três

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Se o dia estava bonito? Eu não sei! Porém a minha mãe todos os dias me elogiava, dizendo o quão bonita eu estava. Se eu acreditava? Nem sempre, achava que fosse força do hábito ela o dizer. Tal como eu sempre que chego a casa tenho o hábito de ir comer, ela tinha o hábito de me elogiar antes de sair de casa.

O calor consumia-me. Gosto do verão, embora aproveite os dias mais quentes, os mais frescos são os meus preferidos.

Os dias quentes tinham uma opção muito limitada de roupa para usar. Pensando bem, a única coisa diferente é mesmo o tipo de calção e o de tshirt, de resto, visto-me sempre da mesma maneira nesta altura. Já para não falar do cabelo, que embora faça mal, anda quase sempre preso num rabo de cavalo ou com duas trancinhas. Ter cabelo grande é bonito mas custa imenso no verão! Se por um lado queremos tê-lo solto e bonito, por outro lado não aguentamos o calor e acabamos sempre (ou quase sempre) por o apanhar e fazer algo mais fresco com ele.

Acabei por sair de casa, no pico da manhã, não por obrigação ou que tivesse algo para fazer, apenas queria observar a confusão da cidade. Apesar da pressa presente, eu sentia-me calma no meio da loucura. A solidão não me era estranha, após o diagnóstico eu isolei-me de tudo e todos, não conseguir observar a cor do bronze de alguém matava-me por dentro. Durante muito tempo lutei contra esse sentimento, talvez ainda lute, embora seja numa escala mais pequena, mas, neste momento, é como se fosse algo que já fizesse parte de mim, algo estranhamente amigo.

Colour // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora