Runaway

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Todos nós temos algum vício. Café, roupas, música. Existem vícios bem mais graves, vícios que formam o que você é. O que eu sou? Agora? Agora eu sou a garota que cansou de esperar.
Eu sinto toda a agitação que um fim de bimestre causa ao meu redor, e se eu não estivesse tão cansada, a agitação também estaria em mim. As pessoas correm de um lado para o outro, precisam terminar isso e entregar aquilo. Eu também, mas você já sabe a minha desculpa.
O meu vício não é o de ficar cansada, se foi esse o seu pensamento. Entretanto, foi assim que ele me deixou. Eu esperava demais, e isso é doentio. Não sei se você consegue imaginar, bom se não conseguir, mas as expectativas que eu criava eram inalcançáveis, e quem além de mim tem culpa nesses pensamentos malucos? Ninguém. E isso me machucava, porque eu queria mais. E isso o machucava, porque ele não sabia mais o que fazer. Eu tentei avisá-lo de que a culpa era minha, mas e daí? O estrago já foi feito. Sou aterrorizada e aterrorizante. Machuco-me e te machuco.
Eu tentei parar, estou tentando agora. Consegui por longos minutos enquanto estou aqui sentada no corredor da escola. Enquanto não há nada para esperar. Eles não param mais pra saber como estou, idiotas. Não é como se eu quisesse isso. É um vício, meu pior vício.
Agora digo que cansei de esperar e o que faço? Estou esperando. Esperando que o tempo passe depressa, esperando que tudo isso acabe e eu seja feliz para sempre. É demais? Eu nunca acho demais quando não cabe a mim fazer. Eu preciso ser a garota que faz. Não posso esperar que alguém faça por mim, acho que já entendi.
Levanto-me e corro, desejando que um dia eu seja mais que o esperado.

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