Capítulo Único

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Eunhyuk corria sem parar atrás de Donghae. Ele sentia que devia fazer isso por ele, sentia que era sua obrigação. Mas, por mais que Lee Donghae lhe dissesse que ele não era obrigado a fazer, que não era preciso, Eunhyuk não pensava assim. Para ele Donghae é o seu bem mais precioso, o seu mundo colorido, alegre e ensolarado. Ele faria de tudo para vê-lo dar um sorriso verdadeiro. Ele não desistiria, não agora.

Ele continuava correndo. E corria, corria, corria e corria sem parar. Corria sem parar para pensar, corria e corria. Corria sem parar para descansar. Correria até seu último suspiro se preciso. Ele não aguentava mais. Corria sem parar, batendo em tudo que aparecia em sua frente. Ele não ligava, ele só queria correr e correr. Ele olhava para trás como se estivesse com medo ou fugindo de alguma coisa. Ele não desistiria.

O garoto virou a esquina correndo e se chocou contra a parede. A força com que ele bateu não foi o suficiente para machucá-lo gravemente, mas o levou chão e ficou tonto por alguns minutos. Levou as mãos a cabeça e gemeu de dor. As pessoas começaram a ficar em sua volta e ficaram apenas encarando o pobre garoto caído ao chão. Ele as olhava e revirava seus olhos para cada pessoa que via. Ele se levantou, limpou o sangue em sua testa e voltou a correr. Ele estava quase chegando. Ele estava perto de descobrir. Ele não desistiria. Não agora.

Eunhyuk não parou de correr. Mesmo com sua testa machucada e ainda sangrando, tudo o que ele fazia era correr. Correr até a casa de Donghae. Correr pela vida de Lee Donghae. Ele já não aguentava mais correr, mas ele não desistiria. Ele não seria capaz.

Ele continuou correndo e correndo sem parar. Olhou para trás mais uma vez, como se estivesse com medo. Virou outra esquina e dessa vez não se chocou contra nenhuma parede. Ele continuou correndo. Pensou consigo mesmo "não posso parar, eu preciso vê-lo", virou no beco que levava direto a casa de Donghae e continuou pensando "eu não posso parar agora, se eu parar não terei forças, não posso parar, Deus me ajude, eu não posso parar".

Quando chegou em frente a casa de Lee Donghae, ele parou. Seus pés travaram e ele não conseguia se mexer. Sua cabeça foi tomada por uma onda de pensamentos e sentimentos. Seu corpo estava parado em frente a porta. Ele encarava sem parar, com medo. Medo de entrar. Medo de seus sentimentos. Ele não aguentava mais. Sacudiu a cabeça e adentrou a casa. Quando ele adentrou a casa, a encontrou vazia. Não havia nenhum móvel, nenhum porta retrato, nada. Não havia nada na casa além dos raios solares da manhã que invadiam a casa pela janela. Ele caminhou até a janela e olhou para o céu. Se sentou no chão e retirou uma foto de seu bolso. Era de Donghae. Por um momento ele se pegou nos momentos mais felizes que tiveram. Pensou em como se conheceram e como Donghae o defendeu em uma briga. Pensou no dia em que saíram para uma festa e brigaram porque Eunhyuk havia ficado com ciúmes quando viu Hae beijando outro cara. Pensou no dia que finalmente se declarou para ele e o pediu em namoro. Pensou no primeiro encontro e na primeira vez em que fizeram amor. Pensou em como aquele foi o melhor dia de sua vida. Pensou, pensou e pensou. Ele sabia da doença de Donghae, mas ele não se importava, ele só queria amar e ser amado.

Enxugou suas lágrimas, se levantou e voltou a correr. Correu, correu e correu, mas dessa vez ele correu sem pressa. Correu com o coração calmo. Eunhyuk corria todos os dias atrás de Donghae, mesmo sabendo que não iria mais encontrá-lo. Ele não queria ser como uma dessas pessoas que quando perdem alguém que ama acaba se esquecendo e deixando de lado. Ele não queria esquecer. Ele corria, não para esquecer, mas sim para manter viva a memória e suas lembranças de Lee Donghae.

Ele correu. Correu. Correu. Correu. De repente, um clarão o deixou cego. Ele caiu com força no chão e não se levantou. Ao seu redor, as pessoas começaram a ficar. Ele não se movia. O sangue em sua cabeça escorria pelo chão. Por um momento, ainda respirando, ele ouviu uma voz. A voz era calma, doce e tranquila. Transmitia um tom de preocupação e um tom de susto ao mesmo tempo. A voz que lhe era familiar ficou um pouco mais próxima, Eunhyuk não conseguia ver o seu rosto mas ele tinha sua dúvida. Ele não conseguia acreditar. Ele não queria acreditar. Achava que estava ficando louco.

— O que faz aqui, Eunhyuk? — Disse a voz lhe estendendo a mão. Ele a segurou. — O que aconteceu?

Eunhyuk tentou responder, mas não conseguiu emitir som algum de sua boca. A voz não se pronunciou novamente. Apertou a mão da voz desconhecida e tomou rumo em direção a estrada enevoada. Ele não se importava mais. Ele não queria saber o que aconteceu. Ele não sentia mais a necessidade de correr. Olhou para trás e viu seu corpo no chão. Pela primeira vez na vida ele não se importou em saber o que havia acontecido. Pela primeira vez na vida ele se sentia bem. Pela primeira vez na vida ele estava feliz novamente.

Olhou para o lado e reconheceu o dono da voz desconhecida. Era Donghae.

— Juntos? - Perguntou ele.
— Juntos. - Eunhyuk respondeu.

E, juntos, os dois deram as mãos mais uma vez e partiram em direção a névoa.

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