Capítulo XI - Eddie: Terrível Surpresa

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Não consegui conter o riso após Jameson fugir correndo, a cara de espanto dele serviu para atenuar momentaneamente as preocupações, mas até mesmo durante essa pequena diversão eu sentia dores pelo corpo, e passado este breve momento a triste realidade permanecia, meu local de trabalho estava repleto de cadáveres. Não vi mais os policiais através das janelas, tentei telefonar, mas as linhas estavam mudas no telefone fixo e no celular.

Olhei novamente à minha volta, pensando em como a poucos instantes todos ali faziam planos para o final de semana na companhia de seus amigos e parentes, aguardavam ansiosos a hora de largar o serviço e encontrar seus entes queridos, fazer compras de natal ou tomar uma cerveja no bar e relaxar. Lembrei que haviam meses que tinha insistido com Jessie para que ela trabalhasse comigo, se ela tivesse concordado estaria comigo passando por aquele pesadelo, poderia até estar morta. Aliviado por ela estar em segurança, escrevi algumas mensagens de texto, quando o sinal retornasse seriam enviadas e ela saberia a verdade dos acontecimentos caso alguma coisa desse errado.

Eu ainda não sabia o que acontecia em todo o hospital, precisava encontrar ajuda com pressa, passei álcool na mordida, o ardor foi muito forte, coloquei o frasco com o restante na mochila e por precaução levei comigo o extintor, ele era a única coisa que eu poderia usar para me defender que encontrei naquela sala, então saí na esperança de encontrar os policiais no prédio.

Passando pelo corredor, pude ouvir sons vindos do banheiro, abri a porta e vi sangue espalhado pelo piso e paredes, um pequeno corpo irreconhecível no chão, os cabelos dourados manchados pelo mesmo vermelho escuro que tingia o local, seu ventre estava rasgado e um casal comia suas vísceras, o estranho é que tal cena não me pareceu absurda e chegou a despertar emu apetite. Os dois pareciam alheios à minha chegada, me aproximei com cautela, mas eles não reagiam à minha presença. Atingi o homem na cabeça com o extintor, ele caiu, mas logo se virou e foi novamente em direção ao corpo, me ignorando completamente. Não havia mais o que fazer ali, tive muito medo de que aquela fome saísse do controle e matá-los a pancadas seria difícil e desgastante, resolvi ir até a sala dos seguranças, talvez encontrasse uma arma.

Ao chegar, bati na porta, mas já suspeitava que não houvesse ninguém ali, era como se o incidente tivesse despertado instintos animais adormecidos, eu podia perceber a presença de pessoas pelo odor que elas exalavam, então sem hesitar eu arrombei a porta com minha arma improvisada, além de ter a esperança de encontrar um revólver, as câmeras me dariam uma boa noção do que acontecia no hospital.

A sala estava vazia realmente, fui até os pequenos monitores e apesar da baixa qualidade das imagens, foi possível perceber a extensão do que acontecia, haviam vários grupos daqueles zumbis atacando pessoas pelo hospital, ficou claro que o cerco policial era para mantê-los dentro do prédio e impedir que aquele horror alcançasse as ruas. As portas continuavam fechadas, as viaturas do lado de fora, mas não vi os policiais. Em uma das telas percebi que Phil tentava abrir uma porta quando foi pego por eles, não era possível fazer mais nada pelo segurança.

Continuei observando a ação daqueles monstros e foi neste momento que decidi que faria o que fosse possível para evitar que saíssem, queria proteger meus familiares e amigos, queria evitar que Jessie presenciasse aquela insanidade, então uma dúvida me atingiu em cheio como um soco no estômago... Eu me tornaria um deles? Se saísse levaria aquela praga para as ruas? Aquela fome crescente só poderia significar isto. Com esforço, suprimi estes mórbidos pensamentos, peguei botas e uma jaqueta dos seguranças, com isso teria alguma proteção, infelizmente não encontrei armas, provavelmente estavam trancadas no grande cofre ao fundo da sala. Guardei nos bolsos um maço de cigarros e fósforos que encontrei sobre a mesa, pensando na possibilidade de precisar incendiar alguma coisa.

Já preparado para sair, resolvi dar uma última checada nos monitores e por um momento minha respiração falhou, talvez até o coração tenha parado neste instante, eu não podia acreditar no que via nem entender como era possível, mas Jessie estava lá, dentro do hospital.


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