Encaro meus sapatos, sentindo o peso do mundo desmoronar sobre meus ombros. Katherine está sofrendo e eu me odeio por saber que parte desse sofrimento fui eu quem causou, ainda que não quisesse. Ontem, presenciei o ápice da sua dor desde que a conheci. Foi pior do que o fatídico dia em que fui anunciado CEO da Construtora e Kellan ousou tocá-la.
Katherine ruiu em meus braços e chorou como uma criança ansiando por colo e eu não pude acalmá-la. Não pude sequer ficar com ela durante a noite ou tentar explicar o que aconteceu. Ela está com raiva e precisa de tempo, mas sei que também precisou de um abraço e não havia ninguém lá.
Pedi para Will tentar lhe fazer companhia, entretanto, ela foi incisiva quando o mandou embora e deixou claro que precisava ficar sozinha para pôr seus pensamentos em ordem.
Fiquei no quarto de Will, em silêncio pelas últimas horas. Não consegui dormir mais que trinta minutos. Agora, são sete da manhã e estou sentado observando meus sapatos.
— Você a traiu? — o Campbell questiona, sentando-se no sofá ao meu lado — Porque se fez isso, você é um grande filho da mãe — seus olhos me encaram, as mãos juntas sobre os joelhos.
— Não — respiro fundo.
— O que aconteceu, então?
— Eu fui mais cedo para o escritório. Queria terminar todo o trabalho para poder levá-la para conhecer a cidade. Camile entrou na sala e veio com a mesma ladainha de sempre, sobre Kellan estar preso por culpa de Katherine. Eu me irritei com ela, disse que ela não consegue enxergar que o homem que ela ama é um canalha. Camile começou a chorar e eu me aproximei — dou de ombros — Eu abaixei a guarda, a Potter viu e me beijou. Foi nesse exato segundo que a Katherine deve ter surgido na porta e não viu quando me afastei de Camile. Um segundo foi suficiente para matar o meu casamento — observo Will, sentindo meus olhos arderem.
— Ben, talvez, quando a Katherine estiver mais calma ela te ouça e...
— Ela nunca mais vai confiar em mim, Will — ralho, colocando-me de pé — Eu devia estar com ela agora, mas estraguei tudo.
— Não tire conclusões precipitadas, ok? Explique-se e... O resto o tempo dirá.
— Ela não vai querer olhar na minha cara, Will! Você entende isso? Katherine vai me olhar do mesmo jeito que a Lucy olha para você — resmungo.
Will abre a boca, surpreso com o que acabei de dizer.
— O medo de perdê-la te apavora, Benjamin Underwood — ele ri com ironia.
— Eu não quis ser rude com você.
— Ah, você quis, sim. Eu te conheço, sou seu melhor amigo. Mas tudo bem — dá de ombros — Você ainda vai ser padrinho do meu casamento com Lucy Wilson. Anote isso.
— Eu queria ter a sua confiança — volto a me sentar.
— Minha mãe costuma dizer que quando amamos alguém de forma genuína, experimentamos um tipo de vulnerabilidade que nunca tivemos na vida. É normal se sentir vulnerável quando existe a possibilidade de perdermos quem amamos. Isso não anula nossa força, pelo contrário, é apenas uma certeza da força que nosso amor possui.
Reflito em suas palavras por alguns instantes e permito-me sorrir em seguida.
— Você decorou isso para dizer à Lucy, não foi?
— Isso é um fato, mas sou um amigo tão incrível que você foi o primeiro a ouvir — o Campbell sorri — De alguma forma, tenho fé que tudo acabará bem.
— É o que eu espero, Will.
Volto meu olhar em direção à porta. Meu coração acelera no peito apenas com a possibilidade de ser Katherine. O Campbell caminha e me observa antes de abri-la. Para meu desgosto, não é a minha mulher, mas Robert.
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Primeiro Amor • Livro 1 | Série Por Amor
RomanceKatherine Coleman vê sua rotina monótona dar uma reviravolta quando sua mãe é diagnosticada com uma rara doença crônica, fazendo-a caminhar sobre a linha tênue que há entre a vida e a morte. Com uma situação financeira delicada e mais exames e trata...