Prólogo

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Amelie's Point Of View

- Amelie, preciso que você fique trabalhando até mais tarde hoje. – Ouço a voz grossa e irritante de meu patrão vindo de seu escritório.

Revirei os olhos e bufei baixinho, para que ele não escutasse.

- Amelie, você ficou surda?! Eu estou falando com você! – Ele diz, aumentando seu tom de voz.

- Eu escutei, Sr. Smith. Tudo bem, eu fico até mais tarde.

- Ótimo. Faça tudo o que eu mandar e, quem sabe, nesse mês você ganhe um aumento... - Ele ponderou a ideia e, ao olhar o início de esperança que havia nascido em meus olhos e o sorriso tímido que havia aparecido em meu rosto, ele acrescentou: - Absolutamente ­tudo, entendido?

Assenti, sentindo meu estômago revirar. Aquele homem me dava nojo. Eu faria qualquer coisa para sair daquele lugar, mas não podia. Minha avó e eu dependemos do meu mísero salário.

Eu trabalho praticamente como uma escrava para ganhar quase nada. E, para piorar, todo meu dinheiro é gasto com minha avó. Eu não me importo de gastá-lo com ela; na verdade, ela é a pessoa que eu mais amo no mundo. O que me incomoda é para que eu tenho que usar meu dinheiro.

Há dois anos atrás, minha avó foi diagnosticada com Alzheimer e, desde então, eu faço de tudo para que ela consiga ter uma vida minimamente normal. Ela é – literalmente – tudo para mim. Quando eu tinha 7 anos, perdi meu pai em um acidente de avião e, desde então, minha mãe abandonou-me com minha avó, que cuidou de mim como se eu fosse sua filha.

Eu devia tudo a ela e, se pudesse, trocaria de vida com ela, só para vê-la bem, feliz e com saúde.

- Então você vai ficar até mais tarde hoje, de novo? – Luke perguntou, com raiva.

Luke era meu colega de trabalho e ex-namorado. Quando Sr. Smith descobriu nosso relacionamento, ameaçou demitir-me ou demiti-lo, caso não terminássemos com isso. Eu também não estou nas melhores condições para ter um namorado, diga-se de passagem. Tudo o que eu penso, faço e me preocupo está relacionado com minha avó. Ela precisa de mim e eu não vou abandoná-la, uma vez que ela foi a única que nunca me abandonou.

- Sim... Você sabe como eu preciso do dinheiro, Luke. – Eu respondo, suspirando enquanto lavava várias xícaras de café usadas.

- Sim, eu sei, Melie... Mas você não ganha nada a mais com isso! Isso não é justo! – Ele dizia, um pouco alto demais.

- Ei, calma... Eu já estou acostumada. Portanto que eu ganhe meu dinheiro, faço qualquer coisa.

- Eu odeio esse homem. – Luke desabafou, fazendo-me rir.

- É, você não é o único. Mas, da mesma forma que o odeio, preciso do seu dinheiro para sustentar-me.

- Eu queria tanto poder te ajudar, Melie... - Luke diz, aproximando-se de mim.

- Você já o faz, Luke. Só pelo fato de não ter me abandonado sozinha nessa cafeteria você já me ajuda mais do que possa imaginar.

- Não, Amelie. – Ele disse, sério. – Eu estou falando de ajuda financeira... Queria poder ajudar você a pagar os remédios da sua avó...

- Não! Isso eu não aceito! – Digo rapidamente. – Você precisa do dinheiro. Não vou deixar você passando necessidade por minha causa. Eu me viro, Luke. Não se preocupe. Eu sempre me virei, você sabe muito bem disso...

- Sim, eu sei. – Ele aproxima-se mais ainda, tocando levemente meu ombro e acariciando-o. – Você é a pessoa mais forte que eu conheço.

- Luke, por favor, não. – Eu digo, vendo que ele continuava acariciando-me. – Eu não posso perder meu emprego e não quero fazer você perder o seu...

Autumn Leaves {hiatus} ☹Onde histórias criam vida. Descubra agora