my dear Neverland

Prologo

Um lindo sonho, estava navegando nas costas do vento, sentindo meu corpo flutuar sobre as macias nuvens, a lua a minha frente com sua luz tão convidativa.

Ele estava ao meu lado, sorrindo, o sorriso tão brilhante que competia com a própria lua, seus braços estendidos para os lados,

Livre como pássaros indo em direção ao céu.

Dor, angústia, medo, raiva....

Nada disso realmente existia, não quando eu estava em cima das nuvens, quando eu planava por toda a terra.

Esse sonho sempre acabava com um tiro, direto no meu peito, me desfazia como papel na água, me via caindo e caindo, as nuvens ficando distantes, ele tentando me alcançar antes que ele tocasse meus dedos eu atingia o chão.

Acordo em um pulo, suor encharcava minhas roupas, ofegante eu me levanto da cama para abrir a janela, mesmo que estivesse frio o bastante para congelar cada gota de suor,  eu me sentia quente.

A noite Londrina nunca esteve tão bela, a neve cobrindo até onde meus olhos alcançam, a torre de Londres e o Big Bang  decorando a minha vista.

Eu simplesmente prefiro essa cidade a noite do que de dia, quando o sol está no céu tudo é tão turístico, é bonito sim, e com certeza aconchegante, mas de noite....

Não tenho nem palavras.

Olho para o relógio que incessantemente faz aquele ruído irritante, "tic-tac tic-tac", era 4:00 da manhã de uma sextas-feira, logo mais eu teria escola e toda aquela paz sumiria.

Mesmo ainda cansada, minha mente não conseguia parar de pensar no sonho, era a 4ª, se não a 5ª vez que eu o tenho,  o mesmo sentimento o mesmo fim, o mesmo Peter Pan.

Sinto pelos macios passarem entre meus tornozelos, olho para baixo e lá estava Fluffy, meu adorado gato de 4 kilos, ronronando, quase implorando para que eu o pegasse no colo.

—te acordei não foi?—perguntei ao felino, é claro que ele não iria responder.

—Ah, Fluffy, eu sonhei com ele de novo, será que nunca teremos uma noite de paz?— o pego nos braços acariciando sua cabeça.

Ele fecha os olhinhos e ronrona.

—bom gatinho— me viro novamente para a janela a estrela mais brilhante tomando a atenção da lua, piscando e piscando.
  Suspiro pesadamente, será que seria tão ruim se ele realmente existisse?

Fluffy Mia, um pedido para que eu o leve para cama.

—tem razão, amanhã será outro dia terrível— digo caminhando para meus lençóis quentinhos e um bocado úmidos, me aninho entre os mesmo e meu gato se enrola nas minhas pernas.

—boa noite gatinho— disse pouco antes de fechar meus olhos.

Eu sempre me perguntei se os sonhos são algo profético, se sao um vislumbre de uma realidade alternativa, um portal para uma dimensão paralela, ou apenas um descanso para as mentes perturbadas.
De qualquer forma, eu espero que os meus nunca se tornem realidade.