Mais um dia igual a todos os outros. Mais um dia andando por aquelas ruas. Mais um dia sem emoção.
Meus pensamentos estavam fluindo, andando perto da praia, o vento me fazia carinho, o que repentinamente causava alguns calafrios. O som do mar batendo no litoral da praia me faziam relaxar. E aquele Solzinho de fim da tarde, Ahhhh, não podia ter momento melhor... Mas claro, meus pensamentos conseguiam estragar aquele momento que para qualquer pessoa seria um perfeito momento de paz, para mim não era assim. Aqueles cinco segundos de falsa realidade, de felicidade interna passaram-se, e quando isso ocorreu, eu voltei à minha realidade, e me sentei no banco, só para refletir. Sentei devagarinho, me abraçando para o casaco se fechar, e levantei ambas as pernas e lá fiquei. Meu cabelo preto e longo, já todo embaraçado voava no vento e batia na minha cara. Aquele casaco que eu usava já não bastava mais. Era muito pequeno, tinha um furo na cintura, e não cobria o frio, mas eu o usava mesmo assim. Estava usando uma calça jeans, nada de especial e calçava um chinelo já desgastado. Fiquei lá, sentando, observando cada detalhe, cada grão de areia da praia, cada folha da árvore, pensando de como eu queria ir embora, só ir embora. Queria ir para outra cidade, outro estado, até outro país, mas queria sair daqui. Meu pai era um bêbado, que chegava em casa cambaleando toda noite. Minha mãe era linda, inteligente, cuidadosa e muito mais. Meu pai, ou o jeito que eu o chamo: Jorge, era um desgraçado, nunca foi um verdadeiro Pai, um verdadeiro marido. Mas não podia sair e deixar o meu irmãozinho lá, com aquele cara. Então meu plano era fugir com Matheus de ônibus até algum lugar, nem sei aonde, só sei que eu iria deixar a cidade, e iria deixar rápido.
