47-A Fuga/ Epílogo

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 Todos à minha volta começaram a atacar. Como se algo neles tivesse sido ativado e agora se vissem forçados a combater numa luta com destino traçado. Um destino terrível, como se uma luta não fosse suficiente. Sim, tínhamos maior número. Mas eles tinham poder. Têm poder.

 Uma luta onde 12 Não Humanos, mal acabados de passar pela Mudança lutam contra 6 Deminius, considerados dos mais poderosos do lado Negro, com anos de experiência e treino, uma luta dessas não me parece nada justa. Para o nosso lado. 

 Todos à minha volta começaram a cair. Os gémeos, que combinaram os seus poderes, tiverem o seu ataque virado contra si e acabaram por ser projetados. O Simon, o Mathew e a Natasha, enquanto se tentavam ajudar uns aos outros, acabaram no chão, com sangue a sair por lugares que eu não fui capaz de identificar. Por cada arranhão que conseguíamos fazer àqueles monstros em frente a nós, quase que perdíamos as nossas vidas. E durante todo este espetáculo foi como se o meu corpo tivesse paralisado. Não fui capaz de me mover para ajudar. Quando dei por mim, tinha uma mão em frente à minha cabeça. Estava assustada, a suar, nervosa. Parece que afinal, quando os meus amigos precisam de mim eu não consigo ser útil. Sou uma daquelas pessoas que motiva todos a esquecerem o seu medo de palco mas paralisa em frente a uma audiência. Patético. 

_ Mia! - Quando voltei aos meus sentidos, tinha sido empurrada pela Sophie, mesmo a tempo de a ver levar com um raio no corpo, no meu lugar. Ela mal se movia. Baixei-me junto dela e olhei em volta para poder pedir ajuda. Estavam todos no mesmo estado. Quem ainda se mantinha de pé estava prestes a cair. Quem estava no chão, ou sangrava ou estava inconsciente ou a fazer de tudo para lutar mais. Nestes segundos, senti um pontapé no peito que me fez cair para trás. 

_ Parece que fomos nós a ganhar criança. - disse, com um tom irritantemente desprezível, a mãe do Adam.

_ Enquanto eu me conseguir levantar vocês não ganharam nada! - gritei eu, enquanto concentrava toda a minha energia na bruxa em frente a mim, esperando que algum tipo de ataque lhe acertasse. Não me interessava que tipo de poder era. Por mim até podiam ser todos. Só queria que ela caísse. Foi nesse momento que plantas se enrolaram à volta do corpo dela, a segregarem água e raios a cair sobre ela. Como se água não fosse boa o suficiente contra o fogo, também é um ótimo condutor de energia. Consegui levantar-me, ajudei a Sophie a levantar-se e encostei-a contra o muro. 

_ Foge. Vai. Agora. -disse ela, enquanto se levantava com muita dificuldade.

_ Nem penses. Eu não te vou deixar aqui assim neste estado.

_ Não fizemos isto tudo para perdermos assim tão facilmente. Não sem dar luta. Nós aguentamo-los enquanto vocês fogem. Vai. Agora. - O seu olhar era sério e imperturbável. Não valia a pena contestar. E o pior é que ela tinha razão. Nós entrámos de pés juntos nesta guerra e não vamos sair de pés atados. Vamos sair a correr.

Exato, a correr. Em direção ao jipe. Assim que o Adam me viu, incendiou as plantas que prendiam outro membro da Ordem, não para as destruir mas para queimar o membro, e correu até ao jipe. Entrámos, ligámos o carro e fugimos o mais rápido que pudemos.

Olhei para trás e, os membros da ordem, que antes estavam com alvos fixos nos meus amigos, ignoravam-los e faziam mira para o jipe. Rapidamente uma barreira de Não humanos a cair para o lado se formou em frente deles, para outra onda de ataque. Eles estavam a comprar tempo para nós, por nós.

As lágrimas caiam-me pelos olhos descontroladamente.  Eu sei que sou chorona. Mas quem não o faria ao ver os seus amigos a literalmente darem as suas vidas numa batalha perdida contra pessoas poderosíssimas, para vocês poderem escapar? Quem não o faria não merece viver.

Já longe na auto-estrada, enquanto eu estava a lamentar-me e a rezar a Angeli pelos meus amigos, o Adam colocou a mão sobre a minha e não disse nada. Olhei para ele. Ele sabia exatamente o que eu estava a pensar. E, só de olhar pare ele, consegui perceber que ele estava a pensar no mesmo. Não chorava incontrolavelmente como eu mas os seus olhos estavam molhados e tinha uma linha ténue húmida pela cara abaixo.

Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora