bem. Dormiu bem?

— Sim... Como vai, tio Daehyun?

— Estou bem, docinho. Por que está acordada tão cedo?

— O meu pai ligou agora. — A menina falava com o cantor, porém olhava para o economista. Um biquinho se formou em seus lábios rosados. — Ele disse que está tentando falar com você, mas não consegue. Vamos embora hoje, né?

Youngjae soltou um muxoxo chateado; ele havia esquecido que as crianças iam embora. Realmente não se sentia pronto para voltar para casa. O seu medo era que a sua família estragasse as coisas com Daehyun agora que haviam se acertado. Não suportaria vê-lo machucado mais uma vez.

Ele não tinha vergonha de amar Daehyun, isso era certeza. Depois do tempo longe e da merda que havia feito, a única certeza que tinha era a de que amava Jung Daehyun. Estavam recomeçando aos poucos, tinha consciência disso, mas não se via em outro lugar a não ser ao lado daquele homem.

— Sim, vocês vão. E-Eu não.

— Tio! Nós não podemos ir sozinhos. Por favor, vai com a gente.

O economista discordou com um gemido, deitando a cabeça no sofá. Apertou a mão da menina e pensou. Pensou muito. Em silêncio por alguns segundos, teve uma ideia arriscada.

Faltava um mês exato para o Natal, ele havia combinado que levaria os sobrinhos e aproveitaria ficar em Ulleung para a celebração. Era comum que as famílias próximas e amigas se reunissem para uma gigante E farta ceia...

Ficaram mais quinze minutos em silêncio, apenas se encarando enquanto Yoo terminava de bolar o seu plano. Mais confiante com o que faria, pegou o celular e discou os números conhecidos.

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