O tempo passava arrastado, desfilando por tique-taques irritantes. Um convite. Céu de estrelas, lua partida, ondas silenciosas. Mesmo assim, o cenário não era dos mais belos, não havia montanhas, nem florestas vestidas de névoa, nem mulheres de pedra. Num canto distante do mundo, alguém ainda aguardava que a sua profecia fosse cumprida. "Se não houver um terremoto sequer, com que cara eu vou acordar amanhã?" – talvez ele tenha pensado.
Meia-noite parece um horário místico, a transição da noite para a madrugada, um novo ano em contagem regressiva. Faltava pouco. Aliás, não faltava nada. A hora marcada já tinha virado passado.
Eu interagia e, ao mesmo tempo, estava alheia. Embriagada com os meus próprios pensamentos. Sim... E alguns goles de suco dourado, já que ninguém é de ferro. "Que horas são?", alguém perguntou para qualquer um responder. "Já passa da meia-noite!", gritaram do outro lado. E outra voz soou próxima a mim: "Ué? O mundo acabou e eu nem percebi?".
Ao microfone, agudos estridentes, fora do tom. O saxofonista não passou no teste. "Cortem-no, afinal isso daqui não é brincadeira!" E ali, os copos nunca estão metade cheia e há mãos sempre prontas para completar o que falta. Mas não existe falta, e sim excesso...
Excesso de risos, embriaguez, palavras nonsense... Como se o mundo realmente fosse explodir ao impacto de meteoritos e, tsunamis nunca vistas fossem se formar, engolindo os exagerados e os não tão exagerados assim.
A profecia não se concretizou e, no dia seguinte, o gosto amargo tomou conta da consciência tanto daqueles que não estavam nem aí, quanto dos que apostaram suas fichas na bondade imaculada da sua alma. Ah! Como somos boas pessoas!
Mas, ao final, uma voz que não queria calar cruzou a quase alvorada como um suspiro de alívio: "Pelo menos eu morreria aqui, entre amigos!".
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#300 Palavras
RandomCriatividade é a inteligência se divertindo. (Albert Einstein) Textos aleatórios - Exercícios de Escrita Criativa